26: Quanto Vale a Magia

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— QUANDO VOCÊ PLANEJAVA ME contar, — Jason começou, fechando a porta do quarto atrás de si. — Que conseguia controlar o ar?

Abrindo o zíper da jaqueta de couro, suspirei, de costas para ele.

— Eu não controlo o ar, não seja ingênuo. — falei, jogando a jaqueta de lado, soltando o elástico do meu cabelo, que fora amarrado tão apertado que estava dando dor de cabeça. — Eu só... Sei lá, dei um golpe de sorte? Fiz um... Como se chama? Ah, é. Truque.

Jason cruzou os braços, as costas pressionadas contra a porta, os músculos definidos de seus braços evidentes sob o couro.

— Um truque! — ele exclamou, fazendo uma falsa cara de admiração. — Devo dizer então que você já pode ser a atração principal de um circo, com esse talento nato para truques de última hora.

Revirei os olhos, alongando os braços acima da cabeça. Que calor, pensei, antes de me virar novamente para Jason.

— Por que simplesmente não esquecemos o que aconteceu e voltamos de onde paramos? — indaguei, caminhando até ele. — Você fica muito menos rabugento quando está me beijando...

Jason me encarou, um brilho malicioso tomando os seus olhos castanho-claros quando ele enlaçou minha cintura, me puxando para mais perto, meu corpo pressionado com força contra o seu. Seus dedos passearam pela pele nua dos meus braços, pela fina alça da minha camiseta branca até o meu pescoço, me arrepiando com o toque. Erguendo meu rosto em direção ao seu, ele mordiscou meu lábio inferior, fazendo com que eu fechasse os olhos de prazer. Senti algo esquentar dentro de mim, o calor subindo pelo meu corpo de uma forma louca. Abri os lábios para um beijo mais intenso, agarrando seus cabelos negros, sentindo  meu coração bater forte no peito.

Dele.

Abri os olhos, parando o beijo bruscamente. O quê era aquilo?, pensei, arfando. Ao ver a expressão assustada de Jason, dei alguns passos para trás, tentando trazer o ar para os meus pulmões e correndo em direção a varanda, abrindo as portas de vidro, a fim de deixar o vento levar embora a queimação dentro do meu peito. Dele, sussurrava a voz. Olhei para o céu, e vi com terror as nuvens se moverem com velocidade, se tornando negras, trazendo uma tempestade. Era água. Eu a sentia correr por minha circulação, assim como senti o vento dentro de mim sacudir as árvores ao redor do palácio. E quando estas começaram a pegar fogo, eu soube que era eu também.

Uma mão agarra meu braço, e Jason me vira para si, seus olhos encarando os meus, que parecem queimar como fogo que se alastra em meio a um incêndio. A voz sussurra mais forte: dele, dele, dele, dele. Mestre. Mestre. O anel começa a brilhar em meu dedo, queimando minha pele em seguida.

— Ah! — grito, e Jason olha para a minha mão, tirando o anel dela imediatamente. — Minha pele... Está ardendo. O que está acontecendo comigo, Jase?

— Preciso colocar você debaixo d'água. Imediatamente. — ele disse, me erguendo do chão no mesmo segundo. — Vou precisar chamar alguém, Clarely, se a fizer se sentir mais confortável, para despi-la. Precisa ter seu corpo no contato mais profundo possível com água gelada, senão você pode entrar em combustão a qualquer momento.

Não tenho muita consciência do que está acontecendo, apenas sinto meu peito queimar, queimar e queimar. Posso ter um vislumbre das minhas mãos ao redor do pescoço de Jason, e a pele branca está tão vermelha quanto sangue. Não sei se posso aguentar ficar sozinha nesse desespero esperando ele encontrar alguém. Preciso acabar com isso agora.

Crônicas de Água e Fogo: O ElementalOnde histórias criam vida. Descubra agora