51: Dê-me Silêncio e Terei minha Resposta

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Jason

EU NÃO AGUENTAVA MAIS ter que lidar com aquela mulherzinha. Um mês de interrogatório havia se passado e eu só tinha conseguido algumas pistas incompletas, que ela sempre me dava quando percebia que eu estava a uma respiração de acabar com a vida dela.

O que em outra situação, eu já teria feito, se não estivesse desesperado.

Ágata passara todo esse tempo sem dormir nem se alimentar direito; vomitando as tripas de dia e passando as noites em claro. Mesmo quando ela estava dormindo, eu a sentia inquieta, sua Magia tocando a minha por meio de nossa ligação, como se procurando uma mão a qual se agarrar. E assim que eu soube como estender a mão, eu o fiz: o meu Fogo acalentava a magia Elementar dela, deixando-a em um estado de sono induzido. Eu não dormia; estava exausto. Mas vê-la descansar tão serenamente, com a certeza de que não teria nenhum sonho ruim...

Isso bastava para me deixar revigorado.

Até ontem, quando acabei pegando no sono enquanto fazia isso. E acordei com Ágata aos gritos, correndo para o banheiro para colocar para fora tudo o que havia consumido durante o dia e depois ouvi-la chorar como se estivesse sendo torturada e não poder fazer nada.

Como um grande inútil.

Senti meus olhos arderem, o sangue começando a esquentar nas veias, o Fogo lutando para sair e assumir o controle. Cerrei os dentes. Calma.

- Vossa Majestade...

- O quê? - me virei para encará-lo, as chamas obstruindo minha visão desta vez.

O homem pareceu se encolher, antes de responder, trêmulo:

- V-Vossa M-Majestade Elemental, a Rainha, está a-aqui. - gaguejou.

Foi como acender fósforo em cima de combustível: as labaredas alaranjadas se estenderam pelos meus dedos, cobrindo as minhas mãos como garras, querendo se estender atrás de mim como as asas do meu Pássaro de Fogo.

- Quem a deixou descer? - exigi, passando pelo homem como um furacão, a fim de encontrar a minha esposa. - Ela está sozinha?

- N-Não, Vossa Majestade. A Rainha veio com Aurora, Representante do Clã Ar. - respondeu.

- Mas que ótimo. - sussurrei comigo mesmo, andando a passos largos até as portas de ferro que levavam às escadas do Calabouço da Arena, os guardas que as viagiavam quase virando pó sob meu olhar antes de as abrir para mim.

Não precisei olhar por cima do ombro para saber que mais quatro guardas desciam as escadas logo atrás de mim, a escolta de soldados do Ar e da Água que eu deixara responsável por conter qualquer explosão de Magia do Fogo que eu liberasse caso perdesse o controle.

E apesar de estar puto com tudo o que estava acontecendo, eu agradecia interiormente por tê-los encarregado para a função.

Agora além de ter que me preocupar com todo o tempo que eu estava perdendo tentando descobrir alguma coisa de seja lá quem fosse a mulher que havia fingido ser Valerie, eu teria que que lidar com uma Ágata muito irritada, - ela que já andava sensível e estressada, - e com razão.

Os degraus de pedra sob meus pés pareciam não terminar, quando ouvi o tom de voz familiar que fez meu coração parar de bater por um minuto:

Crônicas de Água e Fogo: O ElementalOnde histórias criam vida. Descubra agora