Capítulo 48.

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Como assim ele não compareceu a um evento dessa proporção? Ele jamais tomaria a decisão de não ir para uma premiação, principalmente estando concorrendo. O que acontecera para ele não estar ali? Meu Deus! Mil pensamentos negativos e suposições desagradáveis vieram a minha mente, deixando-me atordoada. Queria levantar dali correndo e fugir ao encontro dele, sem ousar olhar para trás. Só de imaginar o Abraham em apuros ou passando por alguma situação ruim, já fazia minha cabeça dar voltas. Por mais que eu tentasse a todo custo me afastar dele, não tinha jeito, não dava para me esconder do sentimento que eu ainda nutria por ele, e principalmente da maneira em que me preocupava com o seu bem estar. Senti uma dorzinha aguda na testa e percebi de imediato que eu precisava tomar uma iniciativa para me desprender de tudo aquilo ou então as coisas só piorariam, porque o seu nome estava martelando em minha cabeça, agora de maneira mais intensa e agoniante.



Maria: Andrés, eu não to me sentindo bem. -falei em seu ouvido, ou melhor, gritei, devido ao volume do microfone da mulher gasguita no palco estar altíssimo.-

Andrés: o que você tem meu amor? -encarou-me preocupado.- Tá passando mal? Tá doendo alguma coisa? -indagou nervoso, passando seu braço em volta da minha cintura, segurando-me firme.-

Ele estava, literalmente, prestes a me colocar nos braços como um bebezinho indefeso e me tirar dali as pressas, dispondo-se a me ajudar sem medir esforços. Eu até gostava do seu jeito protetor comigo, era surreal.

Maria: não, não. Eu to bem. -acalmei-o.- Quer dizer, é só uma dor de cabeça.

Andrés: quer voltar pra o hotel? Se quiser, eu te levo.

Maria: não Andrés. Não vou estragar a sua noite. Você ainda tem que apresentar. Eu posso... -ele me interrompeu.-

Andrés: sem problema Maria. Vão entender. Um dos meninos pode ficar no meu lugar.

Maria: Andrés, não! -exclamei.- Você foi o escolhido. E eu sei o quanto isso é importante pra você. Fica tranquilo, eu posso ir sozinha.

Andrés: não, você não pode. Vou pedir pra um dos meninos te levar.

Maria: eu não sou nenhuma criança. -ataquei-o.-

Andrés: você pode piorar, já pensou se cai por aí no meio do caminho? De jeito nenhum que vou te deixar sozinha. -virou-se para falar algo com um dos rapazes.-



Senti meu sangue ferver, sei lá por que. Adorava seu jeito "paizão" comigo, mas naquele momento eu só queria sair dali, sem chamar a atenção de ninguém, não precisava de tanto pra que isso. Levantei rapidamente e caminhei para longe, quase soltando fogo pelas narinas. As pessoas por quem eu passava, pareciam não ter percebido nada que acontecera, prestavam atenção no evento de modo despreocupado, o que era muito bom para mim que estava tentando se passar por gasparzinho. Subi um lance de escadas até finalmente chegar perto da porta que dava acesso a um longo corredor em direção a saída, avancei minha mão para abrir a mesma, mas antes que eu pudesse concluir minha ação, fui impedida por mãos a segurar meu braço.



Andrés: por que você é tão teimosa hein? Mas que merda! O que custava esperar, Maria? -falou alterado.-

Maria: eu posso muito bem ir pra casa sozinha. Não vejo razão pra toda essa sua frescura. -disse no mesmo tom.- E vê se me solta! -esbravejei, puxando meu braço.-

Andrés: FRESCURA? ISSO TUDO É CUIDADO, SUA PIRRALHA!

Maria: VOCÊ ACHA QUE PODE ME COLOCAR DEBAIXO DAS SUAS ASAS SÓ PORQUE É MAIS VELHO E MEU NAMORADO, MAS VOCÊ NÃO PODE. EU NÃO SOU SEU ANIMALZINHO DE ESTIMAÇÃO PRA VOCÊ GUIAR MEUS PASSOS DESSA FORMA. NÃO SOU NENHUMA CRIANCINHA ANDRÉS!

Insta Direct || Abraham MateoOnde histórias criam vida. Descubra agora