Capítulo 33.

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Maria: como assim?  –o encarei perplexa.–

Abraham: leva ela pra longe daqui Andrés, por favor.  –falou, ignorando-me.–  Creio que não será nenhum incômodo, não é?   –ironizou.–

Andrés: vem Maria...  –disse me puxando, já que suas mãos ainda estavam a segurar meus braços, mas não de forma bruta.–

Maria: me solta.  –disse fria e aparentemente calma, desvencilhando-me de seus braços.–  Eu saio com o maior prazer.   –dei uma última olhada na direção do Abraham, fuzilando-o com os olhos e então saí do camarim tentando me manter firme.–

Ao cruzar a porta, alguns passos depois, senti meu corpo pesar. Meus olhos estavam marejados, tornando minha visão embaçada. Apoiei-me na parede ao meu lado e chorei, chorei muito, deixei que as lágrimas caíssem sem hesitação, sem me preocupar se tinha alguém a me olhar, e desejei odiar aqueles dois, os dois. Mas só consegui me odiar. Odiei-me por ser tão idiota de ter tentado enfrentá-la. Eu já deveria saber que perderia. Aquela garota era graduada e pós graduada em fazer a cabeça das pessoas, em ser falsa e envolver quem quer que fosse em suas mentiras bem elaboradas. É óbvio que ele ficaria do lado dela. Deveria ter caído fora antes, eu já premeditava que isso pudesse acontecer, mas eu o amava tanto que não pensava em mais nada que não fosse nós dois juntos, enfrentaria o mundo inteiro e não daria ouvidos a absolutamente ninguém que me dissesse para ficar longe dele. Conseguiria ultrapassar e vencer todos os obstáculos contanto que ele estivesse a segurar minha mão, na minha cabeça tudo ficaria bem e eu seria capaz de ganhar qualquer batalha. Porém ele havia soltado minha mão na primeira oportunidade, na primeira crise de ciúme, de forma tão rápida que eu não me dei conta a princípio e não me permiti acreditar. Devo ter perdido as contas de quantas vezes senti ciúmes dele, mas eu nunca, nunca, expus ele ao ridículo como ele fez comigo hoje. Acho que o que mais me fazia sentir destroçada por dentro era o fato de que eu tinha plena consciência, bem lá no fundo eu sabia, que estava completamente certa. Embora violência não fosse a melhor forma de se resolver as coisas, numa situação como aquela e eu como uma humana, era até compreensível.

Andrés: Maria!  –exclamou.–  Você tá bem?  –perguntou, agachando-se ao meu lado.–

Olhei-o quase suplicando para que ele me tirasse dali, porque se dependesse de mim, eu não conseguiria levantar nem tão cedo.

Andrés: vem! Eu te levo pra o hotel.  –abraçou-me, puxando meu corpo mais para si, ajudando-me a levantar.–

*

Maria: eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida...  –disse fungando, tentando controlar as lágrimas que ainda insistiam em cair sem parar.–

Andrés: eu ainda não entendi. O que foi que aconteceu lá?  –perguntou enquanto dirigia, intercalando o olhar na estrada e em mim.–

Maria: não é de hoje que a Belinda tenta me tirar do sério. Ela é apaixonada pelo Abe e está disposta a nos afastar a todo custo. Ela me viu conversando com você e disse alguma besteira pra ele, eu não sei o que foi, mas boa coisa não deve ter sido porque quando eu fui contar que você iria me ajudar com o Espanhol, ele me tratou diferente. Daí ela entrou no camarim falando de um jeito irônico e debochado, e eu perdi o controle.  –expliquei um pouco mais calma, enxugando as lágrimas.–

Andrés: então a culpa foi minha. Me desculpa Maria! Eu não deveria ter ido falar com você. Poderia ter evitado toda essa confusão. –falou sério enquanto esperava o sinal abrir, com seu braço esquerdo apoiado na janela do carro e sua mão perto da boca de forma que a entortava um pouco. Era sexy, devo confessar.–

Insta Direct || Abraham MateoOnde histórias criam vida. Descubra agora