Capítulo 83.

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Mês 4

Pensei ter sentido alguma coisa quando o Andrés tocou minha barriga mês passado, mas conversando com a médica dias depois descobri que fora apenas uma cólica leve provavelmente por conta do crescimento uterino. Fiquei um pouco frustrada ao saber, por perceber que eu rejeitava tanto essa criança que não conseguia nem ao menos me esforçar para pesquisar sobre e mergulhar fundo no assunto e desvendar certos detalhes da gravidez que para mim eram um mistério, então eu acabava interpretando tudo errado. Minha barriga cresceu mais um bocado e agora estava mais à vista, fazendo eu me sentir como se estivesse entrando numa calça 36 ao invés de 40, segundo a minha mãe eu precisava dar uma renovada no guarda roupa, comprar roupas menos justas para evitar o incômodo, do contrário eu iria continuar me achando um mamão papaia de calça jeans. Os ataques de fome também foram uma novidade e eu tive que me controlar para não ceder a tentação de comer mais do que realmente deveria, iniciando uma dieta saudável, não para emagrecer e sim escapar de virar um monstro de gorda.

Mês 5

Me encarei no espelho e não fiquei contente com o que vi, meu corpo já não era mais o mesmo, não tinha outra parte de mim que ofuscasse a atenção da barriga, nem eu mesma conseguia olhar para outro canto que não fosse ela, e isso seria genuíno se eu não a olhasse de maneira negativa, como um intruso, um parasita. Uma barriguinha de quatro meses dava até para passar batido, mas a de cinco começou a atrair olhares e perguntas e eu me peguei extremamente desconfortável com tudo isso, usando roupas cada vez mais largas para esconder. Dizem que é nesse mês que o bebê começa a reconhecer as vozes, logo conversas, canções e leituras viraram quase um hábito para o Andrés, só não diário porque ele ficava no Brasil uma semana no máximo, não porque ele não queria ficar mais, mas porque eu não queria que ele se distanciasse da sua vida mais ainda. Nesse meio tempo o Tony e a Susana ligaram várias e várias vezes e eu como não tinha a capacidade de conversar com eles sem tocar no nome do Abraham, achei melhor nem atender, estava mais fácil de lidar com sua ausência sem qualquer notícia que fosse, sem que eu pagasse de sua stalker na internet, evitava muito chororô.

Mês 6

Não sabíamos ainda o sexo do bebê porque eu havia pedido a médica que não me contasse já que o Andrés não pôde estar presente na última ultrassom, seria injusto que ele perdesse esse momento considerado tão importante por ele, e nem eu estava ansiosa porque não fazia diferença uma vez que se eu pudesse escolher não teria nem um menino dentro de mim quanto mais uma menina. As dores nas costas se tornaram impertinentes e eu passava mais tempo com as pernas em cima de alguma superfície alta do que em pé, andar se tornou um desafio, assim como dormir, o tamanho da minha barriga dificultava muito o sono, sendo quase uma luta dia após dia para encontrar uma posição menos ruim. Dá para amar o bebê ao mesmo tempo que se sente todas essas dores e complicações? Gostaria mesmo de saber.

E enfim chegara o dia da ultrassom.

Andrés: olha só quem está de volta! -ele entrou em casa anunciando sua chegada com um sorriso de canto a canto, sem muletas ou qualquer indício em seu corpo de que um dia sofrera um acidente, eu não podia estar mais contente por sua recuperação, e o bebê parecia sentir saudade já que dava chutes inconvenientes em minha barriga, reconhecendo a sua voz.- Oi Sandra!! -cumprimentou minha mãe com um abraço.- Cheguei pra tirar 50% do peso da chatice da Maria das suas costas.

Sandra: ah, só você mesmo pra aturar essa menina. -deu risada.- Eu já tô quase arrancando os cabelos de tanto mau humor que ela esbanja ultimamente.

Insta Direct || Abraham MateoOnde histórias criam vida. Descubra agora