Vingança

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Felipe estava na piscina com seus amigos. Havia pegado um short emprestado, e participava da zoeira dos amigos. Não fora questionado por eles por sua ausência, já que todos estavam alegres e só queriam farra no momento.

Hélio saiu da piscina, sentou na borda enquanto a água escorria pelo corpo, e Gabriel nadou até próximo a ele, se apoiando na beira da piscina.

— O que foi Helinho, já cansou é?

Hélio esticou a mão e empurrou Gabriel na cabeça, o fazendo afundar e soltou. Gabriel ressurgiu à superfície e puxou-o pelo pé, fazendo-o voltar à água.

Paulo ria e Felipe olhou de lado, observando seu amigo se aproximar.

— Cai dentro David! — gritou Paulo, e David começou a correr e pegando impulso se atirou como uma bola de canhão, espalhando água para todos os lados, molhando as roupas dos seus amigos nas cadeiras.

David ressurgiu à superfície, balançando a cabeça rapidamente, e nadou próximo a Felipe que se flutuava apoiado numa boia.

— E aí fujão, voltou foi? — perguntou David e empurrou Felipe pelo ombro, o que poderia ser apenas uma brincadeira, mas Felipe notou que ele estava segurando sua raiva.

— Estou aqui não é David — devolveu o empurrão, e David o encarava forçando um sorriso de que tudo estava bem, mas não estava. — Quer conversar amigo?

— E nós temos algo pra conversar Felipe? — perguntou se fazendo de surpreso, enquanto seus amigos estavam dispersos do diálogo dos dois no meio da piscina.

— Olha eu sei que está chateado por eu ter saído sem dizer nada, mas não é pra tanto assim — justificou-se. — Como se você nunca tivesse saído no meio de alguma festa sem me avisar e deixar eu lá esperando por horas sem você aparecer, lembra da festa da Sheila, no ano passado?

David defendeu.

— Mas naquela noite eu já estava de porre, e na companhia da prima da Sheila — lembrou-o. — A casa estava cheia, empilhada de convidados, e só o que lembrava era aquela gostosa me arrastando para fora, entrei no seu carro e partimos, acordei você bem sabe onde, porque fui eu quem ligou para você me pegar.

Felipe ouviu e riu, lembrando-se do dia.

— Então estamos quites, não precisa ficar mais bolado por isso David.

— Cara, você estava com o Lucas, por quê? — David expulsou as palavras que estava entalada na garganta. — Ele não faz parte da nossa galera, não quero que ele pense que vai fazer parte de nós, ele é apenas o filho da babá da minha irmãzinha, daqui alguns dias vai embora.

Felipe ouviu, e pareceu concordar.

— Sim eu sei David... talvez eu fiz mal em convidá-lo para dar uma volta, sabe, me senti meio que com remorso por ter participado daquela brincadeira da cobra com ele, que queria recompensá-lo, sei lá, mas você está certo, não quero dar a ele expectativas de ser um de nós.

Lucas estava parado no piso do lado de fora, a dois metros, chocado ouvindo a declaração de Felipe.

David olhou para sua direção, e Felipe seguiu seu olhar, e percebeu que David sabia que Lucas estava ali alguns minutos ouvindo tudo.

— Está tudo bem Felipe — disse Lucas desapontado. — É melhor assim — e se virou lentamente saindo.

Felipe se virou furiosamente contra David que àquela altura estava nadando de costas, apenas esboçando um sorriso vingativo.

— David isso que você fez... — murmurou de ódio, e David afastado dele uns dois metros disse cinicamente.

— Isso que eu fiz o quê? Foi você que disse que o usou, para se sentir menos culpado, o que eu tenho haver com isso?

Paulo saltou no meio deles, e ressurgiu sem saber de nada que estava acontecendo entre os dois amigos.

— Caramba está ficando quente, vamos sair hoje à noite, que tal hem? — perguntou ele para os dois amigos que se encaravam. — Olá pessoal, estou falando com vocês.

Felipe resmungou nadando para fora da piscina.

— Eu estou cansado... vou pra casa e não vou sair a noite.

David abriu os braços quando Paulo o lançou um olhar sem entender nada.


O Filho da BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora