– Amor, olha essa!
Eu estava um pouco feliz demais, e sabia disso. As atendentes da loja riam da minha cara com gosto, talvez porque nunca tivessem visto um pai de primeira viagem tão animado assim. Eu achava um saco escolher minhas próprias gravatas, mas por algum motivo, olhar para aquelas roupinhas minúsculas e coloridas estava me dando vontade de comprar tudo. Mais cedo naquele dia, nós tínhamos ido fazer compras para a mudança no guarda-roupa de Anne, escolhendo peças que coubessem nela. Agora estávamos no próximo estágio: As roupas que vestiriam o que estava dentro daquela barriga.
– Mais uma peça rosa? - Ela perguntou.
– Claro! Ela é menina!
Anne riu da minha cara.
– E por isso ela precisa usar só rosa? Que tal um branquinho ou amarelo claro?
Olhei para a peça de roupa que ela trazia nas mãos e larguei a que eu segurava. Era um vestidinho de lã branco com bordados, babados e flores coloridas. E era menor que o meu antebraço.
– Gostou? - Ela perguntou.
– É lindo… - Respondi, já me virando para uma das mulheres atrás de nós - Quais outras cores tem desse?
– Além do branco, temos lilás, vermelho e cinza.
– Podemos levar os quatro? - Perguntei perto da orelha dela, fazendo cara de cachorrinho abandonado.
– Você sabe que ela vai crescer antes de dar tempo de usar todos eles.
Eu sabia que ela estava certa. Mas minha filha estava despertando meu lado consumista.
– Levamos um deles - você escolhe -, e aí escolhemos outros modelos depois. Que tal? - Ela disse, notando minha tristeza evidente.
– Tudo bem…
Uma das mulheres que nos observava foi buscar os vestidos enquanto Anne se virava para ver outras peças nos cabides do outro lado da loja. Antes que pudesse me juntar a ela, fui abordado por uma das atendentes que permaneceu ali.
– Primeiro bebê? - Ela perguntou, tentando parecer casual.
– É… - Respondi sorrindo. Eu não conseguia não sorrir quando falava da minha filha - Descobrimos que seríamos pais e nos casamos há menos de uma semana.
– Ah… Uma gravidez acidental. Atrapalha um pouco quando somos jovens e temos um bocado da vida pra curtir, não? - Ela soltou, fazendo uma cara de pena que eu não entendi.
– Não. - Respondi com veemência - Na verdade, acho que não tinha como eu ficar mais feliz do que estou agora.
Ela sorriu, tentando parecer educada, embora estivesse claramente contrariada pelo meu comentário.
– Sua esposa parece ter tido sorte então. - A mulher soltou, já caminhando para longe, e mesmo que pudesse ter sido apenas impressão, notei uma certa pontada de veneno na sua voz.
Voltei a encarar Anne de longe. Ela estava com a cabeça baixa, separando roupas coloridas nas mãos, mas seus olhos estavam em mim. Ela estava rindo, como se estivesse presenciando alguma coisa engraçada, embora eu não soubesse o motivo.
– Aqui está.
Pulei de surpresa com a voz atrás de mim. Quando me virei, uma das mulheres me oferecia os vestidos nas outras cores.
– Ah, obrigado…
– Você é dos Estados Unidos? - Ela perguntou, sorrindo de maneira simpática.
– Como você sabe?
– Pelo seu sotaque.
– Ah, sim. Minha mulher e eu nos mudamos pra cá há pouco menos de duas semanas.
– Vão morar aqui?
– Sim. Acho que com o tempo começo a aderir ao sotaque inglês. - Brinquei, tentando separar os vestidos nas mãos.
– Ah, não faça isso. Seu sotaque é incrivelmente sexy. - Ela respondeu de imediato, e eu comecei a ficar realmente sem graça. Quando o silêncio ia ficar desagradável, Anne surgiu ao meu lado.
– E então, qual vamos levar? - Ela perguntou, parecendo de bom humor.
– O branco. É mesmo o mais bonito.
Ao final daquele primeiro dia de compras, levamos um bom número de peças, embora eu quisesse um pouco mais. Acabamos com alguns vestidos, pijamas de palhacinhos e todo tipo de coisa fofa, meias e luvas minúsculas de várias cores, toucas fofas e quentes, sapatinhos de lacinhos e babadinhos que me deixavam louco só de pensar em vê-los na minha filha, casaquinhos e macacões com capuz de coelhinhos. Por hora, era o suficiente; Mas eu ainda tinha mais quatro meses para convencer Anne a comprar mais coisas.
– Não dá, é tudo muito fofo. - Me defendi enquanto tirávamos as roupas de dentro das sacolas e arrumávamos tudo dentro do armário do quarto de bebê - Se eu pudesse, trazia tudo.
– Esse é o problema. Você pode. E é por isso que eu tenho que estar do seu lado, senão você compra tudo que vê pela frente. - Ela pontuou, pendurando a última peça em um dos cabides - Amanhã vamos comprar mais algumas coisas que faltam. Ainda não temos mamadeiras, chupetas, toalhas, fraldas, lençóis, todas aquelas coisas de higiene…
– Precisamos comprar mais alguns brinquedos também…
– QUÊ? - Ela exclamou de repente, e eu me assustei - Mais brinquedos? Olhe em volta!
– Mas e se ela cansar desses?
– Bruno, não precisa de mais brinquedos. Se você rasgar uma folha de papel na frente dela, ela vai achar a coisa mais divertida do mundo.
– Mas…
– Não! - Ela me interrompeu, empregando um tom de mãe inédito na voz. Bufei contrariado, mas não respondi.
– Podemos ao menos comprar aqueles shampoos em formato de bichinhos? Pra ela se divertir no banho?
Ela começou a gargalhar de repente, e eu comecei a me sentir idiota.
– Que foi? - Perguntei, um pouco amargo. Ela se aproximou de mim e me abraçou pela cintura.
– Você é a coisa mais fofa que eu já conheci.
– Ei, não sou fofo. Sou gostoso, fodão, comedor… Essas coisas de macho.
– Ah, sim. E você fica mais gostoso quando banca o papai entusiasmado.
Estreitei os olhos e ela riu outra vez.
– Está tirando sarro da minha cara?
– Não. Pergunte àquelas mulheres que nos atenderam hoje.
– O que tem elas?
– Ora, você não é ingênuo. Elas estavam quase arrancando as calcinhas pela cabeça. Tenho certeza que hoje à noite todas vão sonhar com você fazendo um filho nelas.
– Hum… E o meu entusiasmo como papai surte esse efeito em você? - Perguntei, abraçando-a por trás de maneira indiscreta.
– É claro que surte. A diferença está no fato de que eu não preciso sonhar com você fazendo um filho em mim. Primeiro porque você já fez, e segundo porque, quando eu quero saber como é ter você dentro de mim, tudo que tenho que fazer é pular no seu colo.
Ela deu um sorriso inocente, ficando nas pontas dos pés e me beijando carinhosamente antes de completar: - Azar o delas, sorte a minha.
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De repente, Amor.
Romance"Bruno é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Anne é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como havia de ser, os do...