David não apareceu à mesa naquele almoço. Lucas almoçou com o casal Odebrecht e sua mãe com Ana Clara. Foi um almoço silencioso, comparado aos anteriores, mas foi em paz.
A sobremesa foi pudim com cereja. Lucas repetiu duas vezes. Ana Clara corria em volta da mesa, rindo como se tivesse brincando com um amigo invisível, e se apoiou na cadeira de Lucas exausta.
Depois do almoço Lucas foi escovar os dentes, e saindo do banheiro foi explorar o fundo da mansão. Sabia que além da piscina também tinha uma quadra de basquete. Para sua surpresa David estava lá, de camisa regata , colada de suor na barriga tanquinho, e de short e tênis praticando alguns passes com a bola e fazendo cesta incríveis.
Lucas ficou a uma boa distância, atrás da tela de proteção da quadra e assistia as enterradas de David quando a bola arremessada quicou no arco da cesta e veio em sua direção, batendo na tela.
— O que está fazendo aí? — David se aproximou para pegar a bola de basquete, e Lucas deu de ombro.
— Nada, estava passeando somente.
David se curvou e pegou a bola, e se exibiu girando-a na ponta do dedo indicador.
— Sabe jogar?
— Não sei, mas já participei de algumas atividades de educação física, mas não sou nada bom — explicou.
David levantou a bola pro alto e depois a agarrou com as duas mãos, firme.
— Estou esperando pelos meus amigos — disse David. — Eu liguei para eles, logo estarão aqui e vamos jogar, até lá entre, vamos praticar um pouco, o que acha?
Lucas mordeu o lábio, indeciso, não sabia se posicionar na quadra, muito menos dar os passes que David dava antes de fazer as cestas.
— Eu só vou atrapalhar... melhor...
— Deixa de ser bobo, não vai ser nada profissional, é apenas curtição mesmo.
David caminhou e abriu porta de grade, e Lucas suspirou, cedendo e entrando.
— Vou tirar a camisa, está impregnada de suor, ok?
Lucas não disse nada, e ficou parado observando ele tirar a camisa e jogar de lado. O sol do meio dia e meia estava quente para valer, e o corpo sarado e suado de David parecia brilhar.
— Pensa rápido! — David arremessou a bola no ar para Lucas que assustado abaixou-se, fazendo-a passar um palmo de sua cabeça. — É Basquete e não queimada — riu ele.
Lucas reagiu.
— Você jogou quando eu estava distraído e foi muito forte.
David cruzou os braços, fazendo pose e com um sorriso maliciado provocou.
— Estava distraído olhando para meu corpo, não é mesmo?
Aquelas palavras fez Lucas querer cair para trás.
— C-claro que não!
— Você gaguejou.
Lucas virou-se e foi buscar a bola, uma desculpa para se recuperar e passar a reação envergonhada do seu rosto.
— Por favor, jogue mais devagar, e cuidado para não acertar minha cara, não quero quebrar o nariz, tá? — pediu Lucas trazendo a bola e bateu ela no chão com força demasiada e ela saltou alto demais e ele não conseguiu pegá-la. A bola quicou várias vezes indo parar nas mãos de David, que a agarrou e começou o aquecimento, batendo ela várias vezes, com o corpo curvado, passando a bola de uma mão a outra.
— O que está esperando, venha tirá-la de mim antes que eu faça cesta.
Lucas se posicionou da forma que achou ser certa, e David riu de sua posição, mas não disse nada, e dando passinhos de um lado a outro, com a bola sempre quicando avançou em direção a Lucas.
O primeiro desvio fez Lucas se desiquilibrar e cair de quatro no chão, e sentiu a bola batendo na sua bunda.
— Isso não vale, e dói sabia? — levantou enquanto David se movimentava com a bola em movimento. — E não deixa mais a perna para eu cair.
— É minha defesa, e está dentro da regra — defendeu. — Pare de reclamar, não vai ganhar de mim se fazendo de coitadinho, eu não vou facilitar, então vem logo sua molenga.
Lucas sentiu-se provocado e partiu para tomar a bola, mas novamente David usou o corpo para bloquear o ataque e com força jogou Lucas para trás, caindo sentado.
— Isso também está dentro da regra? — Lucas levantou sentindo raiva, observando o riso cínico de David, dançando de um lado a outro, com a bola quicando e voando de uma mão a outra. — Está se achando o Michael Jordan não é?
— Vamos lá... ainda nem se quer tocou na bola...ou será que não quer arranhar as unhas?
Lucas se curvou, apoiando as mãos no joelho, avaliando um novo ataque, e estudando de que lado David usaria seu corpo para ataca-lo novamente. De repente sorriu para David, e ele fechou o sorriso debochador, e Lucas começou a caminhar em sua direção, sem fazer qualquer ameaça eminente de roubar a bola, deixando David confuso.
A menos de meio metro de David que estava na defensiva, Lucas virou-se dando as costas a ele. Quando David ia perguntar o que ele estava fazendo, Lucas deu uma estrela para trás com o corpo, tão rápido que David reagiu a seu estranho movimento e quis recuar, mas não a tempo da ponta do tênis de Lucas bater com força na bola em suas mãos, fazendo-a quicar no chão e pular alto enquanto o tronco de Lucas se endireitava, e com os dois pés firmes no chão, ele esticou as mãos para agarrar a bola que descia, e David enraivecido saltava para dar um tapa na bola, antes dela cair nas mãos de Lucas, mas, teve seu corpo bloqueado quando seu oponente curvou, jogando a cintura para trás, e os braços de David se debateram no ar, como se quisesse voar, e Lucas com um braço levantado e de mão aberta, agarrou a bola fazendo-a se encaixar perfeitamente entre seus dedos longos, girando o corpo para o lado, deixando David cair de cara no piso sem conseguir apoiar.
Lucas abaixou a bola, e quicou uma vez, duas e três. Virou-se e caminhou quicando-a em direção à cesta. David se apoiou as mãos no chão, sentindo o rosto arder de dor e olhou por cima do ombro levantando-se rapidamente.
— LUCAS ISSO FOI TRAPAÇA!
— Desculpe, se usar o corpo para derrubar o adversário pode, então usar o pé para desarmá-lo é válido também — respondeu de costas, em voz alta, e parando a três metros do poste, levantou a cabeça para o alto.
— Não vai acertar! — gritou David. — Nem sabe segurar direito!
Lucas respirou fundo, baixou o corpo e impulsionou o corpo com os pés deu um salto, arremessando a bola que bateu na tabela, caindo depois fazendo cesta. .
David ficou de boca aberta. Uma salva de palmas e urros comemorando surgiram atrás deles. Eram os amigos de David que chegaram ao exato momento da arremessada de Lucas.
— Veja isso! David levando uma surra do garoto — gritou Hélio.
— É David anda meio enferrujado hem — comentou Gabriel, enquanto Paulo gargalhava alto, e Felipe atrás de todos apenas esboçava um sorriso de quem estava curtindo muito aquilo, mas com discrição.
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O Filho da Babá
RomanceLucas é um jovem de 18 anos que mora com o pai, mas tem que passar as suas férias letivas na mansão dos patrões de sua mãe, que é a babá da filha caçula de 3 anos da família Odebrecht (sim a mesma família polêmica da corrupção) nisso Lucas sem alter...