Esboço.

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Olhava para minhas mãos em cima da mesa enquanto escutava detetive Lee conversar com outros policiais sobre o rumo que tudo aquilo tomaria a partir de agora. Kim Jinwoo era considerado fugitivo da polícia e, a partir das doze horas, após os papeis assinados, ele começaria a ser procurado pela polícia para dar explicações e, caso as mesmas não fossem provadas por ele, ele iria preso por todas as acusações. Isso me deixaria aliviada, mas alívio era o que eu mesmo os sentia ultimamente, afinal, com ele desaparecido e sem ninguém ter nem sinal do mesmo, eu apenas pensava que era ainda mais fácil ele me surpreender de maneiras desagradáveis.

A advogada folheava as últimas folhas do processo, ela estava concentrada enquanto eu apenas ouvia os sussurros da Detetive, mas não conseguia prestar muita atenção. Já havia lido as folhas que dariam início ao processo e a procura de Jinwoo, porém não era nada daquilo que fazia com que minha mente fosse para outro mundo. Após Yoongi, simplesmente, dizer que devíamos parar eu ficava com mil perguntas na minha cabeça. Mas nenhuma delas pareciam ter respostas, o que me deixava ainda mais triste. Como consequência, passei a noite inteira em claro e com os olhos transbordando. Quando parava de chorar, fechava os olhos para tentar dormir e não conseguia, não conseguia parar de escutar sua voz, sua justificativa para que nos afastássemos. Não conseguia parar de lembrar de seu olhar, de seu sorriso, do som da sua risada e até mesmo a porra do seu cheiro parecia estar presente em meu quarto. Eu era mesmo uma imbecil.

- Parece tudo nos conformes. – A advogada sussurrou deixando o chumaço de papel em cima da mesa. – Pode assinar.

Balancei a cabeça positivamente e então peguei a caneta que estava largada em cima da mesa, no instante em que pressionei o botão e um clique foi ouvido, a Detetive Lee, e o policial que conversava com ela, se viraram em minha direção. Lee sentou-se mais uma vez enquanto ia virando as páginas e me mostrando onde assinar, e eu seguia cada passo sem hesitar, afinal, o que mais queria era poder me sentir segura de novo. Independentemente de qual seria a consequência para Jinwoo, ele não era inocente e não havia razão para sentir pena.

- Fico feliz que, realmente, tenha querido assinar, Yura. – Detetive Lee disse enquanto eu assinava a última folha.

Apenas a fitei enquanto forçava um minúsculo sorriso. Eu estava contente que as coisas começariam a dar certo, pelo menos ali. Mas não estava com humor algum para sorrir ou comemorar, estava apenas querendo voltar para minha casa e dormir o resto do dia. Por mim nem tinha saído de casa, mas se eu não fosse assinar os papeis forçando minhas queixas para Jinwoo, talvez a polícia o deixasse de lado e ele continuaria por aí. A questão não era mais apenas eu, ia muito além. Se a mim, quem ele diz amar, ele foi capaz de agredir, não gosto nem mesmo de pensar o que ele é capaz de fazer contra outras pessoas.

- Yura, querida... Como se sente? – Questionou se sentando na cadeira a minha frente.

Franzi a testa a encarando. Eu estou péssima. – Bem e você?

Ela sorriu de lado. – Bem. Quero dizer que você tem meu número para emergências, mas não apenas para isso. Se precisar, realmente, de algo, pode me ligar. Mesmo que seja apenas para desabafar.

Forcei um sorriso. – Claro. Obrigada.

Ela assentiu balançando a cabeça. – Estamos juntas nessa.

- Estou liberada? – Perguntei um pouco ríspida demais, forcei um sorriso para não parecer tão estúpida.

Ela balançou a cabeça positivamente. – Claro. Obrigada por ter vindo.

Fiquei de pé e a advogada fez o mesmo em seguida. Eu estava grata por tudo que a Detetive Lee estava fazendo por mim, por todo apoio e atenção, afinal isso tudo me deixava mais tranquila. Porém, eu não estava em um dia bom e só queria ir para casa, especialmente porque ninguém havia chego ainda. Yagmi e Sunhee sairiam de Sokcho, com os meninos, após o almoço e eu ainda teria um tempo para ficar sozinha em meu quarto sem precisar dar explicações.

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