Capítulo 28.

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14:00hrs, Brasil.

Cheguei em casa exausta, deixei a mala em qualquer lugar do quarto e me joguei na cama. Minha mãe havia ido me buscar no aeroporto e estava eufórica para que eu contasse tudo o que tinha acontecido. Minha mente se encontrava longe, lá em Cádiz, para ser mais exata. Durante a viagem, não consegui parar de pensar no que acontecera um minuto sequer. E me despedir dele é sempre a pior parte. Seu semblante triste é a sua última expressão que recordo, e isso me deixa destroçada por dentro.

Maria: oi mãe. –falei de modo que mostrasse meu descontentamento com seu tsunami de perguntas.–

Sandra: sem delongas, Maria, quero saber de tudo.

Maria: tudo o quê?

Sandra: oras, tudo ué! Acha que eu sou idiota? Eu reconheço cara de quem transou à quilômetros.

Maria: QUÊ? –arregalei os olhos.–

Sandra: e mais, essa marca roxa aí no pescoço te entrega. –sorriu serelepe.–

Maria: o que aconteceu com a minha mãe? Meu Deus! –falei envergonhada.–

Sandra: só resolvi seguir a linha descolada da sua avó, afinal, estou diante de uma adolescente né...

Sorri, lembrando que realmente, minha avó que era a mais liberal da família. Tanto é que esse tipo de coisa, erm, mais saliente, costumava fazer parte das nossas conversas, e embora eu tivesse vergonha de tocar nesse assunto, com ela eu me sentia à vontade para debater sobre.

Maria: tá, tá bom, eu conto. Aconteceu...

Sandra: aconteceu? Só assim, "aconteceu"? Não, não. Conte mais! Ele preparou algo especial?

Maria: sim, ele...

[...]

*1 mês depois...

Abraham estava em turnê, mas não havia um dia em que não nos comunicássemos. A saudade era imensa, ainda bem que existe vídeo chamada, não é mesmo? Fazia eu me sentir um pouco mais perto dele. Depois daquele feriadão que passei na Espanha, toda a minha tediosa rotina voltou. Pelo menos, faltavam apenas três meses para eu finalmente me livrar do colégio.

***

Maria: ainda bem que hoje já é quinta. Arghhh! Eu preciso da minha cama. –resmunguei.–

Lucas: sem stress, Maricota. Vai pra casa agora? –falou enquanto descíamos a escada principal do colégio, que dava acesso para o portão de saída.–

Maria: não. Vou esperar o transporte, que vai passar daqui a mil anos. –revirei os olhos.–

Lucas: tudo bem então. Eita! –exclamou.– Meu avô veio me buscar. Ele nem disse nada. Vamos, ele te deixa em casa!

Maria: ai Lucas, obrigadeiro mesmo! Vou chegar mais cedo hoje. Uhuuu!! –vibrei, arrancando dele uma risada.–

***

*Ligação*

Maria: onde você tá, Abe?

Abraham: Argentina, baby.

Maria: ahh! Poxa, aqui do lado, queria você aqui... –falei manhosa.–

Ele gargalhou.

Abraham: e você acha que eu não? Te desejo aqui perto de mim 24hrs por dia.

Insta Direct || Abraham MateoOnde histórias criam vida. Descubra agora