Capítulo 91.

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Percebi que ele falaria mais, mas fomos surpreendidos pela voz da Valentina se aproximando e isso o fez me soltar rapidamente.

Valentina: mamãe? –a ouvi me procurar no quarto.–

Maria: estou aqui, Vale. –fui ao seu encontro, ainda um pouco sem jeito.–

Valentina: já tomou banho? O papai tá chamando.

Maria: vou agora, meu anjo. –a peguei em meus braços a abraçando apertado para que ela não me visse com os olhos molhados e dissesse ao Andrés, mas ao mesmo tempo querendo senti-la junto a mim, querendo sentir o pedacinho do Abraham fora do seu corpo.– Eu te amo, bebê.

Valentina: também txi amo, mamãe. –ela segurou meu rosto com suas duas mãozinhas e me encarou como se pudesse ver a minha alma, os mesmos olhos negros que herdou do seu pai, logo selou meu rosto com um beijo molhado num gesto que me acalmara mesmo que ela não pudesse compreender.– Agola vai logo que eu tô morrendo dxi fome.

Maria: quando que você não tá. –disse para mim mesma, rindo ao vê-la correr lá para baixo ansiosa.– Cuidado com a escada! –gritei.–

Toquei meus lábios podendo sentir ainda o toque do Abraham adentrando meu coração, gostaria de ignorar todas as sensações que ele provocava em mim, mas como sempre, era quase impossível. Dessa vez eu estava literalmente num beco sem saída, o queria, mas tinha o Andrés entre nós e eu não saberia como contar que me dei conta de que precisava do Abraham, que não era só meu corpo agindo por si só, que o meu interior suplicava para estarmos juntos novamente e para sempre. Ali eu vi que meu coração e alma pertencia ao Abraham e eu não conseguiria mais lutar contra meus sentimentos, não estando constantemente em contato com ele, como seria um hábito a partir de agora. Achava que amava o Andrés o suficiente para continuar minha vida com ele, mas vi que amo muito mais o Abraham a ponto de desejar profundamente estar com ele, somente ele. Se todas as vezes que eu estivesse com o Abraham eu fraquejasse dessa forma e ponderasse minhas escolhas, era melhor ficar sozinha e evitar de fazer mais alguém sofrer. Eu tinha que encontrar uma maneira menos dolorosa para nós todos de pôr um fim no nosso relacionamento, mas de manter seu contato com a Valentina.

Tomei um banho demorado para relaxar e desci para jantar, reunindo todas as minhas forças para fingir que absolutamente nada havia acontecido. Ambos estavam sentados à mesa, seguidos da Valentina que já devorava seu prato de miojo, mas o clima era tenso e se agravou com a minha chegada, eu era o intermédio dos dois e naquele momento em especial não queria falar com nenhum dos dois, o que os deixava praticamente mudos.

Andrés: você demorou...

Maria: foi. –forcei um sorriso amarelo.–

Andrés: tá tudo bem? –acarinhou minha mão sobre a mesa.–

Maria: tudo tranquilo, só estou com fome.

Claro que ele não engoliu minha desculpa esfarrapada, mas pelo menos não prolongou a conversa. Começamos a comer sua macarronada reforçada todos em silêncio, com exceção da minha matraca falante. Abraham mal tocou na comida e em questão de minutos se retirou, depositando um beijo de boa noite na cabeça da Vale, que não gostou muito do seu gesto, mas também não falou nada, só fez careta.

Andrés: vocês estão estranhos desde que subiram.

Maria: impressão sua.

Andrés: eu conheço você.

Maria: estamos tristes com a... –inclinei a cabeça, fazendo menção da Vale em outras palavras.– Claro que não é culpa dela, mas a gente queria que fosse diferente. –encenei minha melhor cara de cabisbaixa para que ele não desconfiasse de mais nada e com sorte ele acreditou.–

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