O aviso

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O carro de Felipe adentrou a propriedade da família Odebrecht após ter o acesso permitido pela câmera de segurança, e estacionou.

— Prontinho — disse ele e tirou o cinto de segurança. — Vou descer e me ajuntar com o pessoal.

Lucas não respondeu, tirou o cinto também, e abriu a porta. Felipe contornou o seu carro e parou de frente a ele.

— Bem, obrigado pela carona — murmurou Lucas acreditando que ao dizer isso ele ia se afastar e deixa-lo prosseguir seu caminho. Mas Felipe não se moveu. — Quer que eu pague pela corrida? — tirou a sua carteira, e ia abrindo-a.

— Não sou motorista da Uber — disse ele fechando a carteira de Lucas e abaixando a sua mão. — Só quero que me desculpa pelo que fiz, pelo que falei.

Lucas relutou, virou o rosto para o lado, e impaciente respondeu.

— Você me deixou chateado Felipe, nossa, como me deixou, preciso pensar, ok?

— Tudo bem, vou esperar — sorriu sem graça, e ao virar para sair, sentiu a mão de Lucas segurando seu antebraço. — Já estou desculpado?

Lucas riu do rosto de surpresa que Felipe fez.

— Não quero mais que faça aquilo comigo, entendeu? — Lucas beliscou seu braço, e Felipe o encolheu gemendo e esfregando a mão nele.

— Ai isso dói sabia? — e ele tentou beliscá-lo, mas Lucas correu rindo, enquanto Felipe o seguia na brincadeira. Os dois se afastaram para mais perto do jardim, e Felipe parou a um pé de rosas vermelhas, com cuidado arrancou uma rosa. — Lucas pra você.

Lucas sorriu, e pegou-a com cuidado, cheirando-a.

— Você é muito romântico, ou está fazendo isso para se desculpar por completo — comentou.

Felipe coçou a cabeça, pensativo.

— Talvez as duas coisas.

— Besta — riu ele.

Felipe olhou para os lados, e ouviu os gritos de algazarra dos amigos a distância.

— Eles devem estar na piscina, vou lá, espero poder vê-lo mais Lucas.

— Obrigado Felipe, e vou pensar no seu caso, tá? — se fez de difícil, arrancando uma risadinha de Felipe que se distanciou dele, e Lucas suspirou, abaixando a rosa, e pensando se estava fazendo o certo, em dar uma chance a Felipe.

Em fim ele sabia que teria coisas mais preocupantes pra ocupar sua mente, e correu para dentro da mansão. Deslizou quase caindo no piso extremamente límpido que chegava a reluzir.

— Hei cuidado menino — um dos empregados da mansão o advertiu quando passava por ali. Lucas o reconheceu, era um homem na faixa dos 30 anos, ou menos, que vira na noite com o mordomo quando apareceu a cobra em seu quarto, mas agora ele podia observar melhor sua aparência, e era um belo rapaz, formoso e vistoso.

— Desculpe senhor, eu estava com pressa, não percebi que o chão estava encerado — se desculpou sem jeito, e sentindo intimidado pelo olhar severo do homem, caminhou como se pisasse em ovos, até se ver longe dos olhos do empregado e começar a correr novamente, passando cômodo por cômodo, evitando em esbarrar nos móveis e ser chamado a sua atenção novamente por um dos empregados.

O mordomo Alfredo realinhava a moldura de um quadro na posição retal, quando olhou para Lucas que parou de correr.

— O senhor precisa de algo? — perguntou a ele fazendo uma postura submissa, o qual deixava Lucas toda vez desconfortável.

— Não... quero dizer, eu queria encontrar minha mãe, será que sabe onde ela está?

O mordomo respondeu todo rígido.

— A senhora sua mãe não está em casa, ela saiu com o sr. e a sra. Odebrecht — Lucas ficou desapontado. — Mais alguma coisa senhor?

— Não... não obrigado — Lucas deu uns passos para trás e virou dando a cara no peitoral do jovem David, e desequilibrou caindo sentado no chão. O mordomo não mudou sua postura rígida ao se aproximar dele, e se curvar para pegar a rosa que caíra a um metro de distância dele.

— Tome senhor — Lucas se levantou sozinho e pegou a rosa envergonhado.

— Obrigado — e procurou sair dali para não acontecer acidente maior, mas David estava colado ao seu lado. — Desculpe se bati em você.

David se divertia vendo-o envergonhado.

— De quem é a rosa?

Lucas engoliu seco, não poderia revelar que quem deu a ele foi Felipe, se não...

— Eu tirei do jardim, achei bonita.

— O jardineiro é muito ciumento com as rosas, sabia?

Lucas parou e David sorria.

— Será que aqui todos são ciumentos?

David o encarava com curiosidade, e Lucas percebeu que excedera na sua defesa.

— Meu pai disse que você tinha saído — Lucas confirmou com a cabeça. David cruzou os braços. — E se divertiu?

Lucas deu de ombros, parecendo indiferente.

— Foi normal — respondeu ele. — E você está se divertindo bastante com seus amigos?

— Não muito, porque o um deles não estava presente... — retrucou sem piscar para Lucas, que forçava um sorriso.

— Mas agora ele está de volta e da pra aproveitar bastante o dia ainda — avisou-o, mas David fechou o semblante.

— Eu vou ser sincero com você, não quero vê-lo na minha casa abrindo as asinhas pra cima dos meus amigos, está avisado?

Lucas ergueu as sobrancelhas, com certa surpresa e sorriu atrevidamente.

— Bom, eu vou anotar isso na minha agenda e lembrar-me da próxima vez quando um de seus amigos vier me chamar para dar uma volta, está bem assim, garotão? — finalizou tocando o seu dedo indicador no peitoral de David, que reagiu a provocação segurando seu dedo com força, fazendo Lucas gemer de dor.

— Não me provoque garotinho...

— Nossa você não aceita brincadeira? — reclamou ele quando teve seu dedo solto, e viu David sair irritado. — O pessoal daqui está precisando de maracugina urgente eu hem...


Nota do autor: 

Este capítulo foi postado hoje às 6 da manhã, contudo só tinha até agora 14 votos e 46 leituras, o que deve ter ocorrido um problema e a notificação não chegou a todos os leitores. Aos que já leram e votaram e comentaram, peço desculpas. deixem seus votos e comentários novamente, obrigado. Amanhã capítulo as 6 da manhã. 


O Filho da BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora