Capítulo 75: Essencial

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~Leah On~

O que eram meus pequenos problemas perto daquilo? O que eram minhas lágrimas por conta de uma decepção amorosa perto daquilo?

Quando eu vi Caleb naquela manhã conversando, rindo e pegando na mão de Olivia, achei mesmo que queria sumir do mapa, mudar-me para o Brasil, Havaí ou outro lugar que aquecesse meu coração, mas então, quando soube daquela notícia, tantas coisas não importavam mais.

Tantas vezes eu dei importância demais para coisas pequenas, mas mesmo me dando conta disso, continuava a fazer as mesmas coisas, como se estivesse presa em um looping eterno.

A mesma garota idiota lamentando pelos cantos por isso ou aquilo outro, ao invés de me divertir, de sorrir mais, aproveitar a vida que eu tinha. Isso até perceber que a vida era tão curta e frágil, tanto a minha quanto a das pessoas que eu mais amava.

Ben era o maior emblema da minha vida, parece que meu eu foi construído ao redor dele. Aquele sentimento que me preencheu durante boa parte da minha vida e tudo o que ele me fazia sentir, das mais diversas formas. Eu não pensava mais no que pensava antes, não fazia ilusões sobre nós dois juntos, a única coisa que eu queria era que ele ficasse vivo. Se ele estivesse vivo, nada mais iria importar, eu só queria poder chamá-lo de ''Tio Ben'' como nos velhos tempos. Mas ele estava desacordado desde que chegara em Holmes Chapel.

Segundos os médicos, ele não estava ouvindo nada. Estava incosciente. Respirando através de aparelhos. Como ele ficou daquele jeito?

Meu irmão me abraçava na recepção do hospital. Meus pais estavam em casa com meus avós que vieram para nossa casa, para ficar mais perto de Ben.

Nenhum de nós conseguia aceitar o fato de Ben estar daquele jeito, sendo que antes apresentava-se tão saudável. Eu nunca soube que ele tinha Lúpus, porque nunca pareceu que ele tinha.

Eu estou com a cabeça apoiada nas minhas duas mãos quando ouço a voz de Caleb. Olho para cima e ele está com as duas mãos nos bolsos de seu moletom.

Ele me olha e depois fala com Charlie. Estranho quando ele o abraça. Não sabia que os dois já estavam se falando outra vez. Pelo visto, eu era a única que ainda não queria vê-lo.

- Eu posso ficar aqui enquanto vocês almoçam. - Ele disse sentando-se em uma das cadeiras.

- Obrigado. - Charlie diz e se levanta. - Vamos Leah. - ele me chama.

- Não estou com fome. - respondi sem olhar para ele- Pode ir comer. Depois eu vou.

Ouvi os passos do meu irmão indo para o final do corredor e depois saindo do local. Permaneci em silêncio, assim como Caleb, até que ele simplesmente pega em uma das minhas mãos. E a segura forte. Nos olhamos. E ele está ali. Como quem diz exatamente isso: ''Estou aqui''. Ficamos com as mãos dadas por tanto tempo, completamente em silêncio, ouvindo os barulhos dos aparelhos hospitalares e os passos dos enfermeiros e médicos que passavam pelo local.

Só nos soltamos quando Sam chegou no ambiente.

- Oi- ele disse, meio sem graça e nos olhando- Trouxe isso para você. - ele me entregou um potinho- É uma tortinha de frango com requeijão. Minha avó fez para você. Eu sabia que estava sendo teimosa e não estava se alimentando direito.

- Hum, obrigada, sua avó é mesmo um amor- Segurei o potinho. Mas por mais que eu amasse a comida da vó de Sam, naquele momento, eu não estava nem um pouco afim de comer nada.

Continuei sentada no mesmo lugar em que estava. E Sam cruzou os braços, fazendo cara de bravo.

- Está esperando o que? Vai comer isso. - Ele disse e puxou meu braço- Eu fico aqui e aviso qualquer coisa, vai com ela Caleb. - Falou e empurrou o outro em minha direção.

Entre VírgulasOnde histórias criam vida. Descubra agora