Capítulo 59.

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Maria: como será que o Andrés deve tá, Abe?

Abraham: do mesmo jeito.

Maria: que pessimismo!

Abraham: não, não é pessimismo. É que o Jacobo se prontificou pra ser o primeiro a me avisar caso houvesse alguma melhora.

Maria: espero que ele acorde e se recupere logo. –falei pensativa.– Sabe, por incrível que pareça eu não tô sentindo aquele ódio insano dele.

Abraham: não acho que você seja capaz de guardar rancor, digo isso por experiência própria. –citou por entrelinhas o momento no qual se descontrolou e me machucou fisicamente.–

Maria: prometemos não tocar nesse assunto nunca mais...

Abraham: eu sei, mas é inevitável não lembrar.

Maria: não se martirize sempre que a imagem daquele dia vier à sua cabeça.

Abraham: você está se ouvindo, Maria? Não me defenda! Eu não mereço.

Maria: não estou te defendendo, só quero deixar a sua culpa mais tolerável. Você se arrependeu e eu te perdoei.

Abraham: eu nunca vou me conformar com aquela atitude. Eu sinto asco de mim cada vez que olho pra o seu rosto e me recordo da marca que deixei... –pelo timbre da sua voz, eu já sabia que seus olhos estavam marejados.–

Maria: pensar assim não é saudável. Você precisa perdoar a si mesmo.

Abraham: você não tem medo de que aquilo aconteça de novo?

Maria: eu confio em você o bastante pra dizer que não, eu não tenho medo. A repulsa que você sente é o que prova pra mim que isso não tem qualquer mínima chance de se repetir. –o encarei.–

Abraham: eu vou tentar limpar da minha mente a partir de agora, mas antes, te peço perdão novamente...

Maria: você tem o meu perdão. –finalizei a conversa beijando uma lágrima sorrateira que rolava pelo seu rosto, em sinal de libertação tanto para mim quanto para ele.–

Abraham: você vai contar a sua mãe sobre o Andrés? –perguntou, enxugando suas lágrimas.–

Sandra: o que tem o Andrés? –nos surpreendeu com sua súbita aproximação.– Você tá chorando, Abraham?

Maria: ele tá emocionado porque se lembrou da primeira vez que veio pra cá. –menti.–

Sandra: ah bom. –sorriu.– Mas e o Andrés, o que tem ele?

Maria: a história é longa mãe, em casa te conto.

Sandra: tudo bem. Abraham! Por que você precisou que traduzissem o que aquela menina tava dizendo, mas quando eu falo, você na maioria das vezes me entende tranquilamente?

Abraham: não sei, acho que tô acostumado já com o jeito que você fala, então algumas palavras soam familiar e dá pra entender.

Guilherme: de tanto ouvir certas palavras cotidianas, parece que o ouvido acostuma... fica ainda mais fácil a compreensão quando se trata de duas línguas parecidas como o Português e o Espanhol. Isso é um exemplo do que acontece quando se vai morar em outro país.

Maria: engraçado o que a convivência e o contato com o idioma faz, não é? No começo eu precisava traduzir quase tudo, já agora ele fala diretamente com a minha mãe, e mesmo quando não se entendem, se entendem. –demos risada.–

Insta Direct || Abraham MateoOnde histórias criam vida. Descubra agora