Capítulo 30: Sign of the times

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~Sam On~

~Já deixa seu votinho para a minha maratoninha de páscoa, melhor que chocolateeee~

Nunca fiquei tão apreensivo em toda a minha vida. Nem mesmo antes de subir no palco do festival das flores. Fui um dos primeiros a tomar banho no vestiário, vesti minha roupa e fui para o estacionamento, ficando próximo ao carro de Charlie, que na verdade era da Victoria, ela emprestava ás vezes para ele.

Estava aguardando o momento em que vou me encontrar com Miller. Pela primeira vez.

Não que seja um encontro. Não é. Mas marcamos um momento a sós e isso era bem surreal já que sempre que estamos juntos parece que é como uma armadilha do destino para nos irritar. Dessa vez nós quisemos isso.

Quando ele finalmente chegou perto com os cabelos úmidos e seu perfume chegou até mim, só fiquei mais nervoso. O que será que aconteceria? Eu estava com medo.

- Desculpa o atraso, hoje foi tudo uma loucura porque o técnico não veio, tenho que ser o último a sair. - ele disse e disparou o alarme do carro fazendo as portas serem destravadas.

Entrei e foi aconchegante estar em um lugar quente já que a noite estava gélida como quase sempre. Charlie colocou a sua bolsa no banco de trás e ligou o motor do carro.

- Para onde vamos? - perguntei curioso, até então ele não disse nada sobre o local que iríamos.

- Não faço ideia. - ele deu de ombros e saiu do estacionamento indo para a avenida. - Mas antes de tudo, estou com fome. Muita fome. - ele enfatizou.

Em poucos minutos estávamos sendo atendidos em um drive thru. Ele pediu milk shake de chocolate, um sanduíche imenso e batatas rústicas. Pedi quase a mesma coisa, exceto por querer um suco de laranja.

Coloquei os pedidos no meu colo e seguimos para não sei onde. Por que eu estava confiando tanto em Charlie? Por um mísero segundo pensei se não estaria sendo refém de um plano terrível de assassinato mas algo na forma como Miller me olhava me fazia sentir estranho. Não como se algo terrível fosse acontecer. Era estranho porque me sentia seguro.

Reconheci o caminho. Estávamos indo ao parque da cidade. Em algumas noites tinham sessões de filme, mas era dia da semana e estava quase deserto, algumas pessoas corriam. Ele estacionou em um lugar com vista para o lago que era iluminado por centenas de pequenas luzes coloridas.

O mais estranho aconteceu. Começamos a comer e do nada conversamos. Era a primeira vez que conversamos depois de adolescentes e se nós tivemos alguma conversa na infância eu nem lembrava e talvez fosse sobre nossos desenhos preferidos. E agora nossa conversa era apenas sobre o cotidiano.

- ... E aí ele me deixou responsável pelo treino, eu até gosto mas é bem cansativo. - Charlie contou sobre o dia enquanto comíamos - Peguei pesado.

- Sim. Muito. Eu estou todo dolorido. Minhas coxas com certeza precisarão de gelo quando chegar em casa. - Disse e mal pude piscar e senti sua mão me tocando.

- Dói aqui? - ele passou a mão levemente por uma de minhas coxas e olhou para mim sugestivamente. Assenti tímido.

Tinha um problema sério no que diz respeito a Charlie tocar meu corpo, eu sentia que iria explodir em mim pedaços a qualquer momento. E eu sabia como ele era safado, sabia mesmo. Sua fama circulava, era estereotipada mas óbvio que não fazia ideia de como isso se aplicaria ao meu contexto. Um garoto.

Ele tirou sua mão e bebeu seu milk shake. Passaram alguns segundos. O clima no carro já começava a ficar pesado, então algo me veio à mente.

- Eu não tive a oportunidade de te agradecer pelo apoio no festival, tanto para eu ser escolhido para estar ali quanto por ter me tranquilizado antes de subir ao palco. - Disse sinceramente. Independente de qualquer coisa, o que Charlie fez por mim naquele dia foi impagável.

Entre VírgulasOnde histórias criam vida. Descubra agora