Capítulo 60.

17 4 0
                                    

Maria: põe a cabeça entre os joelhos, Abe, inclinada pra baixo... –falei afobada, torcendo para que desse tempo dele fazer a posição e normalizar seu fluxo sanguíneo.–

Abraham: não tá adiantando... –ele disse baixinho, como se já estivesse perdendo a consciência.–

Maria: continua assim, você vai melhorar. –molhei minha mão e a coloquei sobre sua testa suada. Costumava funcionar comigo.–

Esperei alguns minutos para ver a reação dele, tendo em mente que se ele realmente desmaiasse, eu gritaria pela minha mãe para o levarmos para um hospital. Contudo, ainda bem, não foi preciso. Sua cor foi retornando aos poucos e os seus lábios em alguns segundos já estavam rosados novamente. Soltei o ar preso em meus pulmões de forma mais aliviada quando percebi que aparentemente o mesmo não corria perigo de ter outra recaída.

Maria: você me assustou, garoto... –declarei, puxando a descarga.–

Abraham: não queria que me visse assim. –confessou fragilizado.–

Maria: eu te amo, Abe. Vou cuidar de você na saúde e na doença. –me aproximei dele, segurando seu rosto em minhas mãos.–

Abraham: seu amor vai diminuir me vendo nesse estado medonho.

Maria: então quer dizer que segundo essa sua teoria ridícula, quando eu passar mal também você vai deixar de me amar, é isso? –o encarei, incrédula.–

Abraham: isso não se aplica a mim. Eu vou te amar de todos os jeitos...

Maria: e vale pra mim porque o que eu sinto por você não é suficiente pra ultrapassar os obstáculos da vida?

Abraham: não foi isso o que eu disse.

Maria: mas foi o que deu a entender. –rosnei, o deixando sozinho com suas ideias néscias.–

Abraham: Maria, espera aí! Não fica com raiva de mim, não foi minha intenção te machucar. –caminhou até mim de maneira apressada.–

Maria: mas já o fez! –exclamei alterada, com lágrimas nos olhos.–

Abraham: amor, me desculpa... –pediu, me olhando sereno.–

Maria: vai deitar, Abe. Não quero que passe mal de novo, sendo dessa vez por minha causa. Como você mesmo mencionou por entrelinhas, não vale a pena. –deitei na cama, enxugando minhas lágrimas estúpidas e cobrindo meu rosto para não vê-lo.–

Abraham não disse nada. Escutei seus passos em direção ao banheiro e a porta ser fechada de novo. Pensei que ele fosse vomitar mais uma vez, entretanto, para o meu alívio, o mesmo foi apenas escovar os dentes. Após fazer sua higiene, voltou para a cama e se deitou, soltando sua respiração de forma pesada – eu sabia que estava descontente.

Abraham: fiquei constrangido com a minha situação. Não queria que ninguém além dos meus pais me visse vulnerável desse modo, principalmente você, é vergonhoso... –desabafou depois de alguns minutos num incômodo silêncio.–

Maria: somos humanos, Abraham, somos vulneráveis.

Abraham: me desculpa...

Maria: tem certeza de que não quer tomar remédio? –ignorei seu pedido de arrependimento.–

Abraham: tenho.

Maria: se quiser, eu mando uma mensagem pra Manoela desmarcando nosso passeio de hoje... –disse séria.–

Insta Direct || Abraham MateoOnde histórias criam vida. Descubra agora