O mordomo

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O senhor Olavo estava bastante inquieto na sua cama, rolava de um canto a outro, e a sua esposa perguntou acendendo a luz do abajur.

— O que foi querido, tem algo perturbando?

Olavo sentou na cama, passando a mão sobre seus cabelos.

— Eu não consigo parar de pensar no Lucas, querida.

Sua esposa também sentou na cama, abraçando-o de lado e beijando seu rosto carinhosamente.

— Relaxa querido, você deveria dar mais crédito aos garotos.

— Eu sei que eles estão mentindo, conseguir ver claramente nos olhos deles! — respondeu. — Não sei por que ele preferiu mentir para mim, eu que tanto o quero bem, você sabe mais do que ninguém o quanto ele significa para mim, e para nós.

A senhora Maria Lurdes começou a massagear seus ombros tensos.

— Eu sei amor, eu entendo que você está decepcionado, mas sabe como são os garotos, quando eles combinam entre si, eles sofrem juntos, como dois irmãos.

Olavo suspirou, e sentiu o efeito relaxante da massagem da esposa dando resultado.

— Você sempre está do meu lado, sempre foi meu suporte e minha estrutura essencial esses anos todos... não sei do que seria de mim sem você, amor — ele confessou, virando o seu rosto para ela, e deu um selinho demorado na boca dela.

— É porque eu nunca duvidei de você, e sei que cedo ou mais tarde tudo irá acontecer, do jeito que tem que ser, não é mesmo?

Olavo concordou sorrindo.

— Sim querida, nada mudará agora, é tudo uma questão de tempo. A paciência será a nossa maior aliada de agora em diante.

Maria Lurdes acariciou o lado do seu rosto com muita ternura, seu olhar brilhava intensamente, distribuindo um belo sorriso.

— Então tente não ficar nervoso, e deixe os garotos fazerem do jeito deles. Pressioná-los podem muita das vezes sair fora de controle.

— É por isso que agradeço todos os dias por ter uma esposa como você, sabia?

Eles voltaram a deitar e o senhor Olavo abraçou sua esposa ardentemente, e começou a beijar seu pescoço, descendo as mãos para a barra de sua camisola de seda, levantando-a.

Ela gemeu fechando os olhos quando sentiu as mãos do marido tocando-lhe intimamente.

— Amor... eu te amo muito... eu te desejo profundamente... — sussurrou ela, agora sentindo a outra mão do companheiro agarrar a parte de trás da sua cabeça, fazendo-a delirar com seu poder dominante.

Olavo rolou por cima dela, já estava com a metade da sua calça-pijama abaixada, e de olho fixo nos de Maria Lurdes, sorriu.

— Eu te amo muito mais minha querida — e a beijou suavemente, enquanto seus corpos se fundiam e se misturava num ritmo doce e romântico.

A madrugada passou e na manha seguinte o casal Odebrecht estava seminu na cama, descobertos e metade do lençol caindo no chão.

Olavo despertou com a claridade do sol das sete, e observou a esposa rendida ao sono depois de uma noite de amor intensa. Ajeitou o travesseiro dela, e puxou o lençol para cobri-la, e se levantou com cautela para não acordá-la. Caminhou para o seu banheiro, e tomou uma ducha de água fria. Depois se vestiu e perfumou, descendo para tomar o seu café da manhã.

Era um lindo domingo, pelo menos o dia prometia ser, desde que seguisse o conselho da esposa e deixasse os garotos nas deles, sem querer pressioná-los para que contasse a verdade. Ele sabia que Lucas era gentil e se tivesse combinado com seu filho algo, certamente ele teria que honrar a sua promessa, e isso era também um sinal de que ele era justo, e força-lo a quebrar seu juramento seria muito injusto, e desleal para o seu caráter e integridade.

Encontrou o mordomo já arrumado deslizando pelos cômodos, como um fantasma procurando o que fazer.

— Bom dia Alfredo, como está?

O mordomo sorriu para ele, com toda sinceridade.

— Estou muito bem senhor, obrigado.

— A mesa está servida?

— Sim senhor, a cozinheira Sonia preparou tudo do jeito como o senhor gosta.

Olavo esfregou as mãos.

— Bem, parece que todos os outros tiveram uma noite e tanto, mas já que estamos aqui vamos amigo, vamos tomar o nosso café — Olavo passou o seu braço entorno do ombro do mordomo com total intimidade que Alfredo não se escandalizou e nem sentiu envergonhado, sua reação era a mais normal possível, como se aquele gesto já tivesse se repetido antes.

— Eu aceito meu velho amigo — respondeu Alfredo sem formalidades. — Eu estou bastante feliz por você Olavo, em breve conseguirá o que sempre quis, e eu estarei do seu lado nesse dia.

Olavo sorriu orgulhoso levando o seu amigo e mentor para a mesa, onde os dois se sentaram.

— Tenho certeza que sim amigo, alias, você nunca falhou antes.

Alfredo serviu-se de café bem quente e pegou uma torrada e recheou com creme de pasta de amendoim.

— Não sabe como me sinto feliz Olavo, vendo tudo se cumprir depois de anos de espera e mesmo com seus contratempos que surgiu, ou ainda possa surgir, nada irá impedir o curso.

Olavo concordou.

— Eu confio nisso Alfredo, e estou preparado, alias você não está aqui apenas para me servir, e sim para me instruir como vem fazendo esses anos todos.

— Sim é verdade, mais servi-lo é uma vontade a parte desde o dia em que o encontrei pela primeira vez, e fiz esse juramento o qual honrarei até o dia da minha morte.

— E jamais esquecerei disso — disse ele feliz. — Todos os sacrifícios terá tido sua recompensa no final.


O Filho da BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora