Namsan Seoul Tower.

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18 de abril.

Encarava a tela insatisfeita com o que tinha feito. Como não havíamos produzido no tempo em que estávamos no Brasil optamos por seguir por mais uma semana com a exposição relacionada a música, que estava, de fato, atraindo muita gente, afinal, Jung Hoseok havia citado a mesma em uma de suas lives com os meninos. Sempre sendo um anjo. Agora eu estava trabalhando em uma das obras da nova exposição que faríamos: estações, a qual mesclávamos momentos a cada peculiaridade de cada estação. Devido a longa discussão que Sunhee e eu tivemos resolvemos que as duas pintariam o quadro da cerejeira que representaria um dos quadros da primavera.

Mais cedo, na faculdade, enquanto tínhamos o intervalo entre as aulas e Sunhee foi se agarrar com Yuri em algum lugar do campus, passei a observar as pessoas ao nosso redor para que tivesse algumas ideias e mesmo tendo-as na hora de colocá-las em tela era tudo mais complicado. Encarava a réplica das garotas que vi, pela manhã, sentadas a grama aproveitando o Sol para se esquentarem e achava tal pintura tão clichê, sem significado.

Bufei soltando os pinceis e sentei-me no chão percebendo que se iniciava "You Never Walk Alone" esbocei um pequeno sorriso ao escutar a voz rouca de Yoongi.

Ye shineun wae jakkuman
(
Por que Deus continua)
Uril oerobge halkka oh no
(
Nos fazendo solitários? Ah, não)
Ye sangcheotuseongiljirado
(
Mesmo que estejamos cheios de cicatrizes)
Useul su isseo hamkkeramyeon
(
Mas podemos sorrir se estivermos juntos)

Me arrastei até o som aumentando o volume e logo deitando-me ao chão na esperança de conseguir alguma inspiração, algo que realmente fosse capaz de me ajudar a pintar o verão. Eu poderia pintar o inverno com neve e essas coisas clichês, mas eu queria mais. Queria algo que as pessoas vissem e pudessem compreender que se tratavam delas no inverno. Além de camadas de roupas e dentes rangendo de frio eu não tinha a merda de uma ideia.

Hollo geotneun i gire kkeute
(
No fim desta estrada que caminho sozinho)
Mwoga itdeun bal didyeobollae
(
O que quer que esteja por lá, vou dar um passo)
Ttaeron jichigo apado
(
Mesmo que eu fique cansado e machucado ás vezes)
Gwaenchana ni gyeochinikka
(
Está tudo bem, porque eu estou ao seu lado)
Neowa na hamkkeramyeon
(
Você e eu, se estivermos juntos)
Useul su isseunikka
(
Podemos sorrir)

Foi então que a música parou o que fez com que eu abrisse os olhos completamente confusa. Sobressaltei-me sentando no chão de imediato ao dar de cara com Yoongi de ponta a cabeça a minha visão. Senti meu coração acelerar por causa do susto e o encarei rindo do que tinha acabado de causar.

- E aí. – Ele me encarou rindo e com as mãos nos bolsos da calça jeans.

- Caralho, Yoongi! – Vociferei colocando a mão em meu peito enquanto o encarava. – Que susto.

Ele permaneceu me fitando tranquilo. – Sentiu minha falta?

Suspirei ficando de pé.

- Como não sentir, certo? – Ele fez um bico dando de ombros. – Olha pra mim.

- Convencido. – Sorri andando em sua direção.

Antes mesmo que me aproximasse Yoongi me puxou pela cintura sorrindo de lado. – Eu senti a sua.

- Bem-vindo de volta, babe.

Ele riu anasalado e sem demora selou nossos lábios, não era maluca de negar o beijo que tanto queria e havia sentido falta. Os meninos ficaram pelos Estados Unidos gravando o próximo Bon Voyage e tudo o que eu esperava era que os sete tivessem descansado pelo menos um pouco de toda essa carga de shows que vêm fazendo. Sei que eles adoram essa vida e realmente amam o que fazem, mas como amiga e fã me preocupo com o bem-estar deles. Sempre que fazíamos ligações lá estava eu perguntando como estavam e se haviam descansado, o que fazia com que todos me encarassem como se eu fosse uma parente chata.

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