Capítulo 27: HC High News

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~Leah On~

Depois do festival das flores foi como se todo o meu mundo tivesse dado uma enorme sacudida. Sei lá, não é como se toda a minha existência se resumisse a Ben, eu nunca achei isso. Mas como Sam disse, ás vezes eu agia como se fosse, e claro, não estava ciente disso. Estava cega, surda, completamente alheia.

Alheia a várias coisas. O baque dele ter ido embora me dizendo aquelas palavras tão duras mas precisas, acabou abrindo algo dentro de mim. Pela primeira vez, depois de muito tempo, me senti realmente culpada.

No último dia do festival, eu já estava tão esgotada por toda aquela semana que nem fiquei até o final dos shows, voltei para casa. Cheguei e encontrei-me sozinha perante aquele espaço. Olhei em volta para cada cantinho, cada espacinho por menor que seja guardava alguma lembrança.

Lembro quantas vezes caí daquela escada, quantas vezes já levei bronca por colorir aquelas paredes com giz de cera, quando nós quatro apenas nos uníamos para assistir um filme na sala, tão próximos um do outro. Senti uma leve pontada. Recordei-me do discurso de Ben. Ele disse se sentir indigno de pertencer aquela família, seu rosto era de alguém que realmente tinha vergonha do seu caminho.

Ali. Sozinha. Olhando para a sala. Pensando na minha vida. Eu tive aquele sentimento. Fui egoísta. Mais que qualquer um. Mais que Charlie. Sendo que era uma das coisas que eu mais gostava de jogar em sua cara. Mas perto de mim, ele era um santo. Eu fui destrutiva. Movida apenas pelas minhas vontades. Não pensei em ninguém, além de mim.

Não sei em que momento mas eu simplesmente esqueci de tudo e só fui atrás do que queria. Não fiz o certo. Ben ir embora foi só a prova de tudo. O que fizemos foi errado, foi inconsequente e no fim das contas, para que?

Nem sei por quanto tempo fiquei encolhida no sofá mas acordei com minha mãe massageando meus cabelos.

- Chegamos filha. - ela disse quando abri meus olhos. Podia sentir que apesar de cansada, minha mãe não poderia estar mais feliz.

- Oh. - Levantei coçando os olhos- Como foi o fim?- Olhei em volta e lá estava meu pai sentado em sua poltrona tirando suas botas.

Sorri para ele. Quem conhecia meu pai e toda sua trajetória sabia que aquele era um dia de glória. Mesmo que o festival tenha sido quase por completo sustentável, ou seja, não deu tanto lucro, aquele era o começo de algo que podia se tornar enorme.

Meu pai ainda não tinha contado a muitas pessoas mas nós sabíamos de seus planos, ele queria começar uma pequena gravadora. Descobrir novos talentos. Bandas novas.

- Eu estou morto- Charlie falou e se jogou no sofá ao meu lado.

- Como foi a experiência de trabalhar? - perguntei provocando já que ele nunca tinha trabalhado antes.

- Cansativo mas gratificante- Fechou os olhos tentando relaxar os ombros. Minha mãe passou a mão em seus cabelos e o puxou para um abraço.

- Que orgulho do meu filhote. E ainda mais parece que vai começar um compromisso sério. - Ela insinuou rindo. Todos sabíamos que Charlie estava encrencado.

- Ah nem falem sobre isso- ele bufou. Meu pai riu da cena.

- Pamela é uma garota legal filho- completou- Seria bom unir nossa família com os Parker. Mas isso aí tem que ser uma decisão sua. Se ela não for aquele alguém que te desperte algo especial, então é melhor ser sincero com ela.

- Só não quero deixar ela mal - ele disse e eu olhei desconfiada para seu rosto. Oi? Esse era o motivo para Charlie simplesmente ficar com todas as meninas? Ele era generoso? Até parece. - Está olhando o que Leah? Eu não sei dizer ''não'' para garotas lindas que me dão mole.

Entre VírgulasOnde histórias criam vida. Descubra agora