— ESTÁ LINDA, MEU AMOR. — eu disse, ajeitando a saia de seu vestido branco florido mais uma vez, lhe dando um sorriso radiante.
Ameryn me encarou com seus pequenos olhos dourados brilhando, o rosto corado.
— Queria parecer mais com a senhora. — ela disse, abrindo os bracinhos para um abraço.
— Vem pra mamãe. — falei, envolvendo-a junto a mim, sentindo meu coração se aquecer com aquela demonstração de carinho.
Com cinco anos de idade, era claramente notável que Ameryn tinha saído ao pai, exibindo os mesmos cabelos negros e olhos dourados, ao passo que Cameron se parecia mais comigo, os cabelos brancos lhe dando o ar da criança angelical que ele não era.
— Você sabe onde está seu irmão? — indaguei, acariciando suas madeixas negras. — Precisamos encontrar ele, temos que deixá-lo apresentável para a festa.
— Estava cercando os doces. — ela disse, antes de sair correndo em direção à porta com um enorme sorriso. — Tia Aurora! Tia Claire!
Me virei, vendo o exato momento em que Aurora lhe dava um sorrisinho de lado, se abaixando para pegá-la no colo. Claire apertou o narizinho dela, vindo até mim em seguida.
— Viu o Cam? — perguntei.
Ela olhou pra mim com um sorriso de quem sabia das coisas, antes de dizer:
— Cercando os doces. — deu uma piscadela.
— Estou vendo que vou ter que ir atrás desse menino, já que o pai não faz nada. — comentei, indo até a porta, observando Aurora passar a palma da mão na frente do rosto de minha filha, um brisa invisível soprando os cabelos dela, que deu risada.
Sorri, satisfeita, até Claire dizer:
— Mas o Cameron está com o pai.
Arregalei os olhos.
— Quem deixou uma criança cuidando de outra? — questionei, já me preparando para o rombo que haveria na mesa de doces da festa com esses monstrinhos à solta.
— Suponho que você, a criança chefe. — Aurora não podia mesmo perder a oportunidade.
Semicerrei os olhos para ela, pensando em fazer uma piadinha sobre saber do casinho que ela ainda escondia ter com Thomas. Mas como ela sempre ficava na defensiva quando eu tocava no assunto, resolvi deixar para lá.
— Engraçadinha. — murmurei. —Não fiquem no quarto por muito tempo, o Baile já está para começar. — avisei, antes de sair em busca do meu marido e do meu filho.
* * *No fim, encontrei Cameron sozinho na cozinha, o rosto lambuzado de chocolate e o terno todo salpicado de açúcar e granulado.
Ao se dar conta de estar sendo observado, ele ergueu os olhos dourados para mim, as bochechas adquirindo um tom avermelhado quando ele enfiou o restante do chocolate que tinha em mãos na boca todo de um vez.
— Meu Deus, Cameron! Olha o seu estado! — exclamei, puxando ele pela mão.
— Desculpa, mamãe. — ele disse, de boca cheia.
Desculpa, mamãe. Como eu era boba, só de ouvir isso já me batia uma vontade de chorar.
— Está tudo bem, meu principezinho, mas nada mais de doces por hoje. — eu disse, pegando um guardanapo para limpar suas mãos. — E o papai, cadê?
— Estava procurando você. — respondeu, lambendo os dedos que ainda estavam sujos de chocolate.
— E deixou você aqui sozinho? — Jason era tão irresponsável. Que tipo de pai era ele?
— Eu sou um príncipe. — Cameron disse, estufando o peito. — Sei me virar sozinho.
Balancei a cabeça, revirando os olhos. Ele podia até se parecer comigo, mas por dentro era uma personalidade idêntica a do...
— Ah, finalmente encontrei você, Peixinha. — Jason disse, abaixando a cabeça para passar pela porta dos fundos da cozinha.
Cameron soltou um riso, o que sempre fazia quando Jason me chamava pelo apelido na frente dele.
— Mamãe é um peixe bebê. — ele riu consigo mesmo.
Jason deu uma piscadela cúmplice para ele, achando graça do mesmo jeito.
— Sua irmã está com a Tia Aurora e a Tia Claire no quarto da mamãe. — eu disse, pondo a mão em sua cabeça. — Porque você não pede para uma das cozinheiras acompanhar você até lá?
— Só vou se tiver doce. — disse, cruzando os braços.
— Cameron, faça o que a sua mãe está mandando. — Jason olhou para ele, que soltou um suspiro resignado e saiu da cozinha.
— Você está estragando ele. — reclamei. — Entupindo o menino de doces, fazendo todas as vontades, ensinando o seu filho a ficar por aí cercando os doces como se fosse uma criança.
Jason caminhou até mim lentamente, o olhar brilhando com malícia enquanto os meus cintilaram em violeta.
— Quero cercar você agora. — ele disse, me fazendo dar um passo para trás, dando com o quadril na grande mesa de madeira da cozinha.
— Jason, por favor, estou no meio de uma... — ele beijou o canto dos meus lábios.
— De uma? — perguntou, beijando meu queixo.
— De uma... — comecei, antes que ele me beijasse na boca, mordendo meu lábio inferior. Suspirei, passando as mãos pelos seus ombros, me rendendo. — Nem sei mais. — murmurei contra seus lábios, antes de beijá-lo com mais intensidade, sentindo o Fogo despertar em meu ser acordado pelo dele.
— Eu amo você. — ele disse, parando de me beijar. — Feliz aniversário.
— Pensei que não iria me dar os parabéns. — debochei, bagunçando seu cabelo.
— Deveríamos montar um palco e pedir para Aurora nos derrubar de lá novamente. — ele sorriu, acariciando meu rosto. — Seria interessante.
— Seria. — eu concordei, também sorrindo, antes de selar nossos lábios mais uma vez.
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Crônicas de Água e Fogo: O Elemental
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