Capítulo 43

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O tapete pelo qual eu passei não era vermelho, mas sim branco. O caminho era limitado por arranjos de bambus ocos de altura média, que serviam como vasos rústicos para flores brancas. Eles ficavam ao lado de cada banco, e pela matemática rápida que fiz mentalmente, havia seis ou sete fileiras deles. No outro lado do jardim, perto do chafariz, algumas mesas redondas e grandes estavam espalhadas, enquanto os convidados - quase todos desconhecidos para mim - conversavam animadamente, alguns de pé, outros sentados e mais alguns dançando ao som de uma banda de três ou quatro homens a um canto.
Começava a anoitecer, e o jardim já estava iluminado pelos vários pontos de luz espalhados aqui e ali. Reconheci de longe Arthur e Julia dançando juntos, como se fossem do mesmo tamanho. Michael acompanhava Duda com Emily no colo enquanto sua mulher conversava com Robert. Hérica falava com algumas mulheres e Jhulie estava comendo qualquer coisa sentada a uma das mesas, com Diego ao seu lado. E Bruno havia sumido.
Foi quando encarei minha aliança com um sorriso bobo no rosto que senti um casaco branco e fofo cobrir meus ombros e um abraço envolver a minha cintura por trás.
- Você está um sonho. - Ele falou baixinho perto da minha orelha, respirando com força contra ela para que eu me arrepiasse - Um sonho muito cheiroso.
- Meu marido deixou um chupão no meu pescoço. Eu tive que passar um creme.
- Seu marido estava bêbado, tenho certeza que ele não fez por mal. Além do mais, deve ser muito difícil se controlar perto de você.
- Bom, espero que ele pelo menos consiga se controlar em público. - Falei, me virando para ele e deixando claro que o volume nas suas calças não havia passado desapercebido - Acho que me casei com um adolescente de 16 anos.
Ele continuou me olhando em silêncio, prendendo o casaco branco nos meus ombros.
- Acho que você é mesmo a coisa mais linda que eu já vi. - Ele disse com uma voz sexy, passando o indicador pela linha do meu queixo.
- Acho que você ainda não se olhou no espelho.
Ele gargalhou alto, como se eu tivesse acabado de contar uma piada realmente boa.
- Você é engraçada. - Ele finalmente disse, me ajudando a vestir o casaco. Quando estava enfim agasalhada, prendi meus dedos nos fios da sua nuca e o beijei sem nenhum aviso. Não era um beijo sensual, mas sim gentil, suave. Ou, ao menos, essa era a minha intenção antes de Bruno começar a me agarrar de uma forma um pouco inapropriada.
- Vai ser realmente bonito se um dos fotógrafos registrarem esse momento. - Debochei contra a sua boca, tentando segurar seus braços.
- Ainda bem que não foi a mamãe que veio chamar vocês aqui. - Arthur disse, saindo de trás de um arbusto e rindo feito uma criança - Ela ficaria constrangida.
- Arthur, você vai ser SEMPRE o meu empata-foda? - Bruno falou meio puto.
- Ei, só vim chamar vocês pra algumas fotos. Podem voltar pro matinho depois.
- Não vamos voltar. - Falei de forma divertida - Não quero que minha noite de núpcias aconteça no fundo do jardim dos pais de vocês. Vamos.
Puxei-o pela mão mas ele continuou parado.
- Preciso de um tempinho aqui. - Ele se explicou, colocando a mão nos bolsos.
- Vamos, Anninha. Meu irmão tem que desarmar a barraca.
Depois de algum tempo, Bruno se juntou a nós outra vez. Recebemos mais desejos de felicidade de mais pessoas, todos me elogiando e o parabenizando pela "sorte de casar com uma moça tão bonita". Imaginei que grande parte daquelas pessoas fossem executivos que ele já conhecia por serem amigos de seu pai, e outros deviam ser apenas amigos de longa data.
Tiramos fotos com praticamente todo mundo ali, mesmo porque não eram tantos convidados assim, e quando anunciaram a hora de cortar o bolo, fui outra vez surpreendida. Em cima da segunda camada enfeitada com glacê, vi uma miniatura incrivelmente bem feita de mim mesma com Bruno. Nossas feições eram perfeitas, e eu poderia até ter apreciado mais o capricho da personalização dos noivinhos caso todo mundo não estivesse rindo agora. A noivinha estava grávida e tinha os olhos revirados, e o noivinho estava efusivamente agarrado à sua barriga, ajoelhado no chão e com cara de pânico.
- Mandou muito bem, Arthur! - Jhulie falou gargalhando.
- Eu sei. - Ele concluiu.
- Vão à merda. - Bruno falou friamente, embora ele também estivesse rindo.
Depois que o bolo foi fatiado e servido, comecei a sentir um pouco de exaustão. Toda a carga de emoções pela qual eu havia passado durante aquele dia estava me cansando. Era como se eu tivesse nadado durante horas sem parar. Mais fotos, mais pessoas aplaudindo, mais gente bebendo e mais perguntas sobre a minha gestação. Eu estava feliz que todo mundo estivesse bem ali, mas não queria dar realmente uma atenção especial a ninguém que não fosse Bruno. Não era falta de educação, mas eu estava exausta e um pouco em transe ainda.
- É uma bela festa. - Jhulie falou, se sentando ao meu lado em uma das cadeiras livres.
- É... E o mérito é todo seu. Obrigada por tudo.
Ela deu um sorriso e segurou minha mão.
- Espero que você e meu irmão sejam felizes. Ele merece isso, e você também.
- Vamos ser. - Respondi, sentindo a certeza nas minhas próprias palavras. Era muito simples: Nós seríamos felizes porque fomos feitos sob medida um para o outro. Não havia chance de não sermos. Simplesmente não havia.
Os convidados começaram a ir embora aos poucos, e àquela altura eu mesma já estava com uma leve vontade de pegar Bruno pela mão e ir para casa a pé mesmo. Não sabia que horas eram, mas imaginava que não fosse muito tarde. E no final, quando olhei em volta e só vi Jhulie ao meu lado (comendo seu quarto pedaço de bolo), Arthur, Diego, Bruno e Duda conversando animadamente e Robert falando com os músicos junto de Hérica, concluí que a festa havia chegado ao fim.
E eu ainda estava um pouco sedada por tudo aquilo.
Bebi o que provavelmente era meu décimo copo de suco de maracujá, sentindo um vento fresco e bastante agradável passar pelo meu rosto. Fechei os olhos e fiquei ali, sentada, calada, fazendo nada mais além de respirar toda a mistura de perfumes daquele jardim.
Por um longo tempo.
- Oi...
Sorri sem abrir os olhos. Poucas coisas eram tão boas quanto ouvir sua voz de repente ao pé do meu ouvido.
- Oi.
- Vamos pra casa ou você prefere ficar aqui? - Ele perguntou de forma irônica, infiltrando os dedos por debaixo da minha trança e fazendo carinho na minha nuca. Minha cabeça ficou mole.
- Se você não parar de fazer isso, prefiro ficar.
- Posso fazer isso na nossa casa também. Debaixo do edredom.
- Vamos. - Concluí, me levantando imediatamente e já caminhando para me despedir das pessoas.
Diego e Arthur se colocaram à disposição para nos levar de carro, mas Bruno disse que não precisava, alegando que ele mesmo iria dirigindo um dos carros do pai emprestado, e então entendi que ele não havia bebido durante aquela noite.
Felizmente o caminho todo se resumia a dois quarteirões. Eu tinha certeza que acabaria dormindo caso passasse cinco minutos sentada no banco macio daquele carro. Quando chegamos ao jardim mágico da nossa casa, me apressei em abrir a porta do carro, mas fui impedida pelo grito de Bruno.
- Não grita, porra! - Falei assustada, socando-lhe o ombro. Ele se limitou a rir.
- Você não conhece uma das principais tradições do casamento? O noivo carrega a noiva!
- Pra dentro de casa. - Falei, cética - Se você não notou, ainda não entramos.
- A casa está dentro dos limites daquele portão de ferro pelo qual passamos com o carro.
- Então você fez errado de qualquer jeito. Porque eu já entrei e não estou no seu colo.
- Ah, cala a boca! - Ele fingiu estar irritado e saiu, dando a volta pela frente do carro. Foi minha vez de rir da cara dele.
Bruno abriu a porta do carona e me carregou no colo sem muita dificuldade. Me agarrei no pescoço dele usando o sono como pretexto, e quando cruzamos a soleira da porta, ele não me soltou.
- Se você pisar na barra do meu vestido, vai ser tão engraçado... - Falei rindo de mim mesma enquanto ele me carregava para o quarto.
- Você está estragando o romantismo, porra!
Eu não sabia se era o sono ou a leveza que eu sentia, mas tudo parecia muito mais engraçado do que o normal. Se eu não estivesse grávida, consideraria a possibilidade de Jhulie ter colocado algum alucinógeno no meu suco. Bruno parecia me achar engraçada por isso, e ria junto comigo de absolutamente nada em particular. Ele me colocou sentada na cama com um cuidado meio exagerado, me pedindo para ficar ali e esperá-lo voltar.
- Todas as portas ficaram abertas e as luzes ligadas. Não vou demorar.
E dizendo aquilo, me deu um beijo tão suave que mal pude sentir seus lábios tocarem nos meus. Quando abri os olhos outra vez, ele já não estava mais lá. Tirei as sapatilhas, os brincos e a gargantilha, me deitando em seguida e encarando o teto.
Lembrei de tudo que havia acontecido naquela noite: No meu casamento perfeito, no meu noivo perfeito, na minha nova família perfeita. E conforme os segundos iam passando e Bruno não voltava para o quarto, me dei conta de que estava ansiosa de novo. Mas, dessa vez, por outro motivo.
Eu tinha transado com Bruno no primeiro dia que nos conhecemos. Claro. Além disso, estava tão acostumada a fazer isso com ele que já era algo tão natural quanto tomar banho ou algo assim. Por isso, aquela ansiedade adolescente que estava fazendo com que as pontas dos meus dedos ficassem geladas podia ser considerada, no mínimo, idiota.
Não era medo. E também não se tratava de insegurança. Eu sabia muito bem o que tinha que fazer e como fazê-lo. Mas, de alguma forma, era como se aquela sensação da expectativa por uma primeira aproximação estivesse me tomando aos poucos. Era quase a mesma sensação de quando me dei conta, pela primeira vez, que estava apaixonada por ele. A diferença era que, diferentemente da primeira vez, eu estava me permitindo desfrutar daquela sensação. Era o nervosismo bom de uma nova paixão. Só que eu já estava apaixonada por algum tempo, então não fazia sentido.
- Você é muito estranha... - Falei em voz alta para mim mesma, sorrindo de qualquer jeito esparramada na cama. Ouvi os passos dele subindo as escadas outra vez e meu coração começou a bater muito forte. Sorri outra vez, achando graça do que ele me fazia sentir.
- Feliz? - Ele perguntou ao ver meu sorriso bobo, fechando a porta e indo se sentar ao meu lado na cama.
- Que pergunta estúpida é essa? - Perguntei sem deixar de sorrir - Óbvio que estou!
- Você tem andado muito com a minha irmã. Está começando a falar como ela. - Ele sorriu de volta, passando o indicador na linha do meu maxilar. Meu coração deu mais duas ou três batidas surdas.
- Você faz perguntas idiotas e a culpa é da sua irmã? - Perguntei, me levantando e ficando sentada de frente para ele. Eu sabia que encurtar o espaço entre nós me faria ficar mais nervosa, mas a sensação era tão boa que fiz de propósito.
Ele continuou me encarando por tanto tempo que pensei que quisesse dizer alguma coisa. Mas ao final de um longo silêncio, Bruno simplesmente segurou com muita delicadeza meu pescoço e tão lentamente quanto uma maravilhosa tortura, se inclinou para frente e me beijou. Foi um beijo perfeito. Absolutamente perfeito, em tudo. Bom o suficiente para me manter em um estado de torpor durante um longo tempo, inclusive depois que ele acabou.
- Você foi o primeiro homem que eu beijei... - Soltei em um tom de voz baixa, ainda de olhos fechados, sentindo o rosto dele próximo ao meu. Não sabia o motivo de ter dito aquilo naquele momento, mas também não fazia ideia do porquê aquela era a primeira vez que eu fazia aquela confissão a ele. Mas agora que o silêncio havia se instalado no quarto, eu começava a me sentir meio... idiota.
- Eu fui o primeiro homem que você beijou? - Ele perguntou, parecendo surpreso.
- Foi...
- Isso é sério?
- Não. Eu achei que seria legal contar uma mentira e depois quebrar o clima. - Falei debochada.
- Por que você nunca... Você nunca teve um namorado além de mim?
- Não. - Respondi encarando sua boca e chegando mais perto dele instintivamente.
- Não acredito que eu tive que esperar esse tempo todo pra saber disso... - Ele pontuou com um sorriso no rosto, infiltrando os dedos por baixo da minha trança outra vez e me puxando mais para perto - Por que nunca me disse isso?
- Eu acho que esqueci... - Falei um pouco desorientada pela proximidade, e no segundo seguinte, como se não estivéssemos bem no meio de uma conversa, o beijei distraidamente.
O beijo começou lento, mas não demorou para se tornar algo a mais. Bruno levou sua boca para o meu pescoço e deixou com a língua um rastro molhado perto da minha orelha. Meu corpo tremeu involuntariamente, e outra vez eu sorri.
- Está com frio? - Ele perguntou, e notei que aquela não era uma pergunta provocativa, mas sim verdadeiramente ingênua.
- Não. - Respondi, voltando a beijá-lo imediatamente enquanto trabalhava nos botões da sua camisa, no paletó e na gravata. Quando o despi completamente na parte de cima, Bruno trilhou um caminho de beijos no meu pescoço até a minha nuca, indo se sentar atrás de mim. A respiração pesada dele batia direto na pele sensível do meu pescoço, e era muito difícil parar de tremer. Quando senti seus dedos abrirem o zíper do meu vestido devagar, meus músculos se contraíram todos de uma vez, e ele notou.
- Você está bem?
- Aham.
- Parece um pouco tensa. - Ele disse, pontuando a frase com beijos na pele das minhas costas que agora estava exposta. Senti todos os pelos do meu corpo se eriçarem, e ele notou isso também. Bruno sorriu contra a minha pele e foi tirando o vestido de mim da forma mais gentil e elegante que conseguia. Quando, no final das contas, tudo que eu vestia se resumia a uma calcinha branca (porque não tive tempo de escolher uma coisa mais apropriadamente vulgar para a ocasião, já que aquele dia havia começado aos trancos e barrancos), ele sorriu outra vez e me abraçou por trás. Só porque já haviam se acostumado, suas mãos migraram para a minha barriga.
- Do que está rindo? - Tentei falar em uma voz firme e falhei vergonhosamente.
- Você está nervosa.
- E o que tem isso?
- Eu nunca te vi nervosa assim. - Ele falou calmamente, voltando a beijar o meu pescoço e ronronar ali como um gato cheio de manha. - O que você tem?
- Não sei. - Respondi a verdade.
- Quer deixar pra outro dia?
- NÃO! - Falei enfaticamente e corei em seguida.
- Que bom - Ele concluiu, sussurrando ao pé do meu ouvido enquanto subia suas mãos - Eu também não quero.
As mãos dele percorriam o meu corpo e me tocavam da mesma forma de sempre, e era engraçado como, dessa vez, tudo parecia mais intenso. Minha pele simplesmente se mantinha arrepiada durante o tempo todo, como se o toque dele fosse desconhecido.
Mesmo me sentindo um pouco inibida - algo que também nunca havia acontecido -, deixei que minha cabeça repousasse em seu ombro, tendo acesso à sua boca, e o beijei apaixonadamente.
As mãos dele pareciam tocar em pontos estratégicos, que costumavam ser tão normais mas que, naquele momento, pareciam fios desencapados. Quando ele voltou a ficar de frente para mim, tudo que fez foi me encarar por um longo tempo enquanto brincava com seus dedos na minha nuca. Nós dois ficamos em silêncio, como se não soubéssemos o que fazer a partir dali, ou como se não precisássemos fazer nada mesmo.
- Você é absurdamente linda. - Ele falou de repente, tirando alguns fios do meu rosto.
- Amanhã eu tiro a maquiagem. - Brinquei, beijando-o outra vez.
- Você vai continuar absurdamente linda amanhã. - Ele sorriu, pegando minha mão esquerda e beijando meu anelar com a aliança - Sua beleza não se limita à maquiagem. Não se limita nem à sua aparência. Você sempre foi linda, principalmente no que diz respeito ao que ninguém vê.
Eu o encarava feito uma retardada, assistindo-o se declarar contra a palma da minha mão. Eu queria responder, mas não o fiz por dois motivos: Primeiro, eu não sabia o que dizer. Segundo: Nada que eu dissesse valeria tanto a pena a ponto de interrompê-lo.
- Eu não acredito na sorte que tive de te encontrar, e não me conformo por quase ter deixado você ir embora. Então, se você ainda não se deu conta disso, me deixa te avisar: - Ele se inclinou para frente e encostou a boca no meu ouvido - Isso aqui é pra sempre. E o meu "pra sempre" não é como os de hoje em dia, que resolvem acabar por preguiça. O meu "pra sempre" é um pouco mais chato, aquele que não se dá por vencido.
Ele voltou a me encarar com aqueles olhos brilhantes e lindos, dando um sorriso arrebatador a poucos centímetros de distância do meu rosto. Eu continuei imóvel, e embora não tivesse nada de inteligente para falar, falei mesmo assim. Ou sussurrei.
- Eu gosto de "pra sempre" chatos.
- Então nós realmente combinamos. - Ele disse, e mesmo que meus olhos já estivessem fechados, pude "ouvir" seu sorriso enquanto ele dizia aquilo. Sem esperar pela minha resposta - talvez porque ele tenha notado que eu nunca conseguia falar merda nenhuma direito - Bruno me puxou para o seu colo e, quando fez isso, senti seu membro já completamente rígido contra a minha barriga. E então, porque as coisas não estavam estranhas o suficiente, meu rosto começou a ferver.
- Você ficou vermelha!
- Cala a boca... - Falei, corando ainda mais enquanto tentava desabotoar suas calças embaixo de mim.
- Fui eu que fiz isso? - Ele perguntou, parecendo tão divertido quanto se estivesse em um parque de diversões.
- Cala a boca! - Repeti, abaixando o rosto mas não conseguindo deixar de sorrir. Eu estava corando como uma menininha inexperiente, e vê-lo rindo de mim estava me deixando ainda mais sem graça.
- Você fica ainda mais linda vermelha... - Ele falou enquanto levantava meu rosto com uma das mãos e, com a outra, me puxava outra vez contra sua ereção. Depois de um pouco de ginástica e uma confusão de mãos, acabamos os dois sem roupas.
A noite estava fria, ou talvez fosse a minha ansiedade. Bruno parecia tão calmo como em qualquer outro dia, e tive que me concentrar no pensamento de que a estranha naquela situação era eu. Ele voltou a me beijar, e seu beijo parecia mais profundo do que nunca. Sua boca passeava sem pressa pelo meu rosto, meu pescoço, meus ombros e meus seios, confortável o suficiente para não parar um segundo sequer. Estremeci de leve quando senti suas mãos me levantarem, mas não deixei que ele notasse. Bruno se alinhou perfeitamente à minha entrada e esperou que eu me movesse, como era de costume. Como já estávamos mais do que acostumados a fazer.
Mas eu não consegui.
Ele me encarou outra vez, ainda sorrindo. Aquilo foi o suficiente para fazer com que eu corasse outra vez.
- Eu não consigo entrar em você. - Bruno disse contra o meu pescoço, usando sua voz mais conquistadora - Que tal relaxar?
Sua boca começou a passear muito suavemente de um lado ao outro do meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse nos lugares em que a pele dele esteve em contato com a minha.
- Eu sei o que tenho que fazer. - Retruquei friamente, tentando tirar qualquer traço de ingenuidade da minha voz. Isso só parecia diverti-lo ainda mais.
- Então por que você não deixa eu me divertir aqui? - Ele perguntou em meio a risos, deslizando uma das mãos para o meio das minhas pernas e esfregando com vontade não só meu clitóris como toda a entrada.
- Hmmm... - Gemi contra a pele do seu rosto, tentando dar uma resposta plausível mas não achando nenhuma. Ele firmou seu pênis de novo no lugar certo, e como da primeira vez, mal começou a entrar e meu corpo já havia se fechado violentamente contra o muito pouco que já estava quase dentro.
- Amor, você é virgem? - Ele debochou e eu comecei a rir - Vem cá.
Só me dei conta de que já estava deitada com as costas no colchão no segundo seguinte. Claro, ele sabia muito bem qual era a melhor maneira de me deixar relaxada e explodindo de tesão. Ele sabia usar aquela porra daquela língua dele muito bem, e depois de algumas lambidas e chupadas tão boas quanto o paraíso, qualquer virgem frígida estaria louca de vontade de ser espancada por aquela ereção enorme. E nessa situação, aproveitando tudo que seus dedos e sua língua alternadamente faziam em mim, de olhos fechados e respiração pesada, fui invadida sem nenhum preparo ou aviso.
Respirei fundo, agarrando o travesseiro embaixo da minha cabeça e fazendo força para não gemer alto. Bruno esperou um pouco para se mover, me encarando para se certificar de que não havia me machucado. Fiz o possível para informá-lo que estava bem. Ótima, aliás. Ele então se moveu, ondulando entre as minhas pernas daquele jeito incrível que ele sabia fazer tão bem.
Quando suas mãos foram parar na minha cintura e levantaram meus quadris, notei na aliança dourada que brilhava no anelar dele e, por algum motivo, ele pareceu dez vezes mais foda.
E era claro que as vadias soltas por aí também achariam isso. Mas não tinha problema: Eu iria atrás dela e as degolaria caso elas mexessem com o MEU marido.
Meu.
Quando as investidas foram se tornando mais rápidas e mais profundas, cansei de engolir os gemidos e comecei a fazer barulho de verdade, não me importando em momento algum se estava fazendo um escândalo. Mesmo porque Bruno parecia estar gostando bastante dos barulhos que eu fazia, escandalosos ou não. Depois de ir parar no seu colo mais uma vez, ditei o ritmo da transa pelo resto da noite. Consegui controlar nossos orgasmos por um tempo consideravelmente grande, já que nós dois chegávamos aos nossos limites com frequência. Quando nos permiti chegar ao clímax juntos, pela segunda vez, os lençóis já estavam tão amassados que pareciam ter servido de palco para uma luta. Eu estava cansada, suada, provavelmente descabelada e com a maquiagem borrada. Bruno continuava um semi-deus, cheiroso e lindo de doer como sempre.
Acho que dormi no seu colo, sentada, enquanto tentava recuperar a respiração constante. A exaustão havia me nocauteado, mas só de me nocautear nos braços dele, já estava bom. Ele cuidaria de mim, e eu confiava nisso com toda a força da alma. Pelo menos enquanto aquele sonho durasse, eu estaria bem.
Que eu não acorde nunca... Nunca.

De repente, Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora