A revelação do Sr. Olavo Odebrecht

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O velório acontecia com muita comoção. Parentes do pai de Lucas compareciam, amigos de infância e do trabalho também. A senhora Melinda, separada de Ronaldo Muniz cumprimentavam os conhecidos, mas era Lucas que recebiam os pêsames e seus sentimentos.

David e Felipe ficaram juntos, se aproximaram do caixão envolto de grandes coroas de flores e saíram discretamente para a ala da cozinha, onde serviam café e alguns lanches.

Lucas chorara ao ver o seu querido pai ali, debaixo daquele véu, seu rosto totalmente pálido. Usava um terno preto sem gravata. O cheiro das flores estava sufocando-o.

— Lucas, meu anjo, você não quer ir descansar um pouco na outra sala? — o senhor Odebrecht se aproximou ao seu lado, pegando sua mão carinhosamente e puxando ele para longe dali e das pessoas que se aglomeravam e conversavam.

Lucas se deixou ir com o senhor Olavo e foi abraçado de lado pelo mesmo, e foram para a sala de descanso, onde havia algumas pessoas sentadas conversando.

Sentaram-se num sofá e Lucas se posicionou melhor o corpo e com os olhos vermelhos desabafou.

— Sabe senhor Olavo, o meu pai era um grande homem, sabe, atencioso e muito presente mesmo com a separação de minha mãe.

O senhor Odebrecht afagou-lhe a cabeça.

— Tenho certeza que sim, meu anjo, sua mãe nunca falou nenhuma coisa negativa sobre seu pai, alias, já disse que ele tinha sido um grande marido e que depois dele ela nunca mais acharia alguém melhor.

Lucas olhou para ele surpreso.

— Minha mãe nunca, quero dizer, saberia me dizer se ela já tentou arrumar outro alguém?

O senhor Odebrecht balançou a cabeça.

— Desses três anos que ela está comigo nunca soube de nada desse tipo, Lucas — revelou. — Sua mãe é focada no trabalho, e se é que posso deduzir assim, sempre achei que ela nunca esqueceu de seu pai.

Lucas sorriu pelas palavras dele.

— Ela também é uma boa mãe, sabe? Não é sempre que estamos juntos, mas agora é a única pessoa mais perto que tenho.

Lucas recebeu novamente o abraço do sr. Olavo e um beijo ao lado de sua cabeça.

— Eu não tenho dúvidas quanto a isso Lucas, do jeito que ela trata minha filha eu posso ter certeza que ela sempre te amou muito.

Lucas sentiu-se amado.

— Não sabe o quanto essa declaração é bem vinda nessa hora.

— Eu sei o que é perder alguém que amamos Lucas — disse ele e sua voz entristeceu. — Quando David tinha três anos, o seu irmão gêmeo, Isaac morreu.

Lucas pensou não ter entendido, ficou olhando para ele assustado.

— David tinha um irmão?

O senhor Odebrecht suspirou.

— Sim, ele era muito querido, era mais velho que David por 11 minutos — revelou.

Lucas nunca imaginaria isso se o senhor Odebrecht não lhe contasse. Será que sua mãe sabia disso? Mas ao julgar que ela está apenas três anos com eles, certamente não saberia, ou se sabia, não tinha o porquê dela mencionar isso a ele, alias, foi a bastante tempo e agora David era o homem da casa, o filho que cresceu sem o irmão ao seu lado.

— Eu lamento por isso Olavo, eu sei bem a dor que sentiu, se bem que os pais falam sempre que prefere ir antes que os filhos, não é?

O senhor Olavo ficou emocionado, e seus olhos lacrimejaram.

— Pode acreditar nisso Lucas, nunca um filho deveria partir antes dos seus pais, acho que é tão injusto isso, mas assim Gau permitiu — disse por finalmente, encerrando aquela parte triste do seu passado.



O Filho da BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora