David foi receber os amigos, disfarçando sua insatisfação na partida que tivera com Lucas.
— Bando de imbecis, pensei que não iam mais chegar — os amigos riram, cumprimentando David.
— Sabe como é — disse Hélio. — Atrasamos no caminho.
David riu.
— Sei... sei sempre existe um atraso.
Felipe olhou para Lucas que estava deixado de lado.
— David não vai apresentar seu mais novo amigo?
Lucas olhou Felipe e resolveu sair da quadra, mas no momento que girou os calcanhares para sair, David, assobiou chamando sua atenção.
— Lucas, chega aqui — ele decidiu não bancar o chato e foi até o grupo. — Meus amigos vão pedir desculpas pela brincadeira daquele dia.
Hélio, Paulo, Gabriel e Felipe se desculparam.
— Cara, foi mal por aquele dia, vacilamos com você, desculpa aí tá?
Lucas assentiu e apertou a mão de Gabriel, depois a de Paulo, seguindo a de Hélio e por último Felipe, que segurou um pouco mais a mão de Lucas antes de soltá-la, deixando ele com uma sensação estranha.
— Tudo bem rapazes, eu desculpo cada um sem problema — finalizou Lucas. — Agora que vocês chegaram eu vou indo.
David não impediu e nem tentou convencê-lo a ficar, deixando ele se afastar.
— Mas diga aí, como seu pai está? — Hélio perguntou.
David parou de olhar Lucas e deu atenção ao amigo.
— Ele anda bastante entretido, não vai invocar com vocês — informou ele. — Mas temos que nos conter e não zoar com o filho da babá, entendeu?
— Poxa, isso é tão chato — brincou Paulo. — A quem vamos fazer de saco de pancada então?
Os outros riram, menos David e Felipe que se entreolharam por um pouco de segundo.
— A Camila está aqui também? — perguntou Felipe a ele. David balançou a cabeça.
— Não, ela não veio hoje.
— Mas vocês dois estão bem?
David não parecia querer seguir naquela conversa com o melhor amigo.
— Sim nós estamos — respondeu. — Vamos sair desse sol e ir para o salão de jogos.
Os amigos acompanharam David e lá sentaram nuns sofás espalhados pelo ambiente aberto sem paredes, com a vista pelo quintal num giro de 360º grau. Lucas estava sentado debaixo de uma árvore, encostado as costas no tronco dela, sem nada para fazer.
Os amigos de David atacaram o frigobar e cada um tirara uma garrafa de Budweiser bem gelada, abriram e deram um gole refrescando-se do calor.
— Felipe você está de regime é? — Gabriel perguntou, rindo.
— Esqueceu que eu é que dirijo? — ele afastou dos amigos que bebiam e riam numa conversa sobre a última festa que saíram juntos, e David se afastara para preparar a mesa de sinuca.
Felipe começou a caminhar como se não quisesse nada com nada, até que estava próximo a árvore em que Lucas estava absorto em seus pensamentos. De repente Lucas percebe um movimento atrás de si, e ao virar-se viu que era Felipe.
— Oi.
— Oi Lucas — Felipe se aproximou ficando debaixo da sombra da árvore. — Está tão sozinho por quê?
Lucas deu de ombro.
— Eu gosto de ficar sozinho às vezes.
Felipe sentou ao seu lado.
— Às vezes é bom né? O sossego, a paz interior, ajuda para manter-nos focado em algo que desejamos — disse ele, e Lucas o olhou com interesse.
— Eu não sabia... você faz isso é?
Felipe riu, jogando cabeça de lado.
— Parece coisas de mulher, mas, eu já pratiquei Ioga, mas ultimamente minha vida anda desenfreada, sem controle, e só estou fazendo besteira — confessou.
Lucas o ouvia atentamente, e depois forçou um sorriso, desviando seu olhar de Felipe para um ponto longe e qualquer.
— Entendo... eu bem que precisava praticar mais disso para ter mais alto controle... estou precisando muito — comentou.
— Jura? — Felipe se fez de surpreso. — Olhando assim para você de primeira vista, parece ser um garoto calmo, tranquilo e que não permite sair da zona de conforto... Oh, desculpe-me se por ser intrometido — disse depois que Lucas olhou de volta para ele. — Às vezes eu tenho esse defeito de querer ver a alma nos olhos das pessoas.
Lucas ficou admirado pelo julgamento de Felipe.
— Tudo bem, não precisa se desculpar, eu sou bastante calmo e sim, fiquei muito tempo na zona de conforto, mas eu bem... não sei mais, queria sair dele, ser alguém diferente, entende? — desabafou.
Felipe balançou a cabeça.
— Claro que sim, e é normal você querer isso, todos nós desejamos evoluir, procurar o nosso "eu" interior no qual não percebemos que existe, mas acredite, ele está aí dentro de você, desesperado para sair e se mostrar.
— Nossa, você falando assim... — dizia Lucas e depois parou e desviou o olhar dele para onde a rizada estava mais alta, e os amigos de David agora estavam de pé, gesticulando com as mãos contando suas histórias. — Vocês sempre andam juntos?
Felipe olhou para os amigos que não deram por sua falta ainda.
— É minha ação de caridade — ele fez Lucas rir. — Mas são bons amigos, um tanto idiotas, mas são os que tenho até o momento.
Lucas suspirou.
— Idiotas ou não, é melhor do que não ter.
— Você tem poucos amigos Lucas?
Lucas refletiu um pouco.
— Até tive, mas deixei para trás quando mudei para ir morar com meu pai, e acostumei a ficar com ele em casa, curtindo a TV — riu, e depois ficou triste.
— Poxa, sei como deve ter sido difícil para você, mas saiba que a partir de agora, se quiser, terei o prazer de ser seu amigo — se ofereceu.
Lucas olhou para ele surpreso.
— Sério?
Felipe se pôs de pé e estendeu a mão para ele.
— Vamos.
Lucas aceitou sua mão e foi puxado por ele.
— Para onde?
— Dar uma volta, pode ser? — sugeriu. Lucas soltou de sua mão, e ficou em dúvida. — Moro no mesmo condomínio, a alguns quarteirões daqui.
— Eu não sei... você quer mesmo sair daqui? — Lucas estava indeciso.
— Acredite, vai ser melhor que passar as horas debaixo dessa árvore — riu, e Lucas decidiu.
— Tudo bem, mas vou avisar minha mãe e o senhor Olavo que irei dar uma volta.
— Concordo, eu vou avisar os meus amigos — Lucas ficou preocupado.
— Mas será que eles não vão achar ruim?
Felipe riu.
— São meus amigos e não meus namorados Lucas.
Lucas ficou sem graça e mordeu os lábios.
— Sim, claro, vou avisar e já volto.
Felipe o viu se afastar e ir em direção oposta, e ele foi por outra direção, contornando a mansão longe de ser visto pelos amigos e ficou encostado em seu carro, de modo que viria Lucas sair da casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Filho da Babá
RomanceLucas é um jovem de 18 anos que mora com o pai, mas tem que passar as suas férias letivas na mansão dos patrões de sua mãe, que é a babá da filha caçula de 3 anos da família Odebrecht (sim a mesma família polêmica da corrupção) nisso Lucas sem alter...