Oficialmente.

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Eu encarava a porta completamente confusa, pensei que Yoongi passaria a tarde comigo, mas depois de atender uma ligação ele simplesmente mudou. Sua feição, sua expressão e até mesmo sua postura. Ele disse ter tido outro problema com "You Never Walk Alone" e, por isso, teria que ir à BigHit já que era o único em Seul. Os demais chegariam no dia seguinte, então eu estava realmente sozinha com a televisão ligada no filme de suspense que estávamos assistindo. Havíamos chegado há algumas horas e faltava pouco para meia noite, mais duas horas e Jinwoo seria declarado, oficialmente, fugitivo. Babaca.

Mas tudo o que eu conseguia pensar era em Yoongi. Ele parecia realmente irritado e ansioso para sair, tanto que mal esperou que eu falasse algo para fechar a porta atrás de si. Não que eu estivesse triste ou algo assim, estava preocupada porque era raro vê-lo daquela maneira, a única vez em que vi Yoongi irritado foi quando Jinwoo proferiu palavras escrotas para mim. Mas ele parecia diferente. Queria poder ajudar, mas eu obviamente não podia por ser algo do novo álbum. Peguei meu celular e encarei o ecrã sem mensagens e ligações.

Fiquei de pé esticando-me, estava com o corpo um pouco dolorido porque estava deitada com Yoongi no sofá da minha casa, que era bem menor que o da sua casa em Gangneung aonde dormimos. Assim que estalei alguns ossos parecia nova em folha. Olhei para o relógio novamente e apenas um minuto tinha se passado desde a última vez em que olhei, e pareceu ter passado uma eternidade. Mas não, era apenas um minuto. Eu estava ansiosa, não podia negar, talvez com Jinwoo sendo considerado um fugitivo as coisas ficassem mais sérias, o que me dava mais chance de colocá-lo na cadeia. Ele era assim tão idiota?

Digo, Jinwoo tinha dinheiro. Talvez estivesse fodendo toda sua grana com seus vícios, não me interessava, mas eu sabia que se ele estivesse são estaria lutando contra as acusações, afinal, era só arrumar um advogado e coisas do tipo para que pudesse tirar as acusações de cima de si. Mas, obviamente, eu estava grata por ele não ter, sequer, deposto como foi indiciado. Ele estava fugindo como um covarde filho da puta e a pior parte disso tudo era saber que ele estava desaparecido e que ninguém sabia onde ele estava. Ele poderia estar em qualquer lugar. E por mais que eu me odiasse por isso, tinha certo medo. Mas sim, eu tinha que parar de temê-lo, ou então seria apenas uma mulher frágil que não agia quando necessário porque ficou paralisada com o medo tomando conta de si, assim como fiquei da vez em que ele me agrediu. E eu já me sentia culpada o suficiente, de não ter feito nada, daquela vez.

Senti meu celular vibrar em cima da mesa da sala, enquanto eu caminhava para a cozinha a procura de algo para comer. Peguei o celular me dando conta de que era uma mensagem de Yagmi, desbloqueei o celular dando de cara com um selca dela com todo mundo, onde todos faziam corações com os dedos. Abri o maior sorriso do universo e mandei uma selca minha, fazendo o mesmo gesto, e sorrindo. Yagmi estava me mandando mensagens o tempo todo para saber como eu estava, já que, obviamente falei com ela que estava voltando para Seul e pedi para avisar Sunhee, Yoongi avisou Hoseok quem avisou aos outros meninos. Tive que implorar para que nenhum deles voltassem para Seul antes do tempo previsto, afinal, já bastava Jinwoo ter ferrado minha viagem e de Yoongi.

Deixei o celular na sala subindo as escadas para o estúdio de pintura. Fazia algum tempo desde a última vez em que havia pintado e isso era algo que sempre me acalmava, já que eu era naturalmente ansiosa. Abri a porta me dando conta de que, mais uma vez, não mostrei Yoongi meu local de trabalho, mas teriam outras oportunidades e eu sabia disso. Me encolhi no meu agasalho percebendo que ali estava frio e logo entendi que era graças a uma greta na janela que deixávamos aberto para que o local não ficasse muito abafado ou com forte cheio das tintas à óleo. Liguei o aquecedor sem pensar duas vezes e então encarei a tela branca, com algumas gotas de tinta e um longo borrão de tinta azul. Aquela era a obra da última vez em que estive ali, e que foi com Sunhee no dia em que ela me tampou uma quantidade absurda de tinta e ficamos correndo pela rua. Ri sozinha ajeitando meu cabelo em um rabo de cavalo.

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