Calix

Trinta e Três

| America Singer |

Já se fazia um bom tempo que eu estava acordada. E incrivelmente, não foi o choro da minha filha que me acordou e sim, a claridade da lua que atravessavam pelas frestas das cortinas compridas e pesadas do quarto dele. Não reparei nos detalhes do quarto quando acordei, só lembrei de onde estava e depois fui conferir se ele ainda estava dormindo.

E ali estava ele. Um Maxon extremamente cansado e dormindo ao meu lado naquela cama enorme e confortável. Seus fios loiros de cabelo sobre seu rosto, o deixava com uma aparência de um menininho que acabará de chegar de uma partida de futebol e que caiu em um sono pesado. Suas sobrancelhas grossas estavam quase juntas por ele estar com a testa franzida, devido estar sonhando com alguma coisa. O envolvo com os meus braços deixando um beijo demorado em sua testa, a vendo se suavizar aos poucos. Ele não acordou.

Fiquei tentada a beijar aqueles lábios levemente rosados, mas apenas fiquei quieta e o observei dormir, enquanto tirava as mechas de seu cabelo da frente do rosto e deixava leves carícias pelo local onde meus dedos deslizavam. Ele não acordou com a minha ação, sendo que ele tem um sono leve. Mas a exaustão da viajem, o cansaço psicológico, os problemas que ele teria que enfrentar a partir de algumas horas e sobre o seu pai estar em coma, o deixava sobrecarregado de mais. E mesmo que eu e a nossa filha fossemos um peso a mais para ele, eu não estava arrependida da minha decisão. Ontem eu vi o quanto eles precisavam de ajuda e eu estava aqui para ajudar e não, para ficar parada vendo os outros fazerem o que tiver que ser feito enquanto eu ficava sentada e assistindo as coisas andarem dali para frente.

Ainda era de madrugada e não passava das duas da manhã. Eu não me lembro de que horas eu fui dormir, mas, provavelmente eu havia dormido por umas sete horas seguidas e sem ser interrompida. E agora eu estava com fome e nem sequer sabia como chamar alguém ou onde a cozinha ficava e eu não ousaria acordar o Loirinho para me mostrar a onde a cozinha ficava. Eu não iria interromper seu descanso por causa de mim.

Preguiçosamente, deslizei para fora da cama e calcei as minhas sapatilhas. O cômodo estava um pouco gelado, mas as roupas dele me mantinham aquecida e protegida do frio. Com a ajuda da luz do abajur acesa, consegui chegar até a porta para ver se havia alguém ali que pudesse me ajudar a chegar a cozinha. E agradeci mentalmente seja lá quem por ter dois guardas no final do corredor. Encostei a porta de vagar para não fazer barulho e caminhei até um deles, parando em sua frente.

— Senhorita. — Cumprimentou ele, fazendo um aceno com a cabeça.

— Érr, olá. Será que vocês poderiam me mostrar a cozinha? Estou com fome, não comi nada ontem. — Justifiquei, com medo deles acharem que eu fosse uma assassina em busca de uma faca para matar o herdeiro. Se bem que, a minha justificativa poderia ser uma desculpa. E meu estomago poderia reclamar agora, para me ajudar um pouco. — Ou alguém poderia trazer alguma coisa para eu comer, uma maçã já ajudaria.

— Pode esperar no quarto, vou pedir para que tragam algo para a senhorita.

— Vou esperar sentada em uma daquelas poltronas para não o acordar. — avisei, e os vi me olhando torto. Não entendi o motivo de suas caretas, então eu apenas agradeci e fui até o pequeno espaço aberto que ficava de frente para o quarto do Loirinho com demais alguém.

Me arrependi de não ter pego meu celular que eu havia deixado na mesinha de cabeceira ontem de tarde. Pois enquanto eu aguardava ansiosamente pela comida, que parecia demorar uma eternidade, mais eu ficava com fome. E para o tempo passar rápido, tentei não pensar nas caretas daqueles guardas. E eu não queria tentar nem os entender. Então, tentei pensar em outras coisas. O que não aconteceu, devido uma Brice assustada ter saído correndo do quarto em que estava e entrando rapidamente no quarto de seu irmão, deixando a porta aberta. Pensei em ir atrás para que a pequena não acordasse seu irmão, mas ela já teria acordado ele.