A mensagem

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Lucas e Felipe resolveram descer e passar algumas horas na sala assistindo um filme, escolhido por Felipe.

— Não sou muito fã de terror não — disse Lucas quando viu Felipe escolhendo Invocação do Mal, e se adiantou e tomou o porta-DVD de suas mãos e vasculhando pegou um outro. — Esse parece melhor.

Felipe tomou o DVD de sua mão, rindo.

— As branquelas?

Lucas sorriu.

— É um divertido filme, você não acha?

Felipe maneou a cabeça de um lado a outro, pensativo.

— Ele é engraçado, mas é velho, você não enjoa dele?

Lucas tomou de volta o DVD de suas mãos, se ajoelhou em frente ao aparelho e embutiu o filme.

— Vamos sentar que já vai começar.

Felipe riu, e desistiu de tentar persuadi-lo a mudar.

A empregada Alicia voltou aparecer trazendo uma bandeja de pipoca e mais refrigerante gelada, e claro, uma barra de chocolate.

— Lucas senta mais próximo a mim, você está muito distante — disse Felipe a ele, e Lucas o olhou de lado desconfiado.

— Prefiro ficar aqui, se não se importa — sorriu.

Felipe revirou os olhos, e deu um pulo sentando mais ao lado de Lucas, que se virou para ele pronta para protestar, mas ficou de cara colada com a barra de chocolate que estava em poder de Felipe.

— Trouxe para você — Felipe entregou, e aproveitou a distração de Lucas, passando seu braço entorno de seu pescoço lentamente.

— Não vai me comprar com uma barra de chocolate seu safado! — E removeu seu braço entorno dele, e Felipe riu se ajeitando no sofá, bem juntinho com Lucas que estava abrindo a embalagem da barra.

— Vai pelo menos me deixar dar uma mordidinha? — sussurrou ele no ouvido de Lucas, que mordeu os lábios, sentindo arrepio. — Parece muito gostoso.

— O chocolate está mesmo gostoso...— saboreou Lucas desconversando. — Experimente.

Felipe se inclinou e mordiscou a ponta do chocolate onde Lucas já havia mordido.

— Huuummm — degustou ele. — Muito bom mesmo.

— Agora pronto, volte ao seu lugar, quero ver o filme, e já aviso que quando eu começar a rir vai até se assustar.

Felipe riu do seu comentário.

— Você é daqueles que chega até roncar de tanto rir né?

Lucas olhou para ele meio que ofendido, mas estava querendo era mesmo rir.

— Não mesmo, eu sei controlar minha risada — e olhando para a expressão engraçada de Felipe não aguentou, rindo dele. — Desse jeito nem preciso do filme para rir.

A mão de Felipe começou a deslizar pelo sofá, lentamente, enquanto Lucas tentava se concentrar no filme, mas ele estava esperto da nova tentativa de Felipe.

— O que aconteceu Lucas? — indagou quando ele se levantou num pulo.

— Desculpe Felipe, mas esqueci meu celular no seu quarto — lembrou quando não sentiu o aparelho no bolso da sua calça jeans.

— Fique aqui que eu vou pegá-lo para você — disse Felipe fazendo menção de se levantar, mas Lucas o impediu.

— Não precisa, eu posso buscá-lo, conheço o caminho, você não se importa né?

Felipe colocou as mãos para trás da cabeça e cruzou os pés, se relaxando.

— Desde que não abra minhas gavetas e não roube uma das minhas cuecas, tudo bem — disse fazendo Lucas rir.

— Pode deixar eu só vou pegar meu celular mesmo tá seu bobo.

— Se quiser pode pegar uma dela para lembrança — disse Felipe olhando por cima do ombro quando Lucas já estava a meio caminho andado.

Lucas gargalhou sem olhar para trás e subiu os degraus. Caminhou até a porta onde era o quarto de Felipe e entrou.

Seu celular estava em cima da cômoda. Foi até lá, e pegou ele, quando ia saindo, escutou uma mensagem vindo, olhou para seu celular, não era o seu.

Percorreu o seu olhar pelo quarto, e reparou que a tela do celular de Felipe estava acesa, e caminhou até ele, pegando, para levar para ele, quando reparou curiosamente o contato gravado no envio da mensagem.

Càáh

Seu coração disparou num ritmo mais acelerado, não era da sua conta aquilo, mas estava curioso para ver.

Não seja bobo Lucas, isso não se faz, ficar de olho na conversa dos outros, que ridículo! — pensou querendo desistir da ideia.

Mas a tentação foi mais forte e ele sentou na beira da cama de Felipe, com o celular dele na mão, começou a mexer. Seu queixo caiu quando viu do que se tratava a mensagem.

Oi Lipe nossa estou com tanta raiva do David que não vou à casa dele hoje, ele que fique lá com seu papaizinho o senhor certinho e insuportável... sem falar que não suporta estar na presença daquele garoto pobre e filho daquela babá idiota!

Lucas estava lendo sem querer acreditar naquilo, suas mãos tremiam de raiva. E prosseguia a mensagem.

Eu estou em casa, sabe, sozinha, e se quiser pode vir hoje aqui mais a noite, meus pais vão sair e eu quero uma companhia igual daquele outro dia, bem gostoso. Exclua essa mensagem depois de ler e me mande um ok, beijo.

Quando Lucas terminou de ler a mensagem não sabia mais o que fazer, ou como reagir. Estava tremendo de raiva antes, agora estava tremendo de medo. Não podia se quer imaginar que David estava sendo traído... e estava na casa do amigo que estava pegando sua namorada.

Não demorou em entender que Felipe estava apenas querendo usá-lo, não era um cara de confiança e nem de lealdade. Estava nervoso demais para ficar frio e calmo, mas precisava sair dali sem demonstrar qualquer suspeita. Mas sabia que logo Felipe descobriria que ele mexera no seu celular. A mensagem tinha sido visualizada, e ele notaria.

Respirou fundo, tentando se acalmar. Não ia tomar nenhuma atitude precipitada. Precisava agir naturalmente, fingir que estava tudo bem. Decidiu voltar para ver o filme com Felipe, deixa-lo pensar que estava no controle... depois decidiria o que faria com aquela informação. Decidiu tirar uma foto da mensagem caso precisasse como prova, já que Camila e Felipe eram cuidadosos para não deixar as suas conversas a salvo. Tirou uma foto com o seu celular e depois deixou o celular de Felipe no mesmo lugar onde estava. Levantou e saiu do quarto. Seria difícil disfarçar, mas precisava, não só por ele, mas também para David.

O Filho da BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora