Capítulo 26: You Only Live Once

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~Sam On~

~já deixa sua estrelinha, me segue no watts~

Certas vezes a vida nos carrega para destinos que são maiores que nossos próprios sonhos. E tenho certeza que precisava daquilo.

Vivi muito pouco mas posso dizer que esse é o momento mais importante da minha vida, porque é o agora. E é o agora que parece ser sempre o mais desafiador, complicado, arriscado. Esse ano começou como uma enorme avalanche, tudo caiu em cima de mim. Minhas questões de sexualidade se afloraram que chegou ao ponto de eu saber, com todas as minhas certezas que eu era mesmo gay. Não era uma fase. Não iria passar. E por tabela, não ia ser nada fácil.

Ainda bem que eu tinha Leah comigo. Ela foi um imenso suporte, tem certos momentos que você só precisa de alguém para te lembrar que não está sozinho. Mas ainda assim, eu não me sentia completo. Ainda faltam tantas coisas.

Estou me descobrindo aos poucos, em todos os sentidos. Vendo que a vida nem sempre é o que esperamos. Como prova disso, no começo do semestre, por uma imensa sacanagem do Sr. Destino, eu tive que me inscrever no futebol americano como atividade extracurricular.

Onde um garoto que mal tinha músculos, que sempre odiou esportes, que fugia da educação física ia simplesmente entrar no time? Eu entrei. Mas eu conhecia o capitão. Isso poderia ser uma coisa boa, alguém para me apoiar, para me adequar aquela nova realidade. Porém essa pessoa era Charlie Jones-Miller. E quando pensei que minha vida já estava complicada o suficiente, lá vem ele.

Foi como se eu tivesse tomado uns três shots de tequila seguidos e alguém balançasse minha cabeça. Esse é o mesmo efeito que Charlie teve. Nunca uma pessoa tinha me magoado tanto, tinha me surpreendido tanto, tinha me confundido tanto. Qual é? Compreender que alguém não vai com a sua cara? Fácil. Eu tenho vários defeitos, talvez ele não gostasse de alguns, eu podia aceitar isso. Mas aí, ele me beijou.

Depois minha mente foi só: ''Por que?'', e então passou um tempo e eu não quis mais pensar tanto nisso, eu queria fazer mais isso. E fizemos. Juro que no feriado da festa do vinho, achei que ele gostasse de mim. Mas aí nós voltamos para a realidade. Para HC High o trono de Charlie, sua fama de pegador, seu jeito idiota e tudo mais que eu tento forçar minha mente a focar, para me fazer repeli-lo de todo jeito. Só que aí no meio dessa minha tentativa existe um festival das flores.

- Cara, você está pálido. Quer beber alguma coisa forte? - Charlie disse assim que entramos no camarim.

- Que? Não. Eu não sei. - Óbvio que eu estava tonto, tinham milhares de pessoas naquele festival, o que me impedia de desmaiar na frente de todo mundo?

- Hey, calma. - ele se aproximou com seu colete verde com o nome do festival, seus olhos fixos em mim, preocupados. - Você vai conseguir fazer isso. Só respira. Vamos, respira fundo. - ele segurou em meus ombros.

Eu sei que ele estava trabalhando mas droga... Será que nada daquilo tinha nem um pouquinho a ver com o que nós tínhamos? Pressionei meus olhos, respirando fundo, assim como ele pedira.

- Se eu conseguir não morrer nesse palco, nós podemos conversar? - perguntei francamente. Eu queria fazer isso.Queria resolver isso. Eu sei que ele nunca iria andar de mãos dadas comigo no colégio, mas podíamos ser pelo menos gentis um com o outro.

Eu sei que eu também não sou fácil. Ainda mais se tratando dele, estou sempre na defensiva, com meu pé atrás. Afinal, eu o conhecia.

- Tudo bem. Mas você não vai morrer, não morreu com os treinos do futebol, como vai morrer hoje?- ele disse rindo para descontrair- O palco é o seu lugar.

Entre VírgulasOnde histórias criam vida. Descubra agora