Entre Vírgulas

Capítulo 51: Príncipes

~Caleb On~

~Penúltimo caps da temporada, com esse Deus Grego chamado Caleb Revoltado Black~

Um dos maiores erros que podemos cometer é criar expectativas demais. Isso em vários contextos, referente à situações e à pessoas. De alguma forma, os últimos meses conseguiram mudar minha vida de uma forma que nunca achei que aconteceria.

Eu tinha tudo tão bem planejado, aparentemente me conhecia tão bem. Sempre me achei muito simples. Eu estudava, tirava notas boas, era responsável, me dedicava a algumas atividades extracurriculares, tinha amigos. Quando alguém me elogiava demais, como se eu fosse perfeito, apenas achava engraçado. Nunca me achei tudo isso.

Mas até então, pelo menos tinha uma noção do que eu era e o que queria me tornar. Estava andando em linha reta, até começar a cambalear e perdi meu caminho.

Da janela do meu novo quarto, se é que já posso chamá-lo assim, só vejo prédios por todo lado. A cidade cinza me faz ter saudade da serenidade da vizinhança de Holmes Chapel, mas ao mesmo tempo, já nem sei mais se a calma me representa.

Lembro-me do dia que meus pais me chamaram na sala. Minha mãe estava com a expressão abatida, mas nem se equiparava ao meu pai, ele parecia controlar sua revolta. Como se travasse uma luta interna.

O que parecia uma conversa inocente, se tornou na maior contradição da minha vida. Desde que me conheço por gente, vejo meus pais sendo o maior exemplo de amor possível. Eles eram tão diferentes mas de certa forma, se complementavam, a ponto de a diferença ser boa, como quando comiam pizza e minha mãe não comia as bordas e essas eram justamente as partes que meu pai mais gostava. Era estranho o quão eles pareciam perfeitos um para o outro nos mínimos detalhes.

''... talvez seja melhor a gente ter novas experiências, ainda vamos continuar nos amando porém ... '' Nem me recordo mais o que minha mãe estava falando.

Eu me levantei daquele sofá e simplesmente não conseguia acreditar que eles estavam mesmo fazendo aquilo. Não tinha explicação. Para mim, em nenhuma hipótese ia ser melhor para aquela família que minha mãe fosse morar na Alemanha por vários meses e por isso meus pais decidiram se separar.

Acho que nunca perdi tanto o controle. Eu sentia um ódio que só crescia sempre que pensava na história.

Naquele dia, eu até mesmo xinguei meus pais, coisa que seria impensável a algum tempo atrás.

Por que minha mãe tinha que ir para esse trabalho tão longe? E mesmo se ela fosse, qual a necessidade de precisar se separar por isso? Eles não disseram. Porque os pais fazem isso, decidem e acham que os filhos precisam aceitar tudo sorrindo.

Foi então que decidi sair de casa. Eu não queria mais saber de nada. Sempre fui o filho responsável, o amigo leal e gentil com as pessoas. Mas o que isso adiantou? Quando as pessoas tiveram a oportunidade de simplesmente ignorar o que eu sinto ou mentir para mim, fizeram isso, sem pensar duas vezes.

Minha mãe e Frederich foram para a Alemanha. E eu nem mesmo apareci para me despedir. A casa era um silêncio e eu me sentia muito vazio. Ainda me sinto assim, mas agora estou em Manchester, recomeçando.

A escola era muito diferente de Holmes Chapel High. Parecia ter mais liberdade. Perfeito. Era isso que eu queria.

Minha tia Rafaela era uma das melhores pessoas, ela quase nunca estava em casa e disse que eu podia sair e me divertir quando quisesse, eu devia aproveitar enquanto era jovem. Ela me deu uma caixa de camisinhas e disse: '' Só vai.'' Aquilo foi tão estranho mas era isso, eu tinha que viver.