Abraham: queria poder dizer que você ouviu errado, mas infelizmente foi exatamente isso que eu falei.
Ao ouvir o Abraham repetindo aquelas palavras mais uma vez, foi como se novamente um balde de água fria caísse sobre mim, paralisando meu corpo e mente. Era quase impossível de acreditar que algo de ruim, de novo, tinha acontecido e em tão pouco tempo. Parecia que minha vida estava sempre como uma montanha russa, cheia de altos e baixos e numa completa agitação, totalmente instável. A todo momento acontecia alguma coisa para me tirar do eixo, ou melhor, nos tirar do eixo, porque as pessoas ao meu redor – especialmente o Abraham – eram tão afetadas quanto eu.
Levei a mão à boca, incapaz de absorver uma informação tão densa como aquela. Sentada com pernas de índio, apenas fitei os lençóis brancos bem próximo aos meus pés, totalmente em choque, ainda pasma e sem conseguir proferir uma palavra sensata sequer. O espaço à minha frente fora rapidamente preenchido pelo rapaz antes ao meu lado, que agora me encarava com uma feição de preocupação, e não era para menos. Ele segurou firmemente minhas mãos, as levou até seus lábios depositando um beijo em cada uma e logo permitiu que seu polegar acariciasse minha pele, creio que como tentativa de me tranquilizar, carinho sempre ajuda em situações desse tipo, por mais simples que pareçam certos gestos. Seus olhos me analisaram profundamente antes de, por fim, tomar a iniciativa de quebrar o silêncio.
Abraham: você tá bem? –perguntou cauteloso.–
Maria: Abraham, a culpa é toda minha.
Abraham: não meu amor, essas coisas acontecem...
Maria: a culpa é minha, a culpa é toda minha. –prossegui, num choro contido e com total convicção do que saía pela minha boca.–
Abraham: você não tem nada a ver com o que aconteceu, ninguém tem. Acidentes são coisas que simplesmente acontecem e não temos como prever. –continuou calmo.–
Maria: eu briguei com ele, e se não fosse por isso, nada teria o acontecido! –exclamei exaltada, sentindo as lágrimas descerem sem compaixão pelo meu rosto.–
Abraham: nós brigamos com ele, Maria, e isso obviamente contribuiu pra uma, sei lá, falta de atenção no volante, mas não temos culpa de nada. Você não tem que se sentir assim, porque aquela discussão não foi sem motivo e simplesmente existiria, hoje ou em outro dia.
Maria: eu tô me sentindo muito mal, Abe. –sentei em seu colo, o abraçando muito apertado e me aninhando ao seu corpo.–
Abraham: é compreensível, mi estrella. Eu também tô me sentindo mal, mas por ele, entende? –respondeu afagando meus cabelos delicadamente.– E não por achar que tenho culpa, porque não tenho. Nós não temos. Talvez esse acidente tenha sido provocado até por outro carro. O Andrés sempre dirigiu com cautela, eu tenho certeza que ele não tem culpa nisso.
Maria: como será que ele tá? –imaginei, perguntando chorosa.–
Abraham: ele deve tá bem, meu amor, não vamos pensar o pior. Agora você precisa ficar calma, pequena... –me aconselhou, puxando meus cabelos com cuidado, a fim de erguer minha cabeça para que eu o olhasse.– Fica calma, tá? Respira! –disse suave, olhando em meus olhos atentamente.– Vai ficar tudo bem. –ele deixou um beijo rápido em meus lábios e me abraçou novamente, me confortando.–
Ainda tentando me controlar para não ter mais nenhum ataque de pânico, senti meu celular vibrar ao nosso lado e então o trouxe até mim com rapidez, afobada para ver quem era. A mãe do Andrés estava a me ligar e eu não sabia se atendia ou não, muito menos se ela já tinha conhecimento do que ocorrera ou não. Me desvencilhei dos braços do Abraham e sentei na cama para finalmente atender, pondo no viva voz, e já temendo ouvir sua voz.
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Insta Direct || Abraham Mateo
FanfictionDois adolescentes de vidas completamente diferentes, a sonhadora e o astro. Brasileira de 16 anos, Maria - assim como qualquer outra fã - tinha o sonho de conhecer seu ídolo, vulgo Abraham Mateo. Nessa incessante luta a fim de realizar seu (até entã...