Capítulo 67.

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Maria: mas isso é loucura! Eu jamais concordaria com isso. Quero poder ajudá-lo, mas isso... isso já é demais.

Quem em sã consciência me faria um pedido escabroso desses a par de tudo o que o Andrés já fora capaz de me fazer? É ridículo! Nem que fosse o único jeito de ajudá-lo a superar tal diagnóstico, eu conseguiria ter estômago para encarar dias, talvez meses, fingindo estar tudo na mais perfeita ordem.

Abraham: você não tem noção do quão aliviado eu estou em te ouvir dizer isso.

Maria: eu prometo não me sujeitar a essa ideia sem noção, desde que você pare de querer resolver as coisas por mim e não me esconda mais nada, nunca mais.

Abraham: eu faço o que você quiser, Maria.

Será que eu era realmente digna mesmo de tê-lo em minha vida? Ainda me pegava pensando a respeito. Por mais que eu agisse como uma completa idiota, e até mimada às vezes, Abraham nunca se apegava ou se afetava pelas coisas pequenas e banais que poderiam afetar a nossa relação, ele sempre colocava o que sentia por mim first, acho que por isso ela continuava de pé.

Maria: talvez esse não seja o momento certo pra o que venho querendo te dizer há dias, mas isso tá entalado na minha garganta... e... por mais que você já saiba, eu realmente preciso ressaltar.

Abraham: você tá me assustando...

Maria: espero não inflar o seu ego, mas já o fazendo... você é o melhor companheiro do mundo, Abe. –confessei, sentindo uma vergonha absurda por ter deixado as coisas tomarem essa proporção. Abraham mesmo errando, sempre tinha as melhores das intenções.– Eu sou muito grata por ter a honra de ser amada por você.

Abraham: eu não fiz por mal. –ele me abraçou apertado, se desculpando mais uma vez.– Eu te amo.

Maria: você não fez por mal, eu sei. –o agarrei muito forte, me debruçando em seus braços angustiada, buscando, e encontrando sem dificuldade alguma, o meu porto seguro, que sempre, sempre estava lá por mim.– Eu também te amo.

[...]

Uma mistura de medo, preocupação, angústia, ansiedade, comoção se irradiava brutalmente e ao mesmo tempo por todo o meu corpo, e eu já podia sentir os espasmos de nervosismo se intensificarem no minuto em que as solas da minha bota preta tocaram o piso branco e esteticamente frio do hospital central de Madrid. A viagem inteira tentei ao máximo não pensar tanto no quadro do Andrés e me esquivei de qualquer tentativa de pôr muitas expectativas positivas nisso, não queria me decepcionar.

Abraham: eu tô aqui com você, mi estrella. –ele entrelaçou nossas mãos com mais firmeza e eu ansiei desesperadamente que esse gesto amenizasse a aflição em meu coração... sem sucesso.–

O lancei um sorrisinho amarelo, infinitamente agradecida pela sua companhia.

Ana (nome fictício): Maria! –falou calorosa assim que me viu.– Pensei que não viesse mais visitar meu menino.

Maria: eu não deixaria vocês na mão, Ana. –a abracei, amigavelmente.–

Abraham: como vai, Ana? –ele a cumprimentou também com um abraço, mas percebi que não foi muito de sua vontade, compreensível.–

Ana (nome fictício): estou muito melhor agora que meu filho não corre risco.

Maria: como ele tá?

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