ERA BEM ÓBVIO PARA mim que a mãe de Jason estava morrendo de saudades dele. Assim que chegamos até onde ela estava, no topo da escadaria de pedra do Palácio de Fogo, a Rainha imponente perdeu seu posto para dar lugar à uma mãe amorosa e coruja que imediatamente envolveu o filho em um grande e caloroso abraço. Depois de passar bons cinco minutos abraçando Jason, ela começou com a mesma ladainha de todas as mães que não vêem os filhos há algum tempo:
- Olhe só como está um pedaço de mau caminho! - exclamou, orgulhosa, porém franzindo a testa logo em seguida. - Esse corte de cabelo deixa você tão sério. Ficaria melhor se você não estivesse sempre com essa cara fechada, Jason. Não é verdade, Ágata?
Concordei prontamente, um sorriso estampando o rosto ao cumprimentá-la com um abraço apertado. Rainha Triza era a própria luz; no sorriso, no jeito de ser. Ela sempre fora tão gentil comigo, como se estivesse cuidando de mim sempre que pudesse, mesmo de longe.
Jason me olhou de lado, ainda sério.
Bom, na verdade não era bem o corte de cabelo que o deixara com a expressão tão impassível, mas sim o aborrecimento por querer saber logo o que eu escondi dele durante esse tempo e o porquê de eu ter feito isso.
Mas estava claro que eu não contaria algo tão revelador no Palácio de Fogo. Seria como gritar para Telórius que a esposa dele estava viva e pior: escondendo-se dele com a minha ajuda.
Adentrando no enorme salão do Palácio de Fogo, a mãe de Jason fez sinal para que fôssemos seguindo atrás dela, pois não teríamos muito tempo antes que o Rei Victor e Telórius saíssem para a próxima fase dos Jogos Elementais no Palácio da Arena, lançando um olhar de culpa para Jason, que fez um gesto para indicar que não havia problema, olhando pra mim logo em seguida.
Eles não sabem da volta de seus poderes. Telórius realmente mentiu, pensei.
Eu avisei, ele retrucou.
Revirei os olhos para Jason e sua presunção.
- Seu filho é um homem muito rabugento. - eu disse, sorrindo, ao passo que Jason fez uma careta de exasperação.
- De fato, ele é. - Triza concordou, me devolvendo um sorriso cúmplice. - Herdou essa característica lastimável do pai, é assim desde criança.
- Eu que o diga. Ele me empurrou de um balanço quando éramos menores!
- Vocês duas poderiam parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? - Jason reclamou, virando-se para me encarar em seguida: - E que história de eu ter te empurrado de um balanço é essa? No Palácio da Água nem tem balanço!
- É porque não foi no meu Reino que isso aconteceu, mas sim no de Aurora. - esclareci.
- Você só pode estar ficando maluca. - contrapôs Jason. - Nunca fui no Palácio do Vento quando criança, Aurora me dava medo e meus pais não confiavam em Otto, decisão muito sábia, aliás. - ele disse para sua mãe, que concordou com a cabeça.
Mas você estava lá, eu lembro!
A única alternativa para esse seu relato ser verdadeiro é que você desde criança entrava em delírio quando pensava em mim.
O encarei, meus olhos ganhando a cor violeta enquanto os seus queimavam em chamas que exalavam divertimento e malícia. Mas a verdade era que eu estava ultrajada. Quem é que tinha me empurrado, então? Eu imaginei tudo, é isso?
Relaxa, Peixinha.
Tentei manter a calma, focando no que a Rainha Triza estava falando:
- Eu lembro de quando ele era criança e fazia birra na hora do jantar. Foi tão mimado pelas cozinheiras que se o prato da noite não fosse de seu gosto, ele não comia absolutamente nada. - ela deu um risinho. - Não que ele tampouco deixasse alguém terminar sua refeição em paz, é claro.
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Crônicas de Água e Fogo: O Elemental
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