Capítulo 89.

65 6 4
                                    


Maria: o que você faz aqui? –perguntei num sussurro.–

Abraham: creio que aqui não seja o melhor lugar pra discutirmos isso.

Xxxx: cara, eles me obrigaram a falar... desculpa! –Guilherme o soltou e o rapaz continuou com uma feição assustada ao ver o Abraham, mas a julgar pelo modo que se dirigiu a ele, pude constatar que já tinham tido outras conversas antes.–

Abraham: não se preocupe, eu vi. Meu assessor vai entrar em contato pra acertar tudo com você. Obrigado.

Maria: Abraham...

Abraham: aqui não. –pontuou, permanecendo sério.– Siga o carro que estou, vamos até o hotel que estou hospedado.

Ele me deu as costas curto e grosso e seguiu caminhando em direção a um carro preto estacionado do outro lado da avenida e só então eu percebi a presença de seguranças próximos ao local, observando tudo de longe.

Guilherme: você está bem?

Maria: não, mas não posso mais adiar isso. –soltei o ar preso em meus pulmões.– Avisa a minha mãe o que houve, por favor.

Guilherme: pode deixar.

Maria: e obrigada por ter vindo... agora é comigo. –o abracei em forma de agradecimento.–

Entrei dentro do carro ponderando se estava realmente capaz de dirigir e ao pôr minhas mãos trêmulas no volante, obtive minha resposta. Abaixei o vidro e fiz sinal com a mão de que algo estava errado, não demorou para que um dos seguranças viesse até mim.

Xxxx²: tudo bem?

Maria: não tenho condições de dirigir.

Xxxx²: ok, vou ligar pra o senhor Mateo pra repassar a informação. –disse com o celular já em mãos.–

Maria: quanta formalidade. –revirei os olhos.–

Xxxx²: sim, senhor. –encerrou a ligação, aceitando seja lá o que o Abraham tinha ordenado.– Venha comigo. –abriu a porta para mim, olhando para os lados.– Na minha frente, senhorita. –instruiu. Quis dar um belo de um fora, mas ele só estava fazendo seu trabalho, então fiz o trajeto até o outro carro em silêncio.–

Quando entrei no carro e fui praticamente obrigada a ir atrás com ele uma vez que os bancos da frente estavam sendo ocupados pelo condutor e o segurança que me trouxe, fechei a cara, procurando manter uma distância segura que me impedisse de batê-lo e deixar bem claro que a Valentina não sairia de perto de mim de jeito nenhum. Ele me olhou rapidamente, mas voltou sua atenção para a janela ao seu lado e foi assim até o fim do percurso, o tal hotel, que era um pouco longe do meu bairro, valendo ressaltar.

Maria: será que eu posso falar agora? –alfinetei, no momento em que entramos em seu quarto e ficamos a sós.–

Abraham: eu que deveria iniciar essa conversa, Maria.

Maria: tudo bem. Vá em frente então. –tirei minha armadura, sentindo meus olhos começarem a lacrimejar.–

Abraham: eu vim pra o Brasil disposto a te fazer repensar sobre nós... –ele iniciou, com as mãos em seus bolsos, olhando fixamente para a varanda à sua frente.– E quando cheguei aqui, cerca de duas semanas, antes que eu pudesse descer do carro e tocar a campainha da sua casa, você saiu pelo portão com uma garotinha nos braços. Eu não entendi muito bem e até pensei que fosse uma prima sua, sei lá, uma prima distante... mas alguma coisa dentro de mim dizia pra eu tirar essa história a limpo, afinal, ela parecia ter a idade do tempo que nos separamos, e por mais que eu achasse que tivesse enlouquecendo, alguma coisa continuava não se encaixando. Então eu resolvi contratar alguém que pudesse se aproximar dela sem que chamasse a sua atenção... é claro que o fato de eu não falar português chamaria a atenção dela e consequentemente a sua porque ela ia acabar contando isso pra você. –ele respirou fundo, se virando para mim e me encarando pela primeira vez desde que chegamos.– Maria, ela diz ter um pai que nunca conheceu... sou eu?

Insta Direct || Abraham MateoOnde histórias criam vida. Descubra agora