#Capítulo 48

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O mês termina, Vítor consegue ir à escola, mas continua muito triste. Patrick nos implorou pra não fazer nada no seu aniversário, não quer comemorar com poucas semanas de ter perdido um amigo. Convenci ele a ficar só nós dois na minha casa assistindo maratonas de filmes.

- Bem melhor passar esse dia com você.

- Já que vai ser num dia de domingo, você fica dois dias comigo.

- Vai ser o melhor aniversário que já tive. - diz me abraçando.

Ver todos desistindo de tudo e mudando de planos é frustrante, me senti como se não tivesse tentado fazer nada.

- Oi Mika. Mika? - diz Vítor secando os olhos.

- Desculpe, oi amor, você está melhor?

- Eu nunca vou estar, eu perdi uma das pessoas que eu mais amei de verdade.

- Você lutou tanto pra ficar com ele e alguém o tira de você.

- Ele me disse uns dias antes que se um dia esses problemas que ele estava passando tiver um fim, eu poderia ir morar com ele. Íamos casar com apenas 17 anos. Foi a melhor noticia que recebi. - e volta a chorar - Eu queria que ele estivesse consciente para ele me ouvir dizer "eu te amo" mais uma vez.

- Ele sempre vai saber disso. - ouço o Patrick chamar para irmos.  - Desculpe, tenho que ir, mas tenta se distrair um pouquinho. - dou um abraço bem forte.

- Vou tentar, obrigado.

A semana acaba, na sexta faltamos outra vez e tiramos Vítor de casa sem avisar que estávamos indo buscá-lo. Finalmente, ele fica um dia inteiro sem chorar, mesmo falando de coisas engraçadas que Kayle fazia. Lembrar das melhores coisas é o que fazia a pessoa especial.

No sábado, compro tudo para os dois dias que ficarei com Patrick, quero que seja bem divertido, já que a festa foi cancelada. E às 11 ele chega com sua mochila de roupas.

- Oi anjinho. - vi que estava um pouco triste e simplesmente o abraço.

- Entra.

- Eu estou mal hoje pelo Vítor, ele enfrentou a timidez para ficar com quem ele amava e agora acontece isso, o mundo é tao... - depois de minutos em silêncio.

- Eu sei amor, falei isso pra ele esses dias, mas hoje não é o dia pra falar disso, por favor, se ficarmos sofrendo por tanto tempo ele não passa para o outro lado da vida. - disse segurando as lágrimas.

- Tem razão, vamos fazer o que? - diz limpando o rosto.

- Eu não queria fazer isso, mas vamos jogar o PlayStation que o Marcos me deu. - digo revirando os olhos.

- Sério?

- É sim, se você colocar um sorriso no seu rostinho, eu faço isso por você.

Peguei a mochila e subi para o quarto, enquanto pegava a caixa, pensava de como é horrível ver todos sofrer por algo que você devia ter tentado mais.

- Tudo culpa minha!

Volto para a sala e ficamos a tarde toda jogando e comendo besteira. Quando a noite chega mamãe se junta à nós e fingimos estar tudo bem.

- Desculpem, mas cansei de ganhar de vocês, vou dormir. Boa noite.

- Vamos ver filmes agora? Cansei de jogos.

Assistimos três filmes de terror seguidos.

- Eu quero ver um mais tranquilo. - diz Patrick.

- Está com medo? - ele dá de ombros e sorriso - Ta bom.

Ele coloca um romance: A culpa é das estrelas. Quando o filme está no meio, faço uma pergunta que o assunta.

- Amor, o que você faria se eu tivesse uma doença que me matasse um dia?

- Que pergunta é essa, amor? Eu faria de tudo pra você ficar bem, mas porque isso?

- Nada, eu só fiquei pensando na história do filme. - digo tentando disfarçar.

- Sei, mas não fala disso, que eu não consigo me imaginar sem você. - diz me abraçando forte e me dando o rosto.

Queria dizer a ele, mas não tive coragem, acho que sou igual a minha mãe: fraco.

No dia seguinte, acordamos tarde, mamãe não estava em casa, mas deixou um bolo decorado com velas e um bilhete.

"Aproveitem! Considere como um presente. Feliz aniversário!"

Depois de mais uma tarde de filme e jogos, ele foi pra casa um pouco desconfiado com minha pergunta de ontem.

- Dá pra me explicar o porque daquela pergunta? Você me assustou.

- Foi uma pergunta estúpida, esquece. Não se preocupe.

Ele me beija demoradamente e no meu ouvido fala baixinho e fala me abraçando.

- Promete nunca falar isso pra mim?

- Prometo.

Depois de horas sozinho, fico pensando sobre continuar perto da minha mãe. Pego o celular e faço uma ligação que nunca achei que faria um dia.

- Pai? - digo a palavra que nunca pronunciei.

Amor PositivoOnde histórias criam vida. Descubra agora