Capítulo 84.

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Despertei ao sentir leves batidas no meu rosto e escutar diferentes vozes que eu não reconhecia ao meu redor. Tentei abrir os olhos lentamente, mas quase os fechei de novo por conta da excessiva claridade, logo me dei conta de que estava num hospital e fiquei assustada ao não me lembrar de imediato o motivo de estar ali. A minha médica me encarava como se esperasse uma outra reação... Oh não! Minha médica obstetra. A realidade me trouxe de volta. Eu desmaiei quando senti as primeiras contrações. Eu estava em trabalho de parto. Que merda!

Xxxx: Maria, você tá bem? A partir de agora você precisa aguentar firme, querida. Os intervalos das contrações são de 15 a 20 minutos e as dores serão insuportáveis. –ela continuou a sustentar sua ideia de que o parto normal seria a melhor opção, podendo ser dispensado só em caso de complicação.–

Maria: eu já disse desde o início das consultas que não aceito parto normal, doutora. Não adianta tentar me convencer, ainda mais agora que sei a dor que vou ter que suportar. –mantive minha decisão de que não valeria a pena sentir tanta dor e fazer tanto esforço para parir uma criança na qual eu não possuía laço algum.–

Xxxx: tudo bem, não quero que se estresse. –segurou minha mão de forma gentil, finalmente caindo em si.– Esse é um momento delicado, sua vontade prevalecerá.

Maria: obrigada. Será que posso falar com o meu namorado antes da dor que vai me atingir em poucos minutos?

Xxxx: claro que sim, o Andrés está aí fora. Vou preparar a equipe pra um parto cesárea. –disse se dirigindo à porta, um pouco relutante até já que era conhecida por defender as vantagens do parto normal tanto para a mãe quanto para o bebê.–

Andrés: até que enfim! Fiquei tão preocupado com você, meu anjo. –veio até mim num misto de empolgação e ansiedade.–

Maria: eu estou bem. –tentei acalmá-lo lançando um olhar sereno de como quem diz que tudo vai dar certo ao final.– Minha mãe, cadê?

Andrés: está a caminho.

Maria: optei pela cesárea.

Andrés: qualquer que seja a sua escolha, Maria, ela será atendida. Ou eu não me chamo Andrés. –sorriu de lado.–

Xxxx: está tudo pronto, Maria. –uma enfermeira entrou no quarto.–

Maria: quero que você esteja lá comigo. –pedi, meu olhar era de aflição a aquela altura.–

Andrés: e eu estarei. –selou meus lábios.–

Fui levada para a sala de cirurgia e mesmo sem aparentar tamanho nervosismo, me aplicaram um calmante, o que por um lado foi bom. Por sorte, eu coincidentemente estava num jejum de 12 horas por pensar que eu era um urso e precisava hibernar, o que resultou no início dos preparativos do parto sem demora. O Andrés passou por um processo rápido de esterilização das mãos e braços e então pôs aquela roupa azul calcinha ridícula, touca e máscara, vindo para o meu lado em seguida. Uma das enfermeiras aplicou em minha lombar uma nova dosagem do que eu deduzi ser a ráqui, não doeu absolutamente nada, contrariando todo o espanto que minha mãe fizera quando me contou sobre seu parto. Em menos de 5 minutos eu já não me sentia do peito até os pés. O procedimento começou e a todo momento a equipe conversava comigo e tentava me deixar a vontade com a situação, o Andrés tinha um majestoso sorriso no rosto e lágrimas de felicidade, me fazendo carinho a todo instante. Eu não via a hora de todo esse espetáculo acabar, era como se eu estivesse em cima do palco e todos em minha volta prestassem atenção em mim, do nada eu me tornei o centro das atenções, compreensível, mas desagradável devido as circunstâncias. Ao menos ninguém viu minhas partes íntimas, pelo menos isso.

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