Capítulo 15: Talvez

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~ Sam On~

~Já deixa sua estrelinha logo, meta: 700~ 

Depois de um dia preguiçoso, finalmente consigo tomar um banho relaxante. Estou bem animado para a festa do vinho da região. É o maior evento das redondezas e só acontece uma vez por ano. Escolho uma camisa de botões listrada em verde escuro.

Deixo meus óculos na mesinha de cabeceira. Acho que tudo bem ir sem eles essa noite. Dependendo da quantidade de vinho, talvez eu até perderia ele, então espero que ele fique seguro em casa.

Curti o dia todo com Leah e Anne. Ben, Charlie e seu avô George foram no centro resolver alguns assuntos. Eles até me chamaram para ir. Mas melhor não. Quanto mais longe do maníaco que é Charlie, melhor.

Por ser uma festa bem tradicional que acontece a muitos anos, algumas pessoas entram na vibe ''caipira'', incluindo Charlie que por algum motivo decidiu praticamente se fantasiar de lenhador. Ele estava de jeans, botas e camisa xadrez com uns dois botões abertos deixando uma leve amostra do que era seu tórax. Estava ridiculamente sexy.

Leah estava de shorts jeans, uma blusa preta, bem transparente. Talvez fosse noite de causar.

- Todos prontos? - Ben perguntou animado.

Talvez eu nunca tenha de fato julgado Leah por ela ter se apaixonado por Ben. Porque mesmo que eu ainda não tivesse certezas sobre minha sexualidade, acho que desde sempre eu soube e admiti como ele era espetacular. Acho bobagem que caras não possam admitir a beleza do outro. E que beleza tinha Ben. Os seus olhos irradiavam um azul tão claro e seus cabelos um pouco encaracolados e descontrolados sempre foram seu charme a mais, se bem que ele cortou. Mas de alguma forma, ele conseguiu descobrir mais um jeito de ser perfeito.

Claro que nunca compartilhei sentimentos em relação a ele. Quando eu sou a perspectiva, acharia estranhíssimo beijá-lo ou ficar com ele. Para Leah ter feito isso, não é por qualquer coisa.

Entramos no carro. Charlie estava só sorrisos, ligou até uma música eletrônica. Que ótimo. Pelo menos não ia ter que aguentar nenhum mau humor.

George e Anne já tinham ido mais cedo porque eles fazem parte de uma comissão de sei lá o que.

Tivemos que estacionar o carro à vários metros da festa, talvez um quilômetro, tinha muita gente. Muita mesmo.

Na entrada, eles pediam nossas identidades. Tive muita vontade de ter trazido minha identidade falsa quando a funcionária da bilheteria carimbou um x vermelho na minha mão.

Entregou-me uma grande caneca de alumínio que dizia '' 56º Festival do Vinho! Aproveite essa festa!''.

Como aproveitar se vou ficar bebendo suco de uva a noite toda?

Olhei para Leah e ela também estava com aquele x broxante no braço. Mostrei o meu e fiz cara de tristeza.

- Relaxa que vamos conseguir beber. - ela falou sem perder o ânimo.

Estranhei o fato de Charlie não estar com um x, ele não tinha dezoito ainda. Ia completar ainda aquele ano. Mas ainda não tinha.

- Por que não tem o x? - Leah perguntou segurando o braço do seu irmão.

- Conheço a Liz. - Ele sorriu maliciosamente, virou para trás e piscou o olho para a menina da bilheteria.

Esse garoto era impressionante. Ás vezes eu não conseguia enxergar porque afinal, crescemos juntos. Eu lembro dele quando não era esse poço de músculos, quando chorava feito um bebê no halloween, quando usou aparelho por dois anos, quando não era nada do que é. Mas mesmo que esquecesse, Charlie Miller era o cara mais popular de toda a escola.

Entre VírgulasOnde histórias criam vida. Descubra agora