Estátuas

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Todos estavam reunidos e para ficar mais interessante, a sra. Odebrecht pediu que alguns dos empregados participassem também. Um deles foi à empregada Antônia e o mordomo Alfredo.

— Pessoal é simples a brincadeira, um de nós vai contar enquanto todos vamos nos esconder em algum lugar da casa, menos nos quartos dos empregados, e quem for sendo achado terá que esperar na sala até que todos tenham sido descobertos — explicou a sra. Maria Lurdes empolgada.

— Tudo bem, mas quem será o primeiro a procurar? — indagou a empregada Antônia.

Lucas levantou o dedo.

— Posso começar?

Todos aceitaram.

— Muito bem, você começa a contar até 50 enquanto vamos todos nos escondermos — disse Maria Lurdes. — A sua mãe irá se esconder com Aninha de resto todos vão ser separados.

Camila cruzou os braços entortando a boca. David esfregou as mãos ansiosamente.

— Demoro, vamos começar logo e aviso que não vai me encontrar fácil hem?

Lucas mordeu os lábios. Ele podia estar certo, já que não conhecia a casa toda.

Deu início a brincadeira e Lucas começou a contar. Todos saíram em diversas direções. O senhor Olavo foi por um corredor em direção à cozinha. O mordomo abriu uma porta e sumiu por ela. David saiu tão depressa que Camila ficou parada procurando ver em qual direção ele saíra e frustrada por ser deixada para trás correu quando Lucas já estava na contagem dos trintas.

Até que a sala estava completamente deserta.

— Já terminei pessoal — gritou Lucas. — Vou começar a procurar!

Lucas correu pela sala enorme, procurando atrás dos sofás. Nenhum sinal de ninguém.

Percorreu um corredor com diversas portas, e o jeito era entrar em todas elas. A primeira porta que entrou era um tipo de escritório. Havia prateleiras de livros e alguns lençóis brancos cobrindo objetos. A luz do lado de fora alumiava o interior, e ele arriscou puxar um dos lençóis.

— Nossa que susto! — disse levando a mão ao peito ao descobrir uma estátua negra de um Minotauro. Lucas rodeou a estátua fascinado por sua escultura e alisou sua textura de mármore.

Havia outros lençóis e Lucas sentiu curiosidade em removê-las um a um, e começou pelo segundo. Admirou com uma escultura de um anjo com as asas fechadas e uma espada de ponta cravada próximo aos pés de sandálias.

A terceira estátua causou mais um pouco de medo quando viu que a criatura tinha da cintura para cima uma fisionomia de um corpo de bode e a da cintura pra baixo a de pernas de homem, estava sentados em cimas das próprias pernas.

Rodeou uma mesa comprida com algumas cadeiras e parou. Abaixou de repente, afastando uma cadeira do lugar e encontrou a empregada Antônia escondida de cócoras.

— Achei você senhora Antônia! — apontou.

— Puxa que bom, não queria ficar aqui por mais tempo, já até tinha me arrependido de me esconder aqui — engatinhou para fora da mesa, levantando em seguida. Se assustou com as imagens descobertas. — Meu Deus, que coisas medonhas.

Lucas riu de como ela reagiu às imagens descobertas.

— Esse anjo até que é atraente, não acha?

Antônia se aproximou da estátua, e olhando bem a cabeça da estátua, se afastou fazendo o sinal da cruz.

— Sangue de Jesus Cristo em poder, esse é o diabo!

Lucas parou de rir e olhou para ela surpreso.

— Como assim?

— Venha aqui, chegue mais perto, vou te mostrar os pequenos chifres escondidos nos cachos dos cabelos — ela pegou a mão de Lucas e apontando com o dedo indicou as pontas dos chifrinhos. — Viu só, essa estátua personifica a imagem de Lúcifer.

Lucas não entendia muito disso, mas pôde notar os chifres pequenos disfarçados nos cachos...

— Nossa isso é sinistro não acha? — ficou de olhos arregalados.

— Fazia anos que eu não olhava essas estátuas, sabe, como estavam todas cobertas... — explicou ela olhando as outras estátuas e fazendo caretas de horror. — Essa aqui de metade de bode e homem, é um símbolo também representativo do demônio.

Lucas abriu a boca.

— Ai credo, e o que elas fazem aqui?

Antônia olhou para ele, como se ele tivesse que descobrir a resposta.

— Não me diga que o senhor Olavo é?...

— Pare de enrolar Lucas — interrompeu a empregada. — Vou voltar para a sala e esperar, e vê se não distrai por aí hem? Ainda falta muita gente — ela puxou Lucas para fora e fechou a porta.

Lucas ignorou a história das estátuas e vendo a empregada se distanciar dele, retornou para abrir as outras portas e encontrar os outros...


O Filho da BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora