6 meses depois...
Voltar para o Brasil e seguir com a minha vida e rotina foi uma tarefa complicada, a imagem do Abraham vinha em minha mente repetidas vezes e me tirava o sono. Me sentia envergonhada pela minha ceninha com o Andrés quando estávamos em Madri, aquela desesperada tentativa de fazê-lo me lembrar a todo custo que o laço que tínhamos podia ser muito mais forte do que qualquer fraquejada que eu viesse a ter. Por sorte, ele entendeu minha agonia como se tivesse sido por me sentir ameaçada pelo Abraham, com medo dele descobrir sobre a Valentina e querer tirá-la de mim, e não porque me dei conta que não tinha o esquecido. Sabia que não havia a possibilidade dele descobrir sobre ela, a menos que contratasse alguém para seguir meus passos, mas é claro que ele não cometeria tamanha loucura, afinal, se ele quisesse contato já teria o feito.
Minha bebê estava cada dia mais parecida com o pai, de mim só tinha os lábios mais carnudos e o tom da pele, e até seus olhinhos castanhos eram assustadoramente expressivos como os dele. Colocando-os lado a lado, certamente seria dispensado um pedido de DNA, não que precisasse vê-los juntos para notar as semelhanças, mas fortaleceria ainda mais a afirmação. Ela não tocou mais no assunto "conhecer o pai" desde aquele dia e eu me agradecia internamente por isso, não saberia mais me manter firme nas palavras tendo estado tão perto de alguém que poderia amá-la incondicionalmente como fez comigo. Eu daria tudo para saber como ele reagiria se por ventura soubesse da Vale.
Minha mãe tinha ido buscá-la na escola, já que estava de folga, e eu aproveitei para arrumar seu quarto que continha brinquedos espalhados por tudo quanto é canto do chão. Tomar conta dela era como o quadro do programa do Faustão "se vira nos 30", tendo que me desdobrar para não deixar a casa virar de cabeça para baixo e ao mesmo tempo cuidar de mim e dela, bem como dar toda atenção que ela merecia. Ser mãe é uma doideira, mas eu amo, incondicionalmente. Quando eu estava terminando de guardar as suas duas últimas barbies, escutei a porta da entrada ser aberta e um choro invadir os meus ouvidos e ecoar pela casa inteira. Fui até ela.
Maria: o que aconteceu? –franzi a testa preocupada.–
Sandra: ela...
Maria: filha, vem aqui com a mamãe... –nem esperei minha mãe me explicar nada, já fui querendo colocá-la em meus braços e ampará-la, mas ao chegar perto ela simplesmente me empurrou e saiu correndo para o seu quarto.–
Sandra: a culpa do que houve é somente sua, Maria.
Maria: o que foi que eu fiz? –a encarei sem entender sua acusação.–
Sandra: a idiotice de inventar mil e uma desculpas pra que ela não conheça o Abraham. O resultado disso é as coleguinhas rindo por ela não ter um pai.
Maria: o quê?
Sandra: não acha que é melhor rever essa sua decisão, minha filha? –pegou minhas mãos carinhosamente.–
Maria: o que tem que se rever aqui é como as professoras dela lidam com esse tipo de comportamento. –retruquei ácida, não queria ter que entrar nesse assunto novamente.– Pelo amor de Deus, são crianças, mas é preciso freá-las quando extrapola certos limites.
Sandra: pouco importa como resolvam e o que digam, sua filha não tem uma presença paterna por puro orgulho seu. –esfregou na minha cara.–
Maria: orgulho? –repeti incrédula.– Mãe, você acompanhou toda a história. Só Deus sabe o quanto eu quis contar, mas eu tive medo, medo de atrapalhar a sua carreira. –tentei me justificar.–
Sandra: eu sei, e por muito tempo eu concordei com essa loucura, mas agora eu enxergo o quanto isso pode prejudicar no crescimento dela.
Maria: eu não sei como ele reagiria. E se renegá-la? Eu não vou deixar que uma possível rejeição dele atinja a minha filha.
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Insta Direct || Abraham Mateo
FanfictionDois adolescentes de vidas completamente diferentes, a sonhadora e o astro. Brasileira de 16 anos, Maria - assim como qualquer outra fã - tinha o sonho de conhecer seu ídolo, vulgo Abraham Mateo. Nessa incessante luta a fim de realizar seu (até entã...