Quarenta

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Parado na entrada do quarto, observo Brice ir na direção de nosso pai e em seguida deitando-se ao seu lado. Minha irmãzinha entrelaça seus dedos pequenos com os dele enquanto um médico verifica sobre o estado de seu rei.

Ele ainda não me viu e eu ainda não tive coragem de ir até lá.

Meu consciente não me deixa chegar perto, pois eu achava que ele nunca mais iria acordar e isso pesa muito mais do que as minhas responsabilidades com o país. Eu o decepcionei em não acreditar em sua recuperação. Não queria ter feito isso. Sei que há muitas pessoas que levam anos para acordar, mas isso me deu muito medo. Ver alguém que você o ama em coma, é forte demais.

Ouço pessoas correndo pelo corredor e eles não são nada discretos com o barulho, e isso chama a atenção dele.

Clarkson ainda está bem pálido, mas está vivo. Está respirando e posso ver ele respirar sem ajuda de aparelhos, mas também dá para ver claramente que sente dor.

— Maxon... — Ele diz com a voz bem fraca e eu sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Meu pai tenta erguer seu braço como se fosse me alcançar e eu consigo finalmente sair de onde estou e se aproximar dele.

— Pai... — Falo com a voz embargada por causa do choro que começa a me dominar e eu o abraço, tomando o máximo de cuidado possível para não o machucar. — Eu pe-pensei... Eu pensei que nunca mais iria...

— Eu sei..., mas eu acordei. — Me interrompeu, falando baixinho no meu ouvido.

— Pai, senti tanto a sua falta.

— Acalme-se, estou aqui agora..., meu filho. — Sua voz era muito baixa e eu tinha que estar bem próximo a ele para conseguir entendê-lo.

— Não, pai. — Me separei dele com uma dor no coração e eu senti um aperto confortável das mãos de minha mãe em meu ombro. — Eu... Eu havia... Eu havia perdido as esperanças. Achava que o senhor não iria acordar nunca mais. Estou...

— Por que você achou isso, Max? — É Brice que me interrompe agora com o cenho franzido. — Eu disse que o papai só estava tirando umas férias.

— É, você disse mesmo. — Concordei com um sorriso nos lábios. Então ela se vira para o nosso pai com um sorriso muito mais enorme que o meu.

— Descansou, papai?

— Seu pai precisa descansar mais, alteza.

— Mas ele já acordou. — Rimos com o que a minha irmã disse e meu pai gemeu de dor quando ela voltou o abraçar mais apertado. — É, tem razão, doutor. Papai precisa descansar ainda.

Nosso pai a olha com um sorriso paterno para sua pequena. E um balbuciado de bebê o faz olhar para além de mim, para o pessoal que estava atrás.

Sorrindo, me viro para o pessoal que estão atrás e caminho até ela, pegando a minha princesinha no colo e estendo a mão para a minha companheira. America entrelaça nossos dedos e com passos cautelosos, ela se aproxima de meus pais. Acompanho o seu ritmo para tentar não a deixar ainda mais nervosa.

Minha mãe mantém firme o aperto de mãos entre ela e seu marido. E agora, a mesma esboça um belo de um sorriso para ele. Meu pai sorri também. Não é bem um sorriso, mas traços de que ele está sorrindo, já que ele mal consegue respirar sem fazer uma careta de dor.

— Pai, sei que não é um momento adequado, mas gostaria que conhecesse alguém, sua nora e sua neta. — Com a mesma felicidade que ele olhava para a sua esposa, ele olha para a minha namorada, que agora está com uma postura mais ereta e com as mãos ao lado do corpo, e olha para a bebê que eu segurava.

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