43: Oponentes

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Valerie


O SOM DAS TAÇAS ERA alto, e o gosto do vinho descendo pela minha garganta era intenso. Estar no corpo de Aurora estava me renovando a cada segundo, o Ar entrando pelos meus pulmões pulsando em algo muito mais poderoso do que simples oxigênio. Era poder. Era magia.

Ter ganhado Thomas era só um bônus, mas algo que fora muito bem vindo. Eu estava fazendo a coisa certa em ocultar a morte de Aurora dele e inverter nossos papéis. Ele era, - ainda é, - atraído por ela, eu só precisei dar um empurrãozinho nas coisas para que acontecessem mais rápido.

Thomas estava apaixonado por mim, - ou como ele pensava, - por Aurora. Agora ele faria qualquer coisa que eu pedisse. E acredite, exercer esse tipo de poder sobre alguém era muito mais poderoso do que quaisquer outros tipos de manipulação. O que posso dizer simplesmente é que o coração é a parte mais traiçoeira de nós.

- Você está tão deslumbrante quanto uma rosa vermelha. - disse Thomas às minhas costas, uma taça de vinho semelhante a minha ocupando sua mão.

Um sorriso malicioso se formou em meus lábios pintados de vermelho. Sempre fora a minha melhor cor: o vestido de tafetá justo em meu decote e cintura descendo em uma saia esvoaçante do tom mais escuro de rubro me dando maior destaque entre a multidão.

- Prefiro ser comparada com a lendária Lua de Sangue. - inclinei minha taça na direção da sua, o tilintar de cristal contra cristal me trazendo um bom pressentimento sobre os acontecimentos da noite. - Linda, cruel e sangrenta. - declarei, esvaziando o conteúdo da taça com mais um gole, no exato momento em que o Príncipe do Fogo adentrava na sala.

Com o meu alvo logo atrás.

* * *
Ágata

ESTAR DE VOLTA AO Palácio da Arena só me fazia lembrar do anúncio de Telórius para o povo de cada Clã sobre a Magia que fora levada de Jason. Levada com a ajuda dele. Senti o Fogo arder em mim, mas me contive, tentando me concentrar em outra coisa, como por exemplo no vestido violeta que eu estava usando.

Meu ombros estavam nus, exceto apenas pela minha corrente de prata e diamantes, reluzindo contra a luz dos lustres nos corredores. O tom de violeta de meu vestido fora exclusivamente inspirado na cor em que meus olhos ganhavam quando o meu olhar cruzava com o de Jason. Flores feitas de renda preta estavam espalhadas pelo tecido, em combinação com o terno de veludo do Príncipe de Fogo ao meu lado, o contraste perfeito entre noite e escuridão.

Toquei o braço de Jason, sentindo os músculos tensos sob o tecido. Entrelacei meus dedos nos seus, dando um leve aperto em sua mão, fazendo com que ele olhasse pra mim.

- Estou preocupado. - disse, em tom baixo e contido.

- Então não fique. - falei, no mesmo tom. Estávamos sob supervisão aqui. Não era bom falarmos sobre assuntos que quiséssemos manter apenas entre nós, muito menos falar mais alto que o necessário. A definição de paredes com ouvidos era literal quando se tratava do Palácio da Arena.

- Não é tão fácil assim, Ágata. - ele disse, me encarando com seriedade. - Você sabe.

- Não sabemos se vai acontecer, Jason. - respondi, cautelosa. - Nenhuma de nossas visões se concretizou ainda, então você não pode ter certeza.

Crônicas de Água e Fogo: O ElementalOnde histórias criam vida. Descubra agora