Crônicas de Água e Fogo: O Elemental

13: Reconstrução de Confiança

RESPIREI FUNDO, E COBRI OS OLHOS com as mãos. Meu Deus, eu estava agindo como uma criança mimada e estúpida. Não era culpa de Jason. Por que ele não tinha me contado, por quê? Mas agora eu nem mesmo podia culpá-lo, já que reagi como uma adolescente cheia de hormônios que não sabe controlar as próprias emoções. Ele tinha razão. Toda a razão. Me comportei da forma mais ridícula possível, gritei com ele e com os meus pais como se eu tivesse o direito de fazer isso. Quando Clairely entrou no quarto, soltei o ar com força, aliviada. Pelo menos agora eu conversaria com alguém.

- Claire, como os meus pais estão? E Jason? Você o viu? - perguntei, ávida por informações.

Ela sentou na beira da minha cama e pousou as mãos sobre o colo, suspirando.

- Seus pais estão bem. Um pouco abalados pela sua gritaria, mas bem. E o Príncipe Jason está com uma cara de enterro danada. Se eu fosse você ia lá falar com ele, sabe? Deve desculpas a ele também. - ela olhou pra mim, com uma expressão impaciente e ao mesmo tempo compreensiva. - Ele só queria te poupar, Ágata. Pelo amor de Deus! Você reclama de ser tratada como criança, mas se comporta com infantilidade todas as vezes em que deveria se mostrar uma mulher madura. Ele é seu noivo. Você tem que respeitá-lo assim como ele aprendeu a respeitar você durante o tempo em que estiveram morando juntos. Se ele achou melhor não contar antes, aceite. Dê o apoio que ele precisa para seguir em frente e vencer esse problema. Sou sua amiga, Massie, sua irmã. Te digo isso com a melhor intenção. Quero que você seja feliz, e não vai conseguir se continuar parada aí com essa cara de cocô. Eu não acredito que disse isso, mas tudo bem. A Sra. Parker da aula de etiqueta me crucificaria nesse instante.

Sorri, com os olhos cheios de lágrimas. Me sentei ao lado dela na cama e segurei suas mãos com firmeza, olhando seu rosto, com a esperança de expressar toda minha gratidão por ter a sorte de ter ganhado uma irmã que sempre esteve ao meu lado, pronta para me ajudar quando eu estivesse errada e para me incentivar quando eu acertasse.

- Obrigada, Claire. Eu não sei se já te disse, mas tenho tanta admiração por você. Nós crescemos e você se tornou tão corajosa! - demos uma risada, lembrando de todas as vezes em que ela saiu correndo por ver lagartixas no jardim.

- Tá, eu sei que sou demais. - ela sorriu. - Agora vai logo encontrar o amor da sua vida. Vai, vai! - eu me levantei, e pisquei várias vezes para não derramar as lágrimas que tinham tomado conta dos meus olhos e caminhei em direção a porta. Quando eu estava saindo, ainda pude ouvi-la dizer: - Eu simplesmente adoro o amor!

Saí andando a passos rápidos e agradeci por ter trocado de roupa e colocado uma calça e sapatilhas confortáveis. Olhei para todas as direções que davam para outros corredores, tentando encontrar ele. Senti um frio inesperado no fundo da barriga e minha pulsação acelerou. Meu rosto esquentou imediatamente ao ouvir a voz rouca e profunda que reverberou pelo lugar, criando ondas sonoras graves:

- Ágata?

Me virei tão rápido que meus cabelos voaram por cima do ombro.

E lá estava ele, parado ali. Com o terno negro de sempre e os cabelos pretos puxados para trás, penteados pela primeira vez em muito tempo. Ele estava com uma expressão diferente; a mesma que usava quando eu era criança. Era cautelosa e extremamente arrogante.

Estávamos alguns metros de distância, e ele veio andando rápido até mim. Eu poderia estar sendo ridícula, mas ele estava vindo com tanta determinação que eu começara a ficar assustada.

- Jason, me perdoe, eu... - ele segurou meu rosto entre as mãos.

- Nunca mais faça isso comigo de novo. Não me exclua, não me trate como alguém com quem não vale a pena conversar nem tentar ajeitar as coisas, porque você está errada. Está errada sobre mim, está errada em ter essa insegurança sobre nós dois. A minha lealdade está com você, Ágata. Para sempre. - e então meus lábios foram esmagados pelos seus.