Capítulo 9

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Anne's POV.

Eu subia as escadas completamente ciente de que Bruno estava a alguns centímetros atrás de mim, seguindo comigo para o meu quarto. Também estava ciente de que ele estava ligeiramente bêbado, e que disse, com todas as letras, que não iria tocar em mim.
O que me pegou de surpresa foi o fato de eu quase torcer para que isso fosse mentira. 
Abri a porta, dando passagem para ele logo atrás de mim. Quando ele entrou, virei a chave e fui ao seu encontro.
Bruno já havia se jogado de bruços na minha cama, e se eu não soubesse do seu estado alcoolizado, diria que ele poderia estar até morto. 
Constatei que ele era de tirar o fôlego até naquele estado, mas como ultimamente eu vinha notando que ele era de tirar o fôlego em qualquer ocasião, deixei para lá. 
Fui até ele e tirei seus sapatos, depois as meias. Com dificuldade, puxei seu corpo mais para cima, de forma que seus pés não ficassem para fora da cama. Agradeci em silêncio quando ele notou minha luta e se levantou, engatinhando até encostar a cabeça em um dos travesseiros.
Sentei ao seu lado, na altura de sua cabeça, ficando encostada na cabeceira da cama, depois de remover o outro travesseiro. Fiquei admirando-o em silêncio, uma coisa que eu estava me acostumando a fazer agora.
Depois de algum tempo, ele abriu os olhos e me fitou. Ao notar que eu estava o encarando, fechou-os rapidamente, voltando a ficar como antes. 
Quando repetiu o ato pela terceira vez, não consegui prender o riso.
Peguei o livro que repousava no criado mudo ao meu lado, abrindo em uma página aleatória e fingindo ler com interesse. Bruno suspirou uma vez. Então se mexeu, suspirando com mais força. Depois bufou, se virando completamente na cama, enquanto eu continuava aparentemente compenetrada na leitura, fazendo muita força para não rir. 
Ele parecia uma criança chamando a atenção, e isso era ao mesmo tempo tão engraçado e adorável que eu tive que me segurar para não jogar o livro em qualquer lugar e abraçá-lo como fazia no andar de baixo há alguns minutos atrás. 
Imaginei um Bruno com três anos, fazendo a mesma birra, e tive a certeza que ele foi uma criança absurdamente mimada, porque era humanamente impossível alguém negar alguma coisa àquele bico de “me-dê-atenção”.
Vendo que não estava obtendo sucesso com sua estratégia de fazer manha, Bruno perdeu a paciência e, sem nenhum cuidado, afastou minhas pernas indo se deitar de bruços entre elas, repousando a cabeça em meu colo e pondo as duas mãos dos dois lados de minhas coxas. 
Mesmo depois do surto, ele continuava fingindo que estava dormindo.
Não consegui não gargalhar. 
– Rindo do quê? 
– De você! - Falei, finalmente fechando o livro e deixando minhas mãos livres para passearem em seus cabelos outra vez. 
Ele bufou outra vez. 
– Você não me dá atenção. - Disse, contrariado. 
– Não seja bobo. - Falei, ainda sorrindo, tentando agora tirar a gravata embolada em volta de seu pescoço. 
Na tentativa de me ajudar, ele virou-se de barriga para cima, terminando de desabotoar a camisa que usava e jogando-a para o lado. Depois, voltou à posição original entre minhas pernas. 
Eu não era daquelas mulheres que ficavam “secando” homens o tempo todo, e também achava muito inapropriado certos comentários que ouvia das meninas com relação a alguns clientes que frequentavam a casa, mas eu tinha que admitir, com todas as sílabas: O homem que agora trajava apenas uma calça social, deitado em meu colo, era absurdamente gostoso. 
– Você malha? - Perguntei. 
– Às vezes. Quando tenho disposição. E você? 
– Não, eu não malho. - Falei. - Prefiro dormir. 
– Então seus hobbies são dormir e ler? - Ele perguntou, cético. 
– É. Acho que pode-se dizer que sim. Você prefere festinhas, né? 
– Não. Odeio festas. - Ele falou, secamente. 
– Ninguém odeia festas. - Imaginei os tipos de comemorações as quais pessoas como Bruno compareciam. - Vocês devem ter toda aquela coisa de cascata de chocolate e… 
– Eu odeio festas. E se você diz que gosta, é porque nunca foi a alguma a qual eu já tenha ido. São monótonas, com pessoas superficiais e música ruim.
– Que tipo de música ruim? - Perguntei. 
– Blues, jazz. Essas coisas chatas. 
– Blues não é chato! 
– Pode não ser quando você estiver tomando um vinho em uma tarde chuvosa. Mas pra uma festa, é um saco. 
– Você preferiria que tocasse forró ou alguma coisa assim? - Perguntei, irônica. 
– Bom, seria mais divertido, né? - Ele disse, ainda respirando na dobra que meu tronco fazia com minha perna direita. 
– Você dança? - Perguntei. 
– Só quando estou bêbado. O álcool faz com que eu não tenha medo de ser ridículo. 
Olhei-o por algum tempo, imaginando uma situação em que ele pudesse ser ridículo. Era difícil. Bruno sempre seria lindo, antes de qualquer outra coisa. 
– Você me pareceu ser o tipo de bêbado meio violento. 
Ele se levantou de meu colo, agora me encarando de joelhos entre minhas pernas, com aparência sonolenta. 
– Eu não sou violento. - Ele começou, com um olhar triste. - Me desculpa por empurrar você, eu só estava um pouco irritado. - E dizendo isso, pegou uma mecha de meus cabelos com dois dedos, colocando-a atrás de minha orelha. - Eu sei que não justifica, mas… Olha, eu prometo nunca mais ser violento com você. 
Estremeci um pouco com seu toque, mas mantive a voz firme. 
– Por que estava irritado? 
– Porque aquele babaca estava passando a mão em você! - Respondeu, como se a resposta fosse óbvia. 
– Se você ficar irritado toda vez que vir alguém passando a mão em mim… 
Ele bufou, estalando a língua em tom de reprovação. Então me puxou um pouco para baixo, deixando minhas costas agora mais inclinadas com relação à cabeceira da cama. Bruno subiu um pouco em meu corpo e voltou a deitar em cima de mim, agora repousando sua cabeça em meu peito e abraçando minha cintura.
Eu notei que ele estava contrariado, então tentei mudar de assunto. 
– Já que estamos aproveitando pra conhecer um pouco mais um do outro, qual é a sua cor favorita?
– Depende. Em você, vermelho. 
Corei, feliz por saber que ele não podia ver minha vergonha. 
– Sua cor favorita em geral. 
– Preto. E a sua? 
– Azul. Me dá paz. - Respondi. 
– Azul me dá sono. 
– E preto é muito sombrio. 
Ele riu, deixando-nos ficar em silêncio por mais algum tempo. 
– Qual é sua flor favorita? - Ele perguntou. 
– Nossa, essa é difícil. Não sei, gosto de qualquer flor. 
– Tem que ter uma favorita. 
– Na verdade, não tenho. Acho qualquer flor linda. 
– Hum. - Ele disse, finalmente cansado de conversar.
Eu sabia que ele estava exausto, mas aquela conversa era agradável, e eu não queria que ele dormisse. Queria saber mais dele, mais de sua personalidade. 
– Que dia é o seu aniversário? - Tentei retomar nosso jogo de perguntas e respostas. 
– 20 de junho. E o seu? 
– 13 de setembro. 
– 13 de setembro? Tipo semana que vem? - Ele levantou a cabeça, me encarando. 
– Já é semana que vem? Eu não sabia. - Respondi, verdadeiramente surpresa. 
– Hoje é dia 7 de setembro. 
Me perguntei quando foi que comecei a esquecer a aproximação de meus próprios aniversários. 
Ele voltou a repousar sua cabeça em meu peito.
– Vai ter festa? Vou ser convidado? 
– Não vai ter festa, e se tivesse você não seria convidado. - Respondi. 
– Por quê? - Ele perguntou, olhando-me como um cachorrinho rejeitado. 
– Porque agora eu sei o quanto você odeia festas. - Sorri. 
– Não gosto dos tipos de festa para as quais sou convidado. Mas se você me chamar, eu venho. - Ele sorriu para mim, e por algum motivo eu tive a certeza de que, se eu fizesse isso, ele realmente viria. 
– Não vai ter festa. Vou sair. 
– Pra onde? 
– Por aí. - Respondi - Vou aproveitar a folga e sumir. Além do mais, eu não ia gostar de ser a aniversariante e todas as meninas olhassem só pra você. 
Ele riu com gosto. 
– Não posso fazer nada se desperto os desejos mais íntimos e pecaminosos nas mulheres. 
Era verdade. Ele não podia fazer nada mesmo. 
– Você é muito convencido. - Falei, enquanto passava o dedo indicador pela extensão de seu nariz, empregando uma voz falsamente crítica. 
– Pare de me criticar. Você me adora. - Ele respondeu, brincando. 
– Adoro… - Suspirei baixo, ainda brincando com seu nariz. 
Eu me sentia confortável, mesmo naquela posição. Seria normal começar a sentir minhas pernas formigando, porque eu não me movia fazia algum tempo, mas eu não sentia nada além de um prazer genuíno e inocente por estar na companhia dele.
Meu dedo deixou seu nariz, deslizando em vários pontos de seu rosto perfeito, até parar em seus lábios finos. Eu não sabia por que estava fazendo aquilo, mas de qualquer forma, me deixei levar.
Ainda de olhos fechados, ele moveu seus lábios fechados, quase imperceptivelmente. Repetiu o movimento algumas vezes, cada vez com mais intensidade, então reparei que ele estava beijando, com muita delicadeza, a ponta do meu dedo. 
Sem pensar muito, forcei um pouco o indicador por entre seus lábios. Ele abriu-os um pouco, permitindo que meu dedo, pequeno para qualquer dimensão do corpo dele, entrasse completamente em sua boca. Bruno fechou os lábios em volta de minha pele, então fez algum tipo de força com a língua, deslizando-o de volta para fora, completamente molhado. 
Não sei por que aquilo me excitou. 
Era um ato bobo, e ele estava só deixando um rastro com a sua língua no meu dedo! 
Não era como se ele estivesse lambendo minha barriga ou algum ponto mais sensível do meu corpo. Mesmo assim, eu estava, definitivamente, hipnotizada com o movimento que ele repetia. Uma, duas, três vezes, sem nem se dar conta do que estava fazendo comigo.
Como se já não fosse o suficiente, ele soltou seu braço esquerdo da minha cintura, segurando minha mão na sua e, dessa vez, chupando meu dedo com vontade. Um depois do outro, ele repetiu o movimento com os cinco dedos em minha mão, e eu tentava manter minha respiração estável enquanto ele brincava compenetrado com a minha mão. 
– Você vai me deixar viciado em amêndoas, sabia? 
– Bruno… 
– Hum? 
– Você disse… que não ia me tocar… 
Ele parou abruptamente o que fazia com meus dedos, colocando minha mão repousada no colchão, enquanto fazia menção de se levantar. 
– Desculpa, eu só estava… - Ele começou. 
– Tudo bem, eu não me importo… De fazer. 
Ele ficou de joelhos entre minhas pernas, me olhando com curiosidade. 
– Como não se imp… 
– Não me importo se for com você. 
Minha voz saiu fraca. Eu devia estar ficando louca em revelar aquilo a ele, mas as palavras simplesmente jorravam de minha boca, como se tivessem vida própria. Tentei diminuir a freqüência de minha respiração, sem muito sucesso, enquanto esperava alguma resposta dele. 
– Não diz isso. - Ele enfim falou. 
– É a verdade! 
– Ninha… Por favor… - Ele repetiu, de olhos fechados - Não diz isso. 
– Por quê? - Falei, em uma voz meio esganiçada. - É a verdade! 
– Eu disse que não ia mais fazer isso com você… 
– E eu te digo que não me importo! 
– Você se importa! 
– Você não responde por mim! - Toquei suavemente no rosto dele. 
– Porra, Anne, não faz isso! - Ele abriu os olhos e então eu entendi o motivo por sua relutância em aceitar minhas palavras. 
Assim que a íris dourada de seus olhos apareceram, eu vi um desejo latente neles.
A exclusividade de poder me tocar, diferentemente dos outros clientes, o excitava. Ele era diferente dos outros, e sabia muito bem disso. Eu o tratava de forma diferente, eu acabara de revelar a ele que só ele podia fazer o que todos faziam sem que eu odiasse cada segundo. E ele estava perdendo o controle por isso. 
– Eu vou embora. - Ele disse, tirando minha mão de seu rosto e pegando a camisa amassada de cima da cama. - Vou te dar tempo pra pensar no que você está dizendo.
– Eu não preciso pensar. - Falei, em um tom ainda mais baixo agora. 
– Precisa sim. - Ele colocava com violência a camisa, procurando por seus sapatos. 
– Não vai. Por favor. 
Ele parou, de costas para mim, na frente da cama, com a respiração pesada pelo momentâneo descontrole, parecendo imobilizado pelo meu pedido.
Fiquei encarando suas costas por um momento, ainda sentada na mesma posição, enquanto ele não se movia.
Finalmente, engatinhei até ele, abraçando-o timidamente por trás e encostando nossos corpos.
Ignorei a corrente elétrica que passou por todo o meu corpo, e continuei abraçada a ele. Aproveitei que sua camisa estava aberta para tocar em sua barriga e em seu peito com as mãos espalmadas, fazendo círculos delicados pela superfície de sua pele. Quando me certifiquei que ele não apresentava mais resistência, puxei devagar a camisa por seus ombros, jogando-a de qualquer jeito em cima da cama novamente. e abri o botão de sua calça enquanto depositava beijos molhados em suas costas. Bruno segurou minhas mãos que trabalhavam em seu zíper, agora apertando-as contra sua ereção enquanto jogava a cabeça para trás. 
Segurei seu membro entre as duas mãos, por cima do tecido, tentando fazer os movimentos certos, e ouvi-o gemer baixo, como se quisesse se controlar.
Parei os movimentos e abaixei sua calça juntamente com a boxer que ele usava, finalmente conseguindo envolvê-lo da forma certa com minhas mãos, enquanto continuava a beijá-lo na pele das costas. Senti sua respiração pesada, enquanto ele fazia muita força para falar. 
– Eu não quero fazer isso! 
– Seu brinquedinho não parece dizer isso. - Falei, entre um beijo e outro. 
– Por favor… 
Virei-o de frente para mim, prendendo seu rosto em minhas mãos e encarando-o nos olhos. Nossos rostos estavam tão próximos que meu nariz tocava o dele. 
– Eu quero. - Falei, sabendo que depois me arrependeria de confessar isso a ele. 
Seus olhos pareciam presos aos meus, e a vontade quase incontrolável de beijá-lo me tomou subitamente. Reparei que a boca dele estava um pouco aberta, puxando e soltando o ar por ali, seus lábios mais vermelhos do que o normal.
Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou pela cintura e deslizou sua boca para meu pescoço, mordendo e beijando intensamente a pele próxima à minha orelha. 
A sensação que sua barba rala me dava era quase delirante, e a única coisa que consegui fazer foi me agarrar aos seus cabelos, enquanto aceitava sua língua brincando em minha pele.
Senti suas mãos deslizarem mais para baixo em minhas costas, apertando-me com força. Não demorou muito até que seus dedos já estivessem brincando com o elástico que prendia meu short, e depois de alguns segundos pensando se devia ou não continuar, Bruno puxou o tecido para baixo, junto com a calcinha, enquanto eu ainda o ouvia respirar com força contra meu pescoço.
Suas mãos fizeram o caminho inverso do short, agora presos aos meus joelhos, acariciando a pele de minhas pernas até chegar em cima, onde ele agora tocava minha virilha com mais calma e suavidade que seu próprio corpo parecia querer. 
Lentamente, suas mãos fizeram a volta em meu corpo, segurando-me por trás e trazendo-me para ele. Quando nossos corpos já estavam quase moldados um no outro, ele subiu suas mãos, passando gentilmente os dedos pelas minhas costas, por baixo da camisa larga que eu vestia, subindo-a até a altura de meus ombros.
Eu não sei o motivo daquilo, mas os toques de Bruno estavam muito mais sensuais do que qualquer noite em que estivemos juntos. Parecia que ele queria sentir cada centímetro de minha pele com as pontas dos dedos, e o ritmo dos carinhos que ele fazia em todo o meu corpo estava lento, quase insuportavelmente lento. Mas a lentidão de seus movimentos, ao invés de me deixar impaciente, parecia fazer meu próprio corpo pegar fogo de desejo.
Talvez ele estivesse dessa forma por causa das mais que duas doses de whisky que ele havia bebido, ou talvez estivesse me dando o tempo necessário para que eu desistisse da transa, mas o fato era que ele estava sendo mais carinhoso comigo do que nunca. 
Meu pescoço já estava completamente molhado pela sua língua, e o contato que sua barba fazia em meu rosto e ombros estava me deixando realmente louca. Eu nunca havia sentido isso na vida.
Tive que segurar a vontade de gemer quando ele se afastou de meu pescoço e puxou minha blusa para cima, pela cabeça, me deixando completamente exposta. Puxei-o novamente para perto de mim pelos cabelos, enquanto ele me abraçava e percorria minhas costas com as mãos espalmadas, transmitindo todo o calor de seu corpo para o meu. 
Aquilo não era normal. Não devia ser assim tão bom. 
Fiquei de pé em cima da cama, de forma que pudesse tirar completamente meu short, ainda em meus joelhos, e então ele deslizou, muito devagar, sua boca até meu seio esquerdo, beijando lenta e timidamente toda sua extensão, brincando um pouco com sua língua ali e finalmente sugando-o com um pouco de força, enquanto sua outra mão me puxava mais para perto dele.
Agarrei-me novamente em seus cabelos, querendo mantê-lo ali por um pouco mais de tempo. Ele afastou-se um pouco e moveu sua boca para meu outro seio, repetindo as ações de forma igualmente lenta.
Puxei suavemente seus cabelos para trás. 
– Me deixa fazer isso… - Lutei contra minha voz instável e minha respiração ofegante, sentando em meus calcanhares e, com um movimento rápido, peguei seu membro e o trouxe até minha boca, chupando-o com mais vontade do que jamais fiz com qualquer outro homem. 
Senti seus dedos enrolando-se em meus cabelos, enquanto escutava gemidos e sussurros não identificáveis vindos dele. Relaxei minha garganta para poder acomodá-lo completamente dentro de minha boca, sentindo-o agora estocar com um pouco mais de força do que antes.
Suas pernas começaram a tremer, então puxei-o para cima da cama, fazendo-o sentar em seus próprios calcanhares, enquanto eu o chupava com vontade e sentia verdadeiro prazer em fazê-lo. 
– Chega! - Ele disse, sua voz um pouco mais alta do que o normal, embargada pelo desejo, ao mesmo tempo que puxava com um pouco de força meus cabelos para trás, afastando-me dele. 
Deixei-o me empurrar a contragosto.
Bruno levantou da cama, um pouco cambaleante, indo na direção do meu criado mudo, com a respiração tão pesada que eu podia ouvir de longe. Abriu a gaveta e tirou de lá um preservativo. Sem olhar para mim, abriu a embalagem e, parecendo com pressa, rolou a camisinha em toda sua gloriosa extensão.
Quando estava devidamente “vestido”, me puxou pelo calcanhar sem nenhum cuidado, me virando na cama e me posicionando, de quatro, à sua frente, enquanto permanecia de pé. 
– Eu queria ir devagar, mas não vai dar. Eu preciso de você agora. 
Sem nem esperar por alguma resposta minha, com um movimento brusco, ele me penetrou com tanta força que tirou meus joelhos apoiados do colchão, me deslocando alguns centímetros para frente, enquanto ele soltava um gemido tão forte e satisfeito que eu mesma não pude me conter e o segui, num gemido de genuíno prazer. 
Suas mãos seguraram meus quadris imediatamente, trazendo-me de volta para trás, ao mesmo tempo que ele metia pela segunda vez, se retirando de dentro de mim somente para repetir o movimento.
Eu já estava completamente lubrificada para ele, e se não fosse por isso e pelo fato de que estava bastante inclinada a fazer tudo com ele durante o resto daquela noite, seus movimentos violentos dentro de mim teriam doído. Talvez até estivessem doendo, mas eu estava muito concentrada no prazer de senti-lo deslizando dentro de mim para pensar em qualquer outra coisa que não fosse isso. 
Finquei meus dedos no colchão, ajudando-o a manter meu corpo perto do dele, enquanto suas estocadas tornavam-se mais violentas e mais rápidas. Eu já não tentava mais esconder meus gemidos, e pelo que pude ouvir, ele também não.
Senti-o se curvar em cima do meu corpo, sua boca e sua língua encostando em meu pescoço, enquanto seus braços mantinham um abraço apertado em minha barriga. 
Puxei a perna direita dele para cima da cama, de forma que ela ficasse ao lado da minha, e cravei minhas unhas em sua coxa, tentando lidar com a onda de prazer que me atingia rapidamente, enquanto escondia meu rosto nos lençóis que abafavam meus gritos. 
– Goza pra mim, Ninha… Goza, minha linda… 
Ele não precisou pedir duas vezes. Três segundos depois, meu corpo se contorcia em deliciosos espasmos longos, enquanto eu afrouxava as unhas na perna dele.
Sem muito cuidado, Bruno me virou de uma vez, pondo minhas costas na cama e trazendo meu corpo mais para o meio do colchão, de forma que ele pudesse se ajoelhar à minha frente, entre minhas pernas abertas. Eu mal tive tempo de me estabilizar depois do orgasmo, quando ele estocou em mim outra vez, com mais força, enquanto fazia movimentos circulares em meu clitóris com o indicador. 
– Eu já tive meu orgasmo - Falei, um pouco ofegante, empurrando-o contra o colchão e virando nossos corpos, mudando novamente de posição, de forma que meu corpo ficasse por cima do dele. 
Segurei com força seu membro e o guiei para minha entrada. Um segundo depois, já estava montada nele, deslizando meus quadris em um ritmo lento e prazeroso, fazendo com que ele entrasse e saísse devagar de mim.
Concentrei-me nos mínimos movimentos daquele ato. Em suas mãos acariciando de leve meus braços, apoiados um em cada lado de sua cabeça, depois os lados de meu tronco, meus seios, minha barriga, minhas coxas, pernas e pés, enquanto seus olhos muito abertos percorriam meu corpo e paravam em meu rosto. As ondas que sua língua fazia dentro da boca cada vez que eu movimentava nossos corpos, já tão suados que chegavam a brilhar, e o modo como ele mesmo levantava seus quadris contra o meu, reforçando nosso ritmo. 
Era como uma dança, e talvez eu estivesse apenas sendo muito romântica, mas nossa sincronia era tão linda, e a troca entre nossos olhares tão intensa, que parecíamos amantes, em um ato extremamente apaixonado. 
Senti-o apressar o ritmo, então deixei que ele ditasse os movimentos, caindo sobre seu corpo enquanto meu rosto ia para sua orelha e seu pescoço. Ele segurou com força minha cintura, mantendo-me imóvel, e plantou seus pés no colchão, investindo dentro de mim para cima com tanta força que fazia com que meu próprio corpo voasse um pouco, afastando-se minimamente do dele, para depois cair outra vez, deixando nossas peles novamente em contato.
Por muito tempo, os únicos sons que eu podia ouvir eram nossas respirações pesadas e um som de dois corpos se batendo com força, como tapas. 
– Vem, Bruno… Com força… 
Senti-o perder completamente o controle, e com uma última investida - tão forte que ele teve que me abraçar para que eu não pulasse - foi a vez dele gozar dentro de mim, enquanto eu sentia sua respiração muito forte, ao mesmo tempo em que ele repetia coisas como “minha”, “pra mim” e “linda”.
Ficamos imóveis naquela posição por alguns minutos, sem falar nada. Quando pareceu finalmente voltar a si, ele saiu com cuidado de dentro de mim, fazendo com que palavras incompreensíveis de revolta saíssem de minha boca.
Virei-me na cama, deitando de costas e relaxando o corpo ainda tenso, vendo Bruno ir até a lixeira e jogar a camisinha usada lá. Depois, um pouco trôpego, engatinhou pela cama até me alcançar, abrindo minhas pernas como antes e acomodando-se entre elas, com o rosto repousado em meu peito. 
Meus dedos migraram automaticamente para seus cabelos outra vez, mexendo despreocupadamente em suas mechas rebeldes acobreadas, enquanto eu sentia literalmente o calor emanando da pele dele e indo de encontro à minha. 
– Você me fez quebrar minha promessa. - Ele começou. 
– Você não fez promessa nenhuma. 
– Eu disse que não ia mais fazer isso com você. 
– Então o que você sugere? Que você pague meus programas e que a gente mate as horas jogando xadrez? 
Ele permaneceu calado. 
– Se você for pagar pela minha companhia, vai ter que me deixar fazer o meu trabalho. 
– Se eu pagar pela sua companhia, eu decido o que fazer com ela. 
Me calei imediatamente. Era óbvio que ele estava certo, mas aquilo fugia dos padrões do meu trabalho. Quando um homem pagava pela minha companhia, eu sabia que aquele tempo seria preenchido com sexo, e nada mais além disso.
Preencher o tempo com conversa não era nem um pouco desagradável. Pelo contrário, se algum cliente me apresentasse essa proposta, eu aceitaria sem pestanejar. O problema estava no fato de que o cliente a me oferecer isso era justamente o único pelo qual eu sentia alguma coisa.
– Tudo bem. - Falei, sem mais argumentos. 
A verdade se resumia a fatos muito simples: Se ele queria pagar pelos meus programas e ainda assim não fazer nada comigo, não era obrigado a fazer. 
Como homem, ele teria suas necessidades, mas elas poderiam ser facilmente resolvidas com outras meninas da casa, e levando-se em consideração que o “cliente” em questão era Bruno, ele poderia resolver esse impasse com provavelmente qualquer mulher do mundo, sem nem ter que pagar por isso. 
O fato de eu odiar todas as opções que fizessem-no ir para cama com qualquer outra mulher era um mero detalhe que, cedo ou tarde, eu me obrigaria a esquecer.
Ficamos em silêncio por muito tempo, e ao me dar conta de sua respiração calma e profunda, pude constatar que ele havia dormido.
Vê-lo ali, dormindo despreocupadamente em meus braços, completamente entregue, despertou em mim uma alegria repentina, embora eu mesma não soubesse do motivo. Fiquei pensando em como seria bom tê-lo assim todos os dias, não em meu quarto de trabalho, mas sim em um quarto meu, onde eu pudesse tê-lo sem restrições e sem vergonha.
Imaginei como seria poder caminhar ao seu lado na rua sem o medo de ser reconhecida e sem a incerteza do que aconteceria se eu tentasse pegar na sua mão. 
Como seriam nossos domingos juntos, ou como seria conhecer sua família. 
Passar o Natal com ele, ou o Ano Novo, cuidar dele depois de um resfriado ou ter um gato de estimação, que nos manteria em uma discussão infindável porque eu gostaria de batizá-lo com um nome extremamente ridículo.
Sem perceber, me peguei imaginando e criando uma vida ao lado dele, não perfeita, mas feliz, e me deixei levar pelas várias suposições que os caminhos de minha imaginação me traziam.
Olhei para o relógio no criado mudo, que marcava um pouco mais de 1h. Lembrei que agora estávamos em uma quarta-feira, e que ele provavelmente precisaria ir trabalhar daqui a algumas horas. 
– Bruno… - Falei baixinho, tentando acordá-lo, e me lembrei de que eu era péssima em fazer isso.
Ele estava completamente agarrado ao meu corpo, então me permiti acordá-lo como desejaria em meus devaneios românticos. Beijei seus cabelos muito macios, correndo a boca para sua testa e descendo até o canto de seu olho. Retirei minhas mãos de sua cabeça e apertei-o em um abraço de urso com os braços e com as pernas, sentindo toda a sua presença ali, e desejando intimamente que ele não acordasse, o que obviamente aconteceu imediatamente. 
– Hmmmm… - Ele tentou falar, me abraçando de volta. 
– Já está tarde. Acho que você tem que ir… 
Ele levantou a cabeça, olhando para o relógio. 
– Merda. Tenho que ir. - Falou em uma voz embolada, enquanto se levantava. 
Admirei-o por mais algum tempo, tentando memorizar cada pequeno pedaço do corpo daquele deus. Como reflexo, cobri meu próprio corpo com vergonha, puxando o lençol amassado debaixo de mim. 
Ele caminhou pelo quarto, pegando aqui e ali as peças que ele vestia antes da nossa noite. 
– Eu vou tomar um banho rápido. Chama um táxi pra mim? 
– Claro. 
Esperei que ele ligasse o chuveiro para então pegar a agenda em uma das gavetas da estante e procurar o telefone. Liguei, sendo informada de que o táxi chegaria em cinco minutos aproximadamente.
Ele saiu do banheiro, completamente vestido e um pouco molhado, seus cabelos pingando e deixando sua camisa social quase transparente. 
– Por que não se seca direito, bonitão? 
– Vou perder o táxi. - Ele falou, andando apressadamente pelo quarto e colocando os sapatos. 
Depois alcançou o casaco de seu paletó, tirando de algum lugar um talão de cheques.
Era a hora do pagamento, e eu me senti extremamente contrariada. 
Eu queria rasgar o maldito papel em suas mãos e gritar com ele, dizendo que eu não queria um centavo que fosse de seu bolso, mas imaginei que essa atitude o assustaria. 
– Bruno, você não precis… 
– Shhh. Estou tentando fazer uma conta. - Ele disse, sem olhar para mim.
Fechei a cara e esperei que ele acabasse o que estava fazendo, enquanto ele sussurrava muitos números aleatórios, o que não condiziam com a hora completa que passamos juntos, que tornava a conta até bastante fácil. 
– Ei, quantas horas você trabalha por dia? 
– Oito.
Ele recomeçou a sussurrar números grandes, fazendo contas aparentemente complicadas de cabeça. Quando pareceu terminar, preencheu o cheque em suas mãos, assinando-o e deixando em cima da cama, longe de mim, enquanto voltava ao banheiro para se certificar que não havia esquecido nada.
Tomada por uma curiosidade mórbida, engatinhei rapidamente até o cheque, e então fiquei confusa. 
– Ei! - Ele disse, tirando rapidamente o cheque dali e colocando-o no bolso. - Isso não é pra você, é pra Rayana. 
Olhei para ele, ainda mais confusa. 
– Mas você sempre pagou pra mim… 
– Não dessa vez. O táxi já deve estar me esperando, tenho que ir. 
E dizendo isso, chegou perto de mim, me envolvendo com um dos braços em um abraço apertado, e me beijou no pescoço. Não um beijo inocente, mas um beijo bastante molhado. Na verdade, aquilo não foi um beijo, mas sim uma lambida. Por fim, inspirou profundamente em meus cabelos, e então me soltou. 
– Tchau. - Ele falou, enquanto se afastava de mim, sorrindo. 
Esperei-o sair do quarto, para então poder responder apropriadamente ao tremor de desejo que passou por todo o meu corpo com aquela despedida. 
Então, meus pensamentos se voltaram novamente àquele cheque, com um valor estranho. 
Comecei a calcular mentalmente, tentando entender o motivo daquele número. E depois de aproximadamente cinco minutos de contas e suposições, congelei. 
Bruno havia pago pelo resto da minha semana.

De repente, Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora