45: Semente Plantada

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- PRENDAM-NA IMEDIATAMENTE. - declarou Aurora, a verdadeira Aurora. - Essa bruxa tem perseguido à todos os primogênitos dos Clãs Elementais durante meses, sendo a responsável pelo sequestro de Thomas, por matar meu pai e pela tentativa de assassinato contra mim, na intenção de assumir minha identidade.

As pessoas se entreolharam, boquiabertas com tudo aquilo que estava acontecendo. Eu estava incrédula, só agora sentindo o quão perto estávamos do mal que passara todo esse tempo nos assombrando sem nem ao menos nos darmos conta de que tamanho perigo nos espreitava  bem ao lado.

Jason segurou meu braço, me colocando atrás de si em um gesto protetor, assumindo o controle da situação logo em seguida:

- E onde você estava esse tempo todo? - questionou, encarando a Aurora que eu julgava ser a verdadeira, enquanto os guardas se juntavam ao redor da mulher que estava desacordada no chão, que ao que parecia era na verdade Valerie, uma antiga deusa sem poderes. - Por que não tentou impedir que ela tomasse o seu lugar?

Aurora deu um passo a frente, e Jason mais uma vez colocou o braço entre mim e ela, me fazendo recuar um pouco, porém não de medo, mas sim para poder olhar bem para o rosto dela.

Era igualzinha a Aurora que eu conhecera, tirando pelos cabelos que estavam na altura das orelhas, seu tom prateado combinando com a cor do vestido que usava. As mãos, eu observei, eram as mesmas ruídas e sem esmalte, diferentes da que a impostora usava. E até o modo como falava, em tom imponente e distante, de superioridade, era igual. E os olhos, os olhos eram os que faziam toda a diferença.

Eram a janela da alma.

- Eu estava a beira da morte. - ela continuou, retribuindo o meu olhar. - Achei ter morrido, pude sentir minha magia sendo drenada e vi claramente quando Valerie assumiu a minha aparência física. Pensei que era o meu fim, e eu sinceramente merecia que tivesse sido. Mas não foi.

Olhei de esguelha para Telórius, a fim de ver sua reação. Eu fora bastante clara em nossa última conversa de que queria que ele informasse diretamente para Valerie sobre minha ameaça de guerra. E eu o vi, cercado entre os demais conselheiros dos Clãs. E ele parecia totalmente perdido, encarando a mulher a quem aparentemente vinha servindo durante anos estando desmaiada e cercada no piso frio do salão de reuniões do Palácio da Arena. E ou ele ainda mantinha a cara de pau de fingir não conhecê-la, ou realmente não fazia a menor ideia do que ela vinha planejando semanas a fio.

Aquilo estava bem mais do que estranho.

- Eu acredito em você. - declarei, saindo da proteção de Jason, que pareceu contrariado pela minha atitude. Não me dei ao trabalho de me importar. - Mas preciso de mais explicações.

Aurora assentiu, mas eu percebi o seu comportamento relutante em ter que contar tanta coisa do que lhe acontecera para um público tão grande e repleto de estranhos.

- Eu preciso que neste salão só fiquem presentes a legítima Princesa do Ar, meu marido e eu. - falei, em tom imperativo. - Os demais podem nos deixar à sós.

A maioria das pessoas ficou muito feliz em ir embora, mas é claro que o pai de Thomas, os de Jason e os meus insistiram em ficar. Os guardas que estavam encarregados de cuidar de Valerie a tinham levado, - sob observação cuidadosa da mãe de Thomas, - para alguma prisão isolada e bem longe de nós. Telórius estava quase passando pelas portas de saída, numa tentativa furtiva de sumir de nossas vistas.

O que é claro, eu não permiti.

- Você fica, Telórius. - ordenei. - Precisamos de você aqui também.

Ele parou imediatamente, caminhando de volta para onde estávamos com pesar evidente.

- Não iremos sair. - disse meu pai, ganhando acenos de concordância de todos os outros reis dos Clãs Elementais.

Crônicas de Água e Fogo: O ElementalOnde histórias criam vida. Descubra agora