#Capítulo 8

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Depois de dois dias sem vem ver aquele garoto chato que só me rodiava e de tentar fazer com que a Mel pare de falar nele um minuto foi difícil, mas consegui aguentar até ela desistir.

Não sabia o que vestir, é sempre assim quando chega sexta eu não tenho nada que me agrade. Vesti uma bermuda jeans rosa, uma regata branca, o tênis e mais nada.

- Tá ótimo, nas sextas eu uso qualquer coisa mesmo. - digo me olhando no enorme espelho na parede.

Quase não comi, queria viver a Mel logo, parece que somos amigos à anos porque a gente não desgruda.

Quando chego na porta da sala recebo uma mensagem da Mel, escrita:

Desculpa amigo, mas acordei gripada e não tem como eu ir nesse estado, semana que vem eu te recompenso por te deixar sozinho, beijo anjinho.

- Que merda!!! Sério? A manhã toda sozinho? - digo irritado.

E o professor entra uns minutos depois e trás um aluno transferido e o garoto se apresenta timidamente e nervoso.

- Olá, sou o Kayle, bom dia à todos. - o professor pede para aplaudir em boas vindas.

Kayle, 15 anos, é pardo, cabelo crespo, cacheado e preto, baixinho, 1,65 talvez, olhos castanhos, magro, com tudo no lugar.

- Você pode sentar alí. - apontando para o lugar vago à minha frente.

Ele vem com os olhos fixos em mim e desvio o olhar dele e antes dele se sentar e dá um sorriso simpático e retribui sem graça fazendo o gesto e os demais soltam: "Hmmm"

- Silêncio. - diz o professor com autoridade.

Ele tem uma mochila que me chamou atenção, será que gosta das mesmas coisas que Mel e eu? Ele abriu o caderno e vi algumas coisas escritas em Hangul, o seu próprio nome. Ele tentava me chamar atenção me pedindo caneta ou borracha, mas não dava muita atenção, até que ficamos com aula vaga e puxei assunto. Ele é super gentil, engraçado, fofo, tudo em uma só pessoa.

- Por que você esta sozinho? - pergunta ele.

- É só hoje, minha amiga faltou por está doente.

- Entendi, vocês são amigos à muitos tempo?

- Não, nos conhecemos no primeiro dia de aula, mas parece que é anos mesmo, você tem que conhecê-la, é um amor de pessoa.

- Estou ansioso, já que não tenho muitos amigos. - disse um pouco triste. - Todos na minha antiga escola me tratavam como um estranho por me assumir gay, por isso estou aqui.

Ele não demonstrava em nada, a voz era grave pra alguém com apenas 15 anos, o cabelo arrumado, as roupas e assessórios legais.

- Como você tomou a decisão de se assumir? - perguntei curioso.

- Quando eu soube que eu sou assim e ninguém vai me mudar.

- E você?

- Eu não passei por essa fase de descoberta e definição da sexualidade.

- Eu já passei por isso, você não sente nada por ninguém até chegar aquela pessoa que vai mexer com seu coraçãozinho - disse ele rindo. - Eu vou pra biblioteca, você vem?

- Não eu vou dar uma volta pela escola e ouvir K.will.

- Música de apaixonado, sei.

- Eu quis dizer Hyun-A - ele rir mais ainda - até mais fofinho.

- Bye.

Andei pela escola e fiquei em um lugar longe de todos, mandei mensagens pra Mel falando do aluno novo e alguém me interrompe.

- Qual é viadinho? - era os amigos daquele chato.

- Me deixe em paz. - falei assustado e virando as costas para eles.

- Volta aqui, vamos conversar, vimos o jeito que você olhou pra gente outro dia, achou nós dois bonitos?... - e alguém interrompe.

- Deixe-o em paz, não ouviu ele pedir? - é o perseguidor.

- Qual é, cara? Vai defender esse viadinho?

- Se chegarem mais perto eu acabo com vocês! - disse ele com fúria e firmeza na voz.

- Você não era assim, Patrick, deve esta se tornando um também! - saíram correndo ao ver os punhos dele cerrados.

Ele se vira pra mim e começo a chorar, nunca tinha acontecido antes, não que eu lembre, estava apavorado, agachei e chorei.

- Desculpe por aquele idiotas, você está bem? Quer que eu os denuncie por bullying? - pergunta ele preocupado.

Não conseguia responder por causa dos soluços.

- De nada! - grita ele enquanto me levanto e saio correndo.

Vou direto ao banheiro e contínuo a chorar e não consigo parar.

Quando consigo me acalmar, lavo o rosto e digo a mim mesmo.

- É o pior sentimento do mundo.

Mando mensagem pra Mel falando que estou indo pra casa dela.

Enquanto estou no táxi aviso a mamãe que estou indo pra lá e pra ir me buscar depois do trabalho. Ao entrar no apartamento vou direto ao quarto dela e me deito com ela abraçando e ela percebe o nervosismo.

- O que foi meu anjo? Você está com os olhinhos tristes.

- Lembra dos amigos daquele chato? - digo com tremor na voz.

- Os que riram de nós no refeitório? Sei.

- Eles me chamaram de viadinho. Não sei o que mais fariam se o Patrick não tivesse aparecido. - falei quase chorando outra vez.

- Nossa amor, que horrível. Alguns garotos acham que são superiores e praticam bullying com os mais frágeis, quero ver se tem coragem de fazer o mesmo com alguém do segundo ano e fora da escola, pra ver se são tão machos assim. - ela fez aspas no ar em machos. - continua falando amor.

- Ele me defendeu falando: '' Se chegassem mais perto iria acabar com eles''. E os garotos saíram correndo o ver os punhos dele cerrados.

- Nossa que fofoca! Eu te disse que ele iria te proteger, mas continua. - diz ela segurando um outro tipo de comentário meloso que só ela faz.

- Depois eu saí correndo e fui para o banheiro e depois te mandei a mensagem.

- E o cara novo, onde estava?

- Estávamos em aula vaga e ele foi pra biblioteca.

- Amigo se acalma, naquela escola só tem idiota, esquece isso. - diz ela me abraçando e secando uma lágrima que descia.

- Não sei o que seria de mim se não tivesse te conhecido.

- Anima ai, amanhã a gente vai sair e fazer compras, pegar um cineminha e ficar de bobeira, OK?

- Preferia ficar em casa me enchendo de sorvete, mas você me tiraria de lá, então que escolha eu tenho?

- Nenhuma! Esse fim de semana eu que mando.

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