EM CHOQUE, ESCANCAREI A PORTA do meu quarto, sobressaltando Claire, que estava sentada à minha escrivaninha, escrevendo algo no papel. Ela se levantou, o lápis na mão e um sorriso no rosto.
– Lembra daquele vestido que eu tinha desenhado? – ela pergunta, ansiosa.
– O "brilhante de ouro"? É claro que lembro. – eu digo, apressada, adentrando no closet, acendendo as luminárias na parede.
Tive a vaga noção de ter ouvido Claire andando até aqui, quando ela abriu uma das portas centrais do armário branco gigante do closet, que continham meus vestidos para ocasiões especiais e abriu o zíper de um que estava coberto por uma capa negra para proteção.
– Então, ele ficou pronto. Fiquei pensando se não seria uma boa você usá-lo na reunião de hoje. – ela disse, segurando o cabide na minha direção.
– É claro, eu só... – perdi a fala quando meus olhos esbarraram no tecido cintilante do vestido. – Ai. Meu. Deus.
– Eu sei! – Claire deu pulinhos de felicidade. – Ficou muito melhor do que imaginávamos! Olha só esse tecido. Eu realmente nunca vi nada e igual e você?
Neguei com a cabeça, ainda extasiada com a beleza do vestido. Ele tinha a parte do busto aberta por um grande decote, e o tecido que cobria os seios eram quase transparente, de cor creme. As finas alças do vestido eram feitas de tiras douradas, que desconfiei serem feitas de ouro puro, talvez até ouro elemental. Mas a saia era o destaque: tinha estampas douradas, com tecidos que reluziam luz do sol e pareciam emanar brilho próprio, além de pequenos globos azuis, imitando as asas de um pavão. O vestido possuía um cinto de metal dourado, em forma de ondas, que subiam em linha reta até virar uma gargantilha de ouro circundando o pescoço de quem o usasse.
– Me ajude a vesti-lo. – pedi, já tirando as roupas molhadas. – Estou atrasada para a reunião, e me deram meia hora para preparar-me. – mais do que feliz, Claire tirou o restante da capa do vestido. – Tenho uma confissão, mas não posso contar muito agora por causa do tempo curto.
Claire ergueu as sobrancelhas claras, mas não disse absolutamente nada enquanto eu entrava no vestido, passando os braços pelas alças com sua ajuda, ouvindo ela destravar o fecho da gargantilha e encaixá-la em meu pescoço.
– Que anel é esse? – ela indagou, segurando-o na mão por pouco mais de um segundo antes de soltá-lo, sacudindo o braço. – Ai! Essa coisa quase queimou o meu dedo!
Engoli em seco, respirando fundo logo depois.
– Eu me casei com Jason duas semanas atrás, no baile de Kilewood West, antes de atentarem contra a minha vida. Ele me deu esse anel hoje, – falei, tirando a corrente de prata do pescoço. – Mas eu surtei, tratei ele mal, - basicamente mandei ele sumir da minha frente - e agora ele está super magoado e frio, fazendo aquela coisa da manipulação que ele usava pra fazer os outros cederem aos seus caprichos. Mas eu não vou cair nessa. Não de novo. – me virei para o espelho e testei minha aparência de cabelo preso. – Acho que um coque básico resolve e você?
– Você está casada?! – Claire berrou.
– Shiu! – exclamei. – Ninguém sabe, ou ninguém sabia, até Jason resolver sair contando pra todo mundo.
Ela arregalou os olhos.
– Todo mundo já sabe e só agora que você me conta? – ela perguntou, furiosa.
– Não, não é bem assim. – revirei os olhos, me sentando na poltrona branca de frente para a prateleira dos sapatos, em busca da sandália de tiras dourada e salto de vidro. – Ele contou para minha mãe.
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Crônicas de Água e Fogo: O Elemental
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