David estava entretido na conversa animada de seus amigos que agora já estavam meio lá e cá, enquanto ele preparava a carne para assar. Hélio gargalhava da história que Gabriel contava entre seus soluços e sua voz engrolada, quando David olhou para os lados preocupado.
— Onde está o Felipe?
Os amigos também seguiram seu olhar, caçando ele.
— Deve ter ido mijar — disse Paulo com um ar de pouca importância.
— Volte a contar a história Gabriel tá muito foda — Hélio se dirigiu ao amigo, e eles retornaram a rirem, bebendo suas cervejas.
David acendera a churrasqueira e colocava a carne na grelha, mas seu olhar e sua atenção não estava mais na conversa dos amigos. Aproveitaria que todos estavam alegres no papo da boate, e ia dar uma volta.
— Ei onde você vai? — gritou Paulo à David quando ele começou a sair.
— Vou buscar mais carvão, enquanto isso olhe a carne, não deixe queimar! — mentiu ele, andando de costas e virou-se para procurar por Felipe. Seu olhar vasculhava por todos os cantos, sem sinal dele. Reparara que Lucas também não estava por perto. Mas a frente o jardineiro Claudemir estava rastelando as folhas secas, fazendo um montante.
— Oi senhor Claudemir — David raramente vinha conversar com ele, ou se quer chamava os empregados por nome, o que causou certa admiração no jardineiro que olhou para ele estalando os olhos debaixo das sobrancelhas grossas.
— Oi senhor David, como você está? — indagou se apoiando na ferramenta.
— Bem obrigado — disse meio que olhando para os lados. — O senhor não viu o meu amigo, o Felipe?
O senhor Claudemir não era muito de reparar nos amigos de David, por duas razões; uma que ele não se interessava porque jamais os amigos de David o cumprimentavam quando passavam por ele, e outra que seus olhos já não andavam bem para visualizar e gravar feições de rosto de cada um.
— Desculpe senhor David, mas eu não conheço bem quem é quem.
David não pareceu se importar, e sorrindo sem graça para ele se retirou. Caminhou mais a frente, e resolveu entrar na sua casa.
A empregada Antônia estava limpando os móveis, cantarolando uma música.
— Antônia? — ele a chamou, e ela se virou. — Você não viu o Felipe?
A empregada diferente do jardineiro conhecia bem cada um, já que era tratada como uma escrava por seus amigos quando eles estavam hospedados ali.
— Eu o vi conversando com o filho da babá, quero dizer, com o garoto Lucas — informou ela.
David ergueu a sobrancelha, e fez um ar pensativo.
— Estava conversando com o Lucas?
— Sim senhor, eles estavam na sombra da acácia amarela — dizia. — Reparou como ela está ficando bonita?
David pareceu não querer saber sobre a árvore, e saiu sem responder, pensando em Felipe e Lucas.
Seu pai descia as escadas no momento que David passava.
— Oi pai — disse David parando de supetão e o senhor Olavo sorriu.
— Se divertindo muito com seus amigos, David?
— Sim nós estamos assando uma carne — respondeu percebendo o tom de provocação de seu pai se referindo aos seus amigos.
— É suponho que deve estar tão divertido que... — ele começou a falar ironicamente e se virou para sair. — ...O seu amigo, o Felipe, já até foi embora.
David correu, deslizando no piso, ficando a frente do seu pai.
— O quê? Como assim embora? — estava confuso.
O senhor Olavo levantou as mãos, sorrindo sem muito ânimo.
— Sim filho, ele foi embora pelo que me parece, mas não se preocupe, ele não está sozinho.
David ficou mais confuso ainda.
— O que quer dizer com isso pai?
— Nada demais David — ele tentou desconversar, deixando seu filho mais impaciente ainda. — Ele saiu com o Lucas.
David arregalou os olhos.
— Saiu com o Lucas?
— Sim, é isso mesmo, mas logo eles estarão de volta — disse ele. — Pelo menos espero que o Lucas esteja, é claro.
David não estava mais ligando para as provocações de seu pai, estava sem entender porque seu melhor amigo tinha saído sem dizer nada a ele, e muito mais ter ido com Lucas.
— Vou ligar para o Felipe!
O senhor Olavo deu de ombro.
— Ligue, mas eles não vão voltar só porque você quer.
— Não quero que voltem! — vociferou ele, pegando seu celular, e começou a procurar o número do amigo nos seus contatos. — Só quero saber por que ele foi sem me avisar, só isso — e se afastou de seu pai.
David ficou de boca aberta quando a ligação deu caixa postal.
Felipe acabara de chegar a sua casa. Lucas estava saindo, quando percebeu que Felipe olhara no celular e depois guardou-o no bolso da sua jeans.
— Algum problema? — Lucas perguntou a ele.
— Nenhum, só uma mensagem chata da minha operadora informando sobre promoções — respondeu.
— Bem, é aqui onde você mora?
Felipe abriu os braços, sorrindo.
— Não é tão grande e linda quanto a do David, mas, é aqui onde me escondo.
Lucas ficou admirado. Era uma grande propriedade com grandes muros altos, cercado de pinheiros.
— Se eu morasse numa dessas... — comentou.
— Vamos entrar? — Felipe apertou um botãozinho de um controle remoto que pegara do seu outro bolso e o portão de ferro destrancou. — Entre Lucas, seja bem vindo.
Lucas agradeceu adentrando e Felipe fechou o portão atrás dele.
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O Filho da Babá
RomanceLucas é um jovem de 18 anos que mora com o pai, mas tem que passar as suas férias letivas na mansão dos patrões de sua mãe, que é a babá da filha caçula de 3 anos da família Odebrecht (sim a mesma família polêmica da corrupção) nisso Lucas sem alter...