19: Decisões Complicadas e Relacionamentos Confusos

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NÃO ERA MAIS NOVIDADE para meus pais que agora eu e Jason treinávamos antes do sol amanhecer, - e eu tinha que admitir que a palavra treinamento para Jason era a definição de sofrimento para mim. Ele fazia trezentas flexões, duzentos abdominais e cem agachamentos todos os dias, e ainda dizia, como se não fosse nada, que essa era a linha de exercício básico em comparação ao que ele fazia em casa. Meu pé havia voltado ao normal na semana passada e agora eu finalmente fazia mais do que só olhar. Enquanto ele realizava suas atividades básicas de academia, eu me alongava de todas as formas possíveis.

– Assim você tira o meu foco. – ele reclamou, quando eu inclinei meu tronco para baixo a fim de que pudesse esticar meus braços o suficiente para tocar a ponta de meus sapatos sem dobrar os joelhos. – Poderia virar para o outro lado?

Refiz o alongamento na perna direita.

– Por que você não vira para o outro lado? – retruquei.

Ele parou no meio de um abdominal e olhou para mim, sorrindo de lado, os olhos brilhando em pequenas labaredas de fogo.

– Porque daqui a visão é mais bonita, ora. – então deu uma piscadela indecente para mim, voltando ao seu precioso exercício.

Bufei.

– Já chega, Jason. – reclamei. – Já faz algum tempo. Sabemos que algo vai dar errado, temos que nos preparar para quando, investigar a fundo o que está acontecendo bem debaixo do nosso nariz. E para que dê certo, a primeira coisa que temos que fazer é encontrar Thomas. – ele fez uma careta. – Não faça essa cara, sabe que tenho razão.

– Já que a melhor forma de silenciá-la é concordar, então claro que sei, meu amor.

Revirei os olhos.

– Eu sei que se encontrarmos Thomas saberemos de bem mais do que sabemos agora. – eu disse, decidida. – E sei que o meu marido é esperto demais para não ter percebido isso até agora.

Ele parou no ato, um sorriso estampando seu rosto.

– Marido, é?

– É. Marido. – olhei em sua direção, fingindo fazer pouco caso da sua ansiedade, continuando com meus alongamentos com indiferença. – Ou esqueceu tão fácil assim do nosso casamento?

– Nunca. – ele negou com veemência. – Só... Poderia repetir?

– Pelo amor de Deus, Jason, parece uma criança. – suspirei, como se estivesse cansada daquilo. Ah, brincar com ele era tão divertido.  Vendo seu olhar, que se parecia com o de um cachorro abandonado, repeti, tentando, sem sucesso, esconder o sorriso do rosto: – E sei que meu marido, que é você, é esperto demais para não... O que você está fazendo?

Ele se levantava de onde estava, tirando algo do bolso de seu short preto. Ele parou na minha frente, uma pequena caixinha de veludo azul na palma de sua mão. Totalmente pega de surpresa, de  novo.

– Não é oficial, até que seja. – ele sorriu, sem graça. – Não te dei antes porque achei que estava recente demais e que poderia assustá-la. Mas ouvir isso de você faz meu coração muito feliz. Me faz muito feliz. E é uma herança de família. É tradição, desde a criação do Clã do Fogo, que este anel seja passado de geração para geração. Foi dado para mim desde que completei 18 anos, com a missão de achar a mulher certa para ser minha companheira de vida. Carrego-o desde então. É seu agora. – falou, tirando o anel da caixinha e pegando minha mão esquerda para colocá-lo.

Percebi que estava tremendo. Aquilo era demais. Eu sabia que éramos mais que um casal, que estávamos unidos por um laço muito maior do que eu poderia imaginar ter com alguém. Mas me dei conta, assustada, de que era tudo muio real. Agora o anel era mais um lembrete da posse de Jason sobre mim, estava em meu dedo, encaixando-se como se sempre tivesse sido meu. A argola era feita de ouro elementar, e no centro havia uma rosa: as pétalas eram feitas de pequenos rubis, rodeados de esmeraldas, que simbolizavam as folhas, juntando-se no centro a um diamante brilhante.

Crônicas de Água e Fogo: O ElementalOnde histórias criam vida. Descubra agora