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Esse capítulo era pra ser amanhã, mas resolvi portar hoje e dedicá-lo a uma psicóloga linda que está fazendo aniversário hoje. _KCass_ eu te desejo muita felicidade, amor, paz e saúde.
Agora, a todos, boa leitura.
◇◇◇◇– Me chame de Ninha se preferir.
De repente, senti alguém passar entre mim e Bruno e agarrá-lo com força. Olhei na altura de sua barriga e vi que ele retribuía o abraço em uma menina com um vestido branco, cabelos compridos muito lisos e loiros: Exatamente como Duda, exceto pelos olhos, que tinham a mesmíssima tonalidade castanho dos de Michael. Ela devia ter no máximo uns oito anos, e parecia muito com uma linda boneca de porcelana.
– Você demora a vir me ver. - A boneca falou.
– Eu sou um homem ocupado, Julia. Pode perguntar pra sua mãe, ela sabe melhor do que ninguém.
Como mágica, Duda apareceu ao meu lado, segurando no colo uma outra menina muito pequena. Mas essa era completamente diferente da irmã, e se não tivesse acabado de conhecer o pai, poderia dizer que a criança havia provavelmente sido adotada. Ela sim ela mulata, com uma tonalidade de pele mais clara que a de Michael, mas bem mais escura que a da mãe. Seu cabelo era idêntico ao da irmã, a não ser por ser um pouco mais curto e negro. Quando ela se virou, me deparei com os olhos mais azuis que já tinha visto até então - mais azuis até mesmo que os de Duda. A menina era incrivelmente linda.
Ela se jogou para o colo de Bruno assim que o viu. Duda deixou que ele a pegasse, nos informando que a manha excessiva vinha do sono. Me permiti apenas observar a cena.
Bruno já era lindo de tirar o fôlego, mas por algum motivo, vê-lo com uma criança no colo fez com que sua beleza triplicasse. Meus olhos agora provavelmente brilhavam: Ele seria um pai incrivelmente sexy, e de repente desejei estar grávida.
– Ei Emily, precisa ficar acordada até a meia-noite. - Ele disse. Ela simplesmente negou com a cabeça, enfiando o rosto no pescoço de Bruno e se aconchegando ali.
– Ela é muito criança pra isso. - Julia falou, debochando da irmã. Emily olhou para ela com um olhar de ódio e, de pirraça, arregalou os olhos, se forçando a acordar.
– Não sou!
– É sim.
– Não briguem. - Michael falou, e as duas pararam.
– Ninha, essas são minhas filhas. Julia tem sete anos e Emily tem três.
Me dei conta de que aquela era, provavelmente, a família mais linda que eu já havia visto na vida. Não consegui deixar de sorrir para as meninas. Julia me olhou um pouco desconfiada, e depois de algum tempo se virou para Bruno.
– Ela é sua namorada?
– É sim. - Ele respondeu.
– Sabia que estava mentindo quando disse que eu era a sua namorada.
Ele riu, tentando se equilibrar com Emily em seu colo, que permanecia lutando contra o sono só para contra-argumentar a irmã.
– Mas você é. Só que é diferente.
– Aham - Ela falou, cética e debochada, e então reparei que Julia era uma miniatura perfeita de Duda. Fiquei com medo de começar a ser odiada por uma criança, e só então me dei conta do quão imatura eu realmente era.
Duda tinha vários primos e primas, todos lá. A família de Michael também estava presente, tornando o local uma mistura de etnias incrivelmente forte e contrastante. Conheci amigos de infância e de trabalho, que conversavam animadamente sobre assuntos aleatórios. Queria ter sido apresentada somente às pessoas com as quais Bruno falava e conhecia, mas alguns ali eram novos até para ele, apesar de saberem perfeitamente quem ele era. Por isso, me senti um pouco incomodada com alguns olhares de “Ganhou na loteria” que recebi. Ainda assim, a maioria daquelas pessoas pareciam ter o poder de fazer com que eu me sentisse à vontade.
– Quer jogar videogame?
Senti a barra do meu vestido ser puxada por trás e me virei. Era Julia.
– Ah, eu nunca joguei videogame… - Respondi de forma sincera.
– Tudo bem, eu te ensino. - Ela falou, me puxando pela mão.
– Ei… - Bruno falou, se virando assim que sentiu minhas mãos saírem de sua camisa. Com um sorriso no rosto, olhou para a menina e brincou - Vai devolvê-la depois?
– Só se ela quiser voltar. - Julia provocou sorrindo, e me perguntei se aquela capacidade de responder à altura de forma inteligente era normal para uma criança de sete anos.
Ela inconfundivelmente e incontestavelmente tinha saído da barriga de Duda.
Ele chegou perto de mim, falando ao meu ouvido.
– Quer ir?
– Sim. Volto mais tard… - Não consegui terminar, já sendo puxada pela mão por entre as pessoas do local.
Chegamos a uma pequena sala aconchegante, com alguns sofás e puffs, uma tv grande e algo que deveria ser algum videogame. Julia saltitou até os aparelhos e os ligou, manuseando rapidamente os controles.
– Aqui, esse é o seu. Esse botão pula, esse anda e aquele bate.
Sentei e tentei lembrar de tudo que ela havia me informado. Era um pouco complicado, mas se uma criança de sete anos conseguia fazer, talvez eu conseguisse também.
Ela acionou um jogo com princesas e magias, em que, juntas, tínhamos que bater e derrotar monstros e outras coisas esquisitas.
Julia quicava no sofá ao meu lado toda vez que matava algum monstro, e eu ria. Ela era mesmo uma graça. Tentei imitar o movimento de seus dedos no controle, e até consegui algumas proezas.
Algum tempo depois, quando eu já havia melhorado de forma considerável, vi Emily entrar na sala sonolenta e caminhar a passinhos minúsculos, esfregando os olhos e bocejando. Quando nos viu, veio em nossa direção, fazendo uma força imensa para subir no sofá e sentar ao meu outro lado.
Ela ficou ali, apenas observando tudo o que acontecia na tv. Tentei prestar atenção no videogame, e não nela, por isso suspirei quando senti seu rosto no meu braço esquerdo e, ao olhá-la, vê-la completamente adormecida enquanto se apoiava em mim.
Julia parecia alheia à irmã, muito compenetrada no jogo. Eu sabia que teria que enfrentar sua fúria caso perdêssemos àquela altura do campeonato, então me concentrei em fazer os movimentos certos enquanto tentava não me mexer muito, com medo de acordar Emily que agora já ressonava tranquila no meu colo, chupando o dedo.
– Nunca consegui passar dessa fase… - Julia falou, já sussurrando, e então notei que, embora eu achasse que não, ela estava bastante ciente da irmã ali.
– Até agora. - Falei, animando-a e aceitando o desafio.
A fase era mesmo difícil. Impedi que a personagem dela morresse umas três vezes, o que seria um grande mérito se ela não tivesse feito a mesma coisa comigo dezesseis vezes. Demoramos um pouco ali, tentando nos esquivar de vilões e conseguindo moedas, corações e outras coisas espalhadas por ali.
Quando finalmente conseguimos passar pelo último desafio, Julia pulou do sofá e deu um urro de felicidade um pouco alto demais. Emily tremeu um pouco no meu colo e se mexeu, pronta para acordar. Deslizei meus dedos suavemente entre seus cabelos, tentando tranquilizá-la de novo, com pena de que seu sono fosse interrompido.
Ouvi uma respiração que não pertencia nem a mim, nem a Julia e nem a Emily. Olhei rapidamente para o lado e encontrei Bruno encostado na moldura da porta, com as mãos nos bolsos, observando nós três.
– Há quanto tempo está aí? - Perguntei.
– Há algum. - Ele respondeu de forma simples. Seus olhos brilhavam com alguma coisa.
– Ah, sabia que ela estava dormindo em algum lugar. - Michael irrompeu pela sala, pegando Emily nos braços sem esforço algum e levando-a para a cama - Desculpe por isso.
– Não, tudo bem… - Falei, desejando sinceramente que ele não tivesse a tirado de mim.
– Ei, Julia - Bruno falou, chamando minha atenção de novo - Posso levar Ninha de volta?
– Mas a gente ia jogar outro jogo agora… - Ela respondeu, fazendo cara de abandono. Então senti uma vontade imensa de não abandoná-la.
– Eu fico mais um pouco. - Me intrometi, fazendo com que a expressão de tristeza sumisse e desse lugar a um sorriso lindo. Virei-me outra vez para Bruno, pedindo que ele me entendesse - Mais alguns minutos e eu volto pra festa.
Ele suspirou.
– Tudo bem. Vou estar esperando.
E dando um sorriso muito discreto para mim, se retirou e nos deixou sozinhas outra vez.
Michael achou que já era hora de Julia comer alguma coisa e “sair da frente daquele videogame”. Eu concordava, já sentindo tanto minha cabeça quanto meus dedos doerem, e fui eternamente grata a ele por isso. Saí à procura de Bruno e demorei um pouco até encontrá-lo. Quando finalmente o avistei, a um canto da sala lotada de gente, ele parecia entretido em uma conversa com uma morena alta e muito bonita, que parecia exageradamente contente em estar falando com ele. Então, de repente, senti meu sangue ferver.
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De repente, Amor.
Romance"Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como havia de ser, os do...