Curiosidade

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O restante da tarde transcorreu o menos constrangedor possível. Os senhores Odebrecht tiveram que saírem, e a babá Melinda os acompanharam para cuidar de Ana Clara. Lucas estava no seu quarto, recusara mexer no computador e ficou apenas assistindo TV mudando os canais com o controle, entediado por não encontrar nenhum programa divertido para se distrair. David e seus amigos haviam saídos de carro, e ele ficou se sentindo sozinho na mansão, fora os empregados que estavam ocupados em seus serviços.

Lucas desligou a TV e rolou na cama, de um lado a outro. Lembrou de verificar a caixa de mensagem do seu celular para ver se havia uma ligação do seu pai, mas não havia nenhuma.

Ficou pensando no que havia dito para sua mãe poucas horas e ficou arrependido, mais tentou esquecer. Insatisfeito, resolveu sair do seu quarto, e perambular pelos corredores da mansão. Passou ao lado de uma porta e a curiosidade o fez ver o que havia atrás da porta. Girou a maçaneta e constatou que estava aberta. Teve a certeza que era o quarto de David, e entrou. Caminhou inseguro, sabendo que não podia estar ali e abriu uma porta de correr embutida na parede. Era um closet bem espaçoso, com muitas roupas de grifes, espelhos e estufas para sentar. Fechou-a e saiu antes que alguém o visse ali, e as coisas ficassem complicadas.

Lucas passeou pela mansão, cumprimentando alguns empregados, parando para conversar com outros, e em fim, conheceu a dona Sonia, a cozinheira da mansão.

Experimentou alguns doces, e aprovou-os todos. Sonia disse que logo mais a janta seria servida, que a família costumava se reunir as 18h00. Era quinze para as cinco da tarde quando ele preferiu pegar umas mudas de roupas limpas e ir tomar um banho.

No banheiro preferiu tomar banho na banheira, e ficou por longos minutos relaxando-se na água quente, e espumada. Saiu dali, enxugando na toalha e vestindo suas roupas simples. Arrumou o cabelo, e desceu para a sala de visitas a esperar pelos outros.

Ficou ali sentado no sofá, recusando alguns agrados dos empregados que as vezes vinham vê-lo se precisava de alguma coisa ou se queria comer e beber algo. Lucas caminhou para a estante e pegou um livro, começou a folheá-lo, quando distraído uma foto cai de dentro das páginas do livro ao chão, e ele rapidamente se curva para pegá-la, e escuta um assobio por trás, se endireitando e virando assustado.

Era David que havia chegado à sala, e estava de bermuda e sem camisa, gotas de suor escorriam pelos gomos de sua barriga sarada, e bronzeada de sol.

— D-desculpe eu estava aqui vendo esse livro... — Lucas tentava se explicar, e envergonhado colocou o livro de qualquer jeito na estante e foi saindo.

— Acho que está esquecendo da fotografia na sua mão — avisou David, e estendeu a mão para pegá-la.

— É mesmo, nossa, me distraí, desculpe novamente — se adiantou e entregou para ele. Ficou parado por alguns segundos, admirando ele, quando David estalou os dedos, o fazendo voltar ao presente, e Lucas ficou mais ainda envergonhado.

David riu, se jogando no sofá.

— Não quero ser indelicado, mais você tem namorada?

A pergunta deixou Lucas sem graça.

— Não, eu não tenho.

David o avaliou e cruzou os braços atrás da cabeça, e foi mais profundo.

— Não tem porque não quer, ou porque não gosta?

Lucas sentiu as pernas amolecerem com a pergunta dele, e teve vontade de sair correndo da sala, mas não podia fazer isso.

— Porque eu não quero — respondeu sentindo se corar.

David suspirou parecendo aliviado.

— Menos mal pensei que fosse viado pela forma que ficou me secando com os olhos há poucos instantes.

Aquilo fez Lucas sentir uma dor na boca do estômago e riu sem graça.

— Desculpe mais é que às vezes sou meio desligado.

David então provocou.

— Mas se caso for é só não se curvar na minha frente, porque não respondo pelo que pode acontecer, entendeu? — Lucas o olhou assustado, e David riu da cara dele. — Relaxa, estou te zoando carinha.

Lucas riu nervosamente e saiu da sala. 

O Filho da BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora