Capítulo 70.

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Ao parar para que o porteiro me visse e autorizasse minha entrada e a do taxista, perguntei-lhe se o Abraham estava em casa e ele me respondeu que sim, desde ontem; respirei aliviada, precisávamos conversar, principalmente depois de uma noite e metade de um dia embromando para voltar para casa. Quando chegamos, paguei a corrida e entrei dentro de casa quase correndo.

Maria: Abraham? –o chamei alto, jogando as chaves na mesinha perto da porta.– Abraham? –repeti, e nada.–

Me dei conta de que as luzes do quintal estavam todas devidamente acesas já que estava anoitecendo, então ele só poderia estar lá. Caminhei lentamente até a parte detrás da casa e assim que passei pela porta da cozinha, me deparei com o Abraham de bruços dentro da piscina, ainda de roupa.

O desespero tomou conta de mim e eu corri desesperada ao seu encontro, me jogando dentro da piscina e puxando seu corpo para mais perto da borda. Eu não conseguiria tirá-lo e nem teria ajuda porque as casas no meu condomínio eram distantes uma da outra, mesmo que eu gritasse não ouviriam. Não podia soltá-lo, e quando eu finalmente, com muito esforço, conseguisse retirá-lo da água, reanimá-lo pareceria uma enorme incógnita para mim, resumindo... não sendo capaz de pensar em mais nada para acordá-lo de imediato, eu estava enrascada. O medo de ir buscar ajuda e não conseguir voltar a tempo me deixava mil vezes mais nervosa. Sua testa continha um pequeno corte que sangrava um pouco, me deixando ainda mais assustada. Mas como e por que carambolas Abraham foi parar dentro dessa piscina? Cerca de alguns minutos – que mais duraram uma eternidade para mim – ele tossiu, cuspindo pequenos respingos de água.

Maria: Abraham, você tá me ouvindo? –perguntei afobada, com o rosto encharcado não só de água com cloro, mas de lágrimas salgadas também.–

Abraham: o que você...? Ai, minha cabeça dói. –respondeu, me olhando confuso e com cara de dor.–

Maria: você me assustou, Abe. –o abracei apertado, mais abrandecida.– Você me assustou, seu idiota. Como veio parar aqui? Tem noção do que poderia ter acontecido se eu tivesse demorado pra chegar? –disparei, ofegante e chorona.–

Abraham: é, tenho, talvez assim você se lembrasse que eu existo. –saiu da piscina, se sentando na beirada, se recuperando da sua tosse.–

Maria: você é ridículo! –gritei com voz fina, como uma menina mimada reclama da corrente de ar que faz frizz em seu cabelo.– Eu quero muito socar a sua cara, Abraham. –tentei controlar meus soluços.– Se te acontecesse algo pior, eu não suportaria. Eu não posso te perder, Abe... não posso. –cobri meu rosto com as mãos, angustiada com o que poderia acontecer se eu tivesse demorado mais para voltar para casa.–

Abraham: não foi minha culpa.

Maria: CLARO QUE FOI! –esbravejei, intensificando o choro.– EU NÃO QUERO MAIS ESSA CASA... QUERO UMA SEM PISCINA!

Abraham: foi um acidente. Poderia ter acontecido por qualquer outra razão, Maria.

Maria: eu não quero ter outro susto desses...

Abraham: e não vai... bem, eu espero que não. –falou mais manso, mordendo os lábios nervosamente.–

Maria: o que aconteceu? Por que sua testa tá machucada?

Abraham: eu vim aqui pra espairecer, mas distraído acabei escorregando e batendo a testa na borda, depois disso apaguei.

Maria: vamos pra um hospital, pode ter sido sério...

Insta Direct || Abraham MateoOnde histórias criam vida. Descubra agora