Lucas atentou seus ouvidos ao aproximar na segunda porta escolhida. Verificou a maçaneta. Sem chance, estava fechada. A terceira porta já não estava trancada, e ao abri-la, espiou com metade do corpo para dentro, com seu olhar correndo cada canto.
Alguns móveis bem organizados, em seus devidos lugares, e tudo limpo. Adentrou e foi em direção a um guarda-roupa. Abriu e revelou um monte de cabides com casacos.
Fechou a porta dupla, quando abriu-a novamente, dessa vez afastando os cabides dividindo em duas partes.
— Achei o senhor Olavo!
No fundo do guarda-roupa, encolhido estava ele.
— Nossa, estava sufocando aqui — disse ele, saindo engatinhando para fora. — Muito calor.
Lucas riu, e estendeu a mão para ele se apoiar e ficar de pé.
— Até parece que queria ir para Nárnia.
— Nárnia? — indagou confuso.
— É um filme de fantasia — explicou. — Nesse filme existe um guarda-roupa mágico que levava ao mundo de Nárnia.
— Nossa parece ser interessante, quero assistir depois com você.
— Claro será um prazer — respondeu. — Agora se me dê licença vou procurar pelos outros.
— Claro, claro, a propósito quem você já achou além de mim?
— A empregada Antônia — disse. — A achei na sala que tem algumas estátuas.
Olavo levou a mão a nuca, sorrindo.
— Entendo... você viu algumas delas?
Lucas confirmou.
— Sim, algumas pareceram bem sinistras.
Olavo riu.
— Sou um colecionador de obras de divindades — informou.
— Entendi.
— Muito bem, vai procurar pelos outros que eu vou me reunir com a Antônia na sala — saiu e deixou Lucas prosseguindo.
Lucas foi até a janela e espiou. A vista dali de cima era linda. Depois continuou a sua busca.
Abriu a terceira porta. Vazia. Olhou bem. Ia saindo quando reparou na cortina. Havia um volume suspeito. Caminhou nas pontas dos pés e afastou-a.
Era apenas um manequim. Lucas ficou confuso.
Quem ia por um manequim atrás da cortina? Será que era para enganá-lo?
Analisou o quarto vazio. Olhou de cima a baixo. Estava estranho. Saiu do quarto e abriu a quarta porta. Diferente dele, estava todo bagunçado, com caixas de papelão, isopor e grandes armários de aço.
Sabia que em meio aquele montante de coisas alguém estava escondido. Examinou com cuidado alguns objetos a sua frente. Removeu algumas caixas do lado, chutou bolas de isopor do caminho. Olhou para cima, e reparou que havia uma entrada que levava para algum alçapão. Esticou a mão para puxar a cordinha para abrir a portinha, mas estava alto. Puxou uma cadeira e subiu nela.
Tinha certeza de quem quer que tenha se escondido ali, era jovem, forte e corajoso. Jamais sonharia com o mordomo subindo ali, ou a Camila, toda cheia de frescura.
Só podia ser...
Um lance de escada caiu para ele subir. Apoiou no corrimão e curvando começou a subir, e à medida que subia, seus olhos tentavam se acostumar com a pouca luz que existia ali. Era frio. Escuro. Iria mesmo procurar por ele ali?
Já de pé dentro do que parecia ser o sótão da grande mansão, Lucas parecia apreensivo. O lugar dava-lhe calafrios. Procurava por uma lâmpada, mais não encontrava. De repente escuta algo caindo atrás dele. Assusta-se pulando e ao virar se depara com vulto enorme e branco.
Lucas recua, mas estica a mão agarrando-se a ponta do lençol. Era o mordomo.
— Meu Deus, que susto o senhor me deu! — avisa Lucas surpreso. — Que lugar mais difícil de esconder o senhor foi escolher, hem?
Ele estava sério.
— Eu achei que não teria coragem de subir aqui... — resmungou parecendo decepcionado por ter sido descoberto.
Lucas riu.
— E eu achei que o senhor seria a última pessoa que ia subir e se esconder aqui — revelou. — Que isso sirva de lição para nós, não julgarmos a capacidade de ninguém.
O mordomo deu de ombro, e se afastou descendo os degraus da escadinha. Lucas ficou parado ali mesmo olhando em redor, e depois se retirou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Filho da Babá
RomanceLucas é um jovem de 18 anos que mora com o pai, mas tem que passar as suas férias letivas na mansão dos patrões de sua mãe, que é a babá da filha caçula de 3 anos da família Odebrecht (sim a mesma família polêmica da corrupção) nisso Lucas sem alter...